Amortizar o crédito à habitação é o melhor negócio que vai fazer este ano - TVI

Amortizar o crédito à habitação é o melhor negócio que vai fazer este ano

  • ECO - Parceiro CNN Portugal
  • Luís Leitão
  • 30 jan 2023, 09:24
Casas, habitação, bairro típico, Lisboa. Foto: Tim Graham/Getty Images

A amortização de um crédito à habitação de 150 mil euros a 30 anos potencia hoje ganhos acima dos 5,5% e será maior quanto mais elevado for o spread do contrato

As taxas de juro que servem de base ao cálculo da prestação do crédito à habitação estão a subir há mais de um ano. E estão a fazê-lo a uma velocidade nunca antes vista. A Euribor a 12 meses, por exemplo, passou de valores negativos até março para estar hoje a negociar acima dos 3,3%. Em menos de um ano, a taxa de juro escalou mais de 330 pontos base.

Para as famílias com crédito à habitação, as contas são fáceis de fazer: um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, indexado à taxa Euribor a 12 meses com um spread de 1,2%, apresentava uma prestação de 462 euros em janeiro do ano passado e hoje, após a revisão da taxa de juro no final de dezembro, a prestação subiu 59% para 736 euros.

Para mitigar o impacto da subida das taxas de juro, as famílias podem (e devem) tentar renegociar o crédito à habitação junto do banco através de uma revisão do spread e dos seguros, optar pelo diferimento do capital e/ou alongar a maturidade do contrato. Mas nenhuma solução tem maior impacto no bolso que a amortização da dívida.

Tomando como referência os dados do crédito anteriormente referido e a taxa de juro atual, uma amortização de 20 mil euros significaria uma imediata redução de 98 euros na prestação mensal da casa. Num ano, a amortização de 20 mil euros iria gerar uma poupança de 1.177 euros, o equivalente a investir esse mesmo dinheiro numa aplicação que oferecesse 5,9% líquidos de impostos.

Mas atenção: esta não é uma poupança que se resume a um só ano, mas a todo o contrato. Isto significa que a amortização de 20 mil euros deste crédito à habitação geraria uma poupança superior a 35 mil euros. Não há nada no mercado capaz de oferecer, com tanta segurança, ganhos desta ordem. E o mais extraordinário é que o ganho potenciado pela amortização do crédito não se fica por aqui.

 

Além de a amortização parcial do saldo em dívida permitir diminuir o custo total do empréstimo, uma vez que o valor amortizado deixa de capitalizar juros a favor do banco durante os anos que faltam até à maturidade do contrato, permite também uma considerável poupança com o seguro de vida.

No caso de um casal de 30 anos, com um crédito nestas condições, isso significaria uma poupança no primeiro ano de 28 euros, de acordo com simulações junto da seguradora April, o maior grupo mediador e de corretagem em Portugal. Parece pouco, mas este montante rapidamente escala com o passar da idade, dado que o preço da apólice do seguro de vida está associado tanto ao montante em dívida do crédito à habitação como à idade dos titulares do contrato.

A amortização do crédito à habitação é para muitas famílias o melhor negócio que podem fazer este ano. E não é porque o Governo suspendeu o pagamento da comissão de amortização antecipada do crédito à habitação durante o ano de 2023. Mas porque permite poupanças avultadas no presente e no futuro, sobretudo num período marcado por uma contínua subida das taxas de juro, como muitos antecipam.

No entanto, é muito importante salvaguardar que o dinheiro utilizado para amortizar a dívida não deixa a família desprotegida financeiramente contra a ocorrência de uma qualquer emergência financeira, como uma situação de desemprego.

Para que isso não aconteça é crucial garantir que a saída do dinheiro, para reduzir a dívida ao banco, não deixe as contas descapitalizadas e que fundo de emergência da família continue a ter capacidade para aguentar pelo menos seis meses de despesas fixas do orçamento familiar.

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