Com que idade devem ter telemóvel ou chave de casa? E quando podem sair à noite ou andar de transportes sozinhos? As respostas para a autonomia de crianças e adolescentes - TVI

Com que idade devem ter telemóvel ou chave de casa? E quando podem sair à noite ou andar de transportes sozinhos? As respostas para a autonomia de crianças e adolescentes

  • CNN Portugal
  • CNC
  • 10 jun 2023, 16:00
Crianças e tarefas domésticas

Os pais muitas vezes deparam-se com algumas questões, como por exemplo a altura certa para os filhos terem telemóvel, acesso às redes sociais ou liberdade para irem sozinhos ao supermercado, ou ajudar na cozinha. Não existe apenas uma resposta, mas o segredo para tomar a decisão certa parece estar, em muitos casos, nos próprios filhos

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Os pais questionam-se muitas vezes sobre as idades ou alturas ideais para permitir que as crianças façam determinadas atividades. Quando é altura ideal para usarem o telefone? Ou será que já devo permitir que ande de transportes públicos sozinho? Ou até mesmo será que é uma boa ideia começar a ensinar-lhe como cozinhar?

Não há uma resposta certa, apenas recomendações sobre a necessidade de avaliar a situação e perceber o nível de maturidade e responsabilidade que cada criança tem, apesar de dois pediatras e uma psicóloga entrevistados pela CNN Portugal concordarem que certas atividades devem ser permitidas mais tarde.

Quando devem ter telemóvel?

O telemóvel pode ser uma boa ferramenta de comunicação e serve também frequentemente para tranquilizar os pais, porque se as crianças tiverem algum problema podem imediatamente contactá-los. Além disso, num mundo cada vez mais digital, é recorrente utilizarem esta ferramenta para ouvirem música ou jogarem. Os dois pediatras ouvidos pela CNN Portugal consideram que as crianças só devem ter telemóvel a partir dos 10 anos, sendo que a psicóloga aponta mesmo para os 13.

“Normalmente, o que eu proponho aos pais é: o telemóvel serve para a criança comunicar, mas serve para a criança também ser supervisionada ou controlada. Isso é uma vantagem”, comenta Fernando Chaves, sublinhando que não existe uma idade específica para isso.

Também Manuel Magalhães ressalva que não existe uma idade pré-estabelecida, mas que os pais têm de estar abertos à possibilidade de as crianças terem um telefone. “Têm de se sentir confortáveis e achar que há uma necessidade para tal. Depois, e provavelmente o mais importante, é a criança ter autonomia suficiente para poder tomar conta do seu telemóvel. É uma responsabilidade, portanto, tem de ser uma criança que tenha algum grau de responsabilidade e que perceba a importância e os riscos e benefícios de ter um telemóvel”, afirma.

Também a psicóloga Marta Leite acredita que é necessário levar em consideração o desenvolvimento cognitivo de cada criança, bem como a sua maturidade. “Um telemóvel é algo que está aberto ao mundo, estão todos ligados à internet. Consegue-se facilmente aceder a qualquer tipo de aplicações. Eles não sabem discernir o que é bom ou mau", razão pela qual é necessário conversar abertamente com as crianças e alertá-las para os perigos que existem, sublinha a psicóloga. “Portanto, eu diria que a partir dos 12, 13 anos”, acrescenta.

Há uma idade indicada para terem redes sociais?

Quando falamos em telemóveis, temos inevitavelmente que pensar no acesso às redes sociais. Quando devem as crianças ter permissão para as utilizar? Conseguimos mesmo controlar o que lá fazem? Também aqui é necessário avaliar a maturidade dos mais novos e perceber se estão ou não preparados para enfrentar o tipo de conteúdo que lá existe, apesar de hoje em dia existirem ferramentas como o “controlo parental”. Mas acaba por existir espaço para as comparações entre o que é publicado nestes espaços e a vida real, podendo por vezes levar ao desenvolvimento de problemas de auto-imagem.

“Qual é a maturidade desta criança, mesmo que seja de 13 anos, para saber que nem tudo o que está, por exemplo, no Youtube, é real? As crianças acham que tudo o que está na internet é verdadeiro. E é muito difícil alguém de casa fazer ver a esta criança que as coisas não são reais. Eles não acreditam. Eles acham que é uma coisa nossa, que os pais estão com desculpas”, afirma Marta Leite, frisando que o ideal seria apenas a partir dos 16 anos, mas que esta é uma expectativa que não se adequa à realidade.

“Nós achamos que tudo é como vemos nas redes sociais, os outros é que têm uma vida fantástica, os outros é que têm um corpo fantástico, os outros é que têm muitos amigos, os outros têm muitos mais likes do que eu. As redes sociais têm tanto de bom, como de mau. E tem de haver uma vigilância, não só um controle, mas uma vigilância da parte dos pais”, acrescenta Manuel Magalhães.

“Não é uma questão de idade, é uma questão de compromisso, de responsabilidade. E compromisso com os pais. O que tem de acontecer é uma responsabilização dos pais, mais do que do adolescente, em relação à vigilância. Quando os pais decidem que o adolescente poderá ter acesso às redes sociais, deve haver um compromisso de 'Eu confio em ti, mas tu vais confiar em mim e eu vou ter acesso às tuas redes sociais'”, sublinha o pediatra.

Uma sugestão para os pais, quando essa permissão for concedida, é que sejam estipulados momentos para ir ou não às redes sociais. “As redes sociais podem ser permitidas, mas, por exemplo, às refeições não há telemóveis e conversamos. E se houver este hábito desde cedo, de conversa, de partilha, se calhar vamos conseguir perceber coisas que podem estar a incomodar ou podem não estar a correr tão bem. Portanto, tem de haver um conjunto de regras bem definidas, que não devem ser quebradas. Quando é que pode utilizar, de que forma é que pode utilizar, com quem pode contactar.”

Mesmo que a utilização seja supervisionada, é necessária uma compreensão dos pais sobre o tipo de interações que os filhos têm nas redes sociais. “Os pais não conseguem controlar o que eles fazem o tempo todo. Havendo redes sociais em idades mais jovens, é tentar, de alguma forma, perceber o que aquela criança faz nas redes sociais. Quais são os sites, as páginas mais visitadas, que amigos é que têm? É muito importante também perceber se têm perfis falsos, perfis duplicados, com quem falam nesses perfis”, aconselha, por sua vez, a psicóloga Marta Leite.

Qual a idade para começarem a sair à noite? 

As crianças têm de ter espaço para crescer e aprender e, conforme os anos passam, vão querer fazer atividades que antes não faziam. Nomeadamente, começar a sair à noite e a beber álcool. Os especialistas apontam que este desejo ocorre entre os 15 e 16 anos, às vezes até mais cedo, e que, mais uma vez, tem de ser analisado caso a caso.

“Eu acho que a partir dos 15, 16 anos, mais uma vez, é uma idade que me parece razoável para sair. Obviamente, depende de cada criança. Há crianças mais maduras, que estão mais aptas a saírem sozinhas, e outras não", afirma Fernando Chaves, que sublinha ainda, em relação ao álcool, que o “fruto proibido é sempre mais apetecível" e que, portanto, pode ser uma melhor opção permitir que os adolescentes experimentem bebidas alcoólicas sob supervisão dos adultos, para a situação não ter contornos desproporcionais.

“Eles têm de experimentar. A experimentação faz parte do crescimento da criança e nós temos de dar aos nossos filhos essa possibilidade e essa responsabilidade de experimentarem e dizerem que não gostam. 'Não gosto, não quero'. Se lhes dermos essa permissão, eles vão abrir-se connosco e vão dizer: 'Ótimo, saí e bebi'”.

Em relação ao álcool, a psicóloga Marta Leite deixa também um aviso: “O consumo de álcool já está provado que está associado a baixo desempenho escolar, também a dificuldades de aprendizagem, a algum tipo de dano no desenvolvimento e estrutura das suas capacidades cognitivo-comportamentais e emocionais, e pode causar algumas alterações a nível neurológico, de memória, de aprendizagem e controle de impulsos”. Para os especialistas, é mesmo necessário existir uma compreensão destes riscos por quem queira ingerir álcool.

Usar maquilhagem: qual a altura mais apropriada?

Pode ser também durante a adolescência que começa a despertar o interesse na maquilhagem e nos produtos cosméticos. Também neste caso, a idade aconselhada encontra-se entre os 15 e 16 anos e deve ser feita de forma consciente.

“Cada vez mais cedo, as raparigas começam a ter a sua autoestima e nós também temos de as educar nesta autoestima e temos de, quando é possível, lhes dar um apoio”, afirma o pediatra Fernando Chaves.

Também Manuel Magalhães sublinha que a maquilhagem pode estar ligada a problemas de imagem: "O autoconceito de que a criança precisa daquilo para se sentir bem… Nós temos de mudar essa mentalidade, essa noção de beleza exterior, tão conectada ao que é visível.”

Já a psicóloga Marta Leite afirma que a idade ideal seria aos 16, 17 anos, mas que esta também não é a realidade atual. "Quanto mais se proíbe, mais rapidamente eles vão fazer e mais rapidamente eles vão contrariar os pais e os adultos que estejam responsáveis por eles. Às vezes é mais fácil contornar e, de facto, arranjar-lhes alguns produtos e eles irem pondo. Ou seja, controlar o tipo de cores que usam na maquilhagem, por exemplo. Fazer assim algum tipo de ajustes. Não é agradável, mas minimiza-se aqui o resultado final. Portanto, não é por nós irmos proibir que aquilo não vai acontecer.”

Marta Leite aconselha ainda a que a família encare isto como uma oportunidade de criar uma maior cumplicidade e empatia com os filhos. “Aqui conseguem controlar melhor a situação, porque estão a fazer companhia aos próprios filhos, estão a passear com eles. Estão, de alguma forma, a dizer-lhes que tipo de cores é que ficam melhores. Ou seja, consegue-se criar aqui alguma empatia, conseguem-se criar aqui laços mais fortes e consegue-se aqui de facto criar alguma ligação um bocadinho maior. Alguma cumplicidade. Porque no fundo estão a permitir o uso da maquilhagem e até a darem a sua opinião. Ou seja, não deixam a situação atuar em perfeito descontrole de acordo com a vontade dos adolescentes".

Em que idade podem andar de transportes públicos sem ser acompanhados?

A utilização de transportes públicos pelos mais novos, sozinhos, deve ser ponderada. Para a psicóloga Marta Leite, o ideal seria também que os adolescentes começassem a utilizar transportes públicos sem supervisão a partir dos 15, 16 anos, particularmente devido aos perigos que podem surgir.

“Vai pôr uma criança a andar na rua sozinha, com dez, 11 anos, a andar num transporte público? Ela sabe onde é que vai parar? Sabe como é que vai reagir se se enganar? Distrai-se no telemóvel e vai parar a uma paragem diferente. E depois, acha que ela avisa? Ou por receio não diz nada, ou depois porque nem sequer sabe onde está?”, questiona a psicóloga.

Para Manuel Magalhães, é importante levar em consideração a sociedade em que vivemos e fazer uma avaliação adequada dos possíveis riscos que as crianças podem encontrar. Aos pais e outros educadores, pede-se apenas que considerem se os filhos têm a capacidade para detetar algum comportamento anómalo nos outros. para prever situações de perigo.

“Há países onde as crianças em idade pré-escolar vão sozinhas, a pé, para a escola. É diferente. Depende das cidades, da cultura, das pessoas. Neste momento, em Portugal, não me parece que haja segurança suficiente e, portanto, não posso aconselhar que uma criança vá sozinha para a escola”, comenta. "Então, acho que a mensagem é esta: têm de ter a certeza que os vossos filhos têm a absoluta capacidade de se protegerem, ou de, pelo menos, pedirem ajuda de forma muito imediata e audível”.

Quando devem começar a ir às compras sozinhos? 

O conselho da psicóloga Marta Leite, neste caso, está relacionado com a perceção que os mais novos têm do dinheiro. Se a partir dos 12 anos os pais acreditarem que os filhos têm noções suficientes de dinheiro, então podem começar a pensar em permitir que os filhos vão às compras sozinhos.

“Se aos 12 anos ele consegue estar perfeitamente capacitado para ir sozinho a um supermercado ao fundo da rua, digamos, e vai comprar uma alface, umas cebolas, qualquer coisa e voltar para casa, tranquilo. Se ele já tiver esta maturidade com 12 anos, desde que não envolva muitos transportes, a partir daí já o consegue fazer sozinho”, defende Marta Leite.

“A partir do momento em que eles começam a ter alguma perceção do que é o dinheiro, de que existe um valor de troca de produtos, que efetivamente as coisas têm de se comprar, que uma pessoa tem de trabalhar para conseguir ter determinado bem... A partir do momento em que eles já têm esta perceção, pode até ser beneficial para o desenvolvimento deles, para a sua própria literacia em termos financeiros”, acrescenta Marta Leite, que sugere também que os pais podem e devem fazer algumas brincadeiras com as crianças que envolvam dinheiro.

“Os pais podem fazer pequenas brincadeiras e explicar 'Tens aqui 10 euros, o que consegues fazer? Que compra é que tu consegues fazer com este valor?' e, portanto, estimular também essa perceção”.

Para a psicóloga, o ideal é ir ajustando estas tarefas ou atividades às suas capacidades e idade.

A capacidade das crianças lidarem com o dinheiro e conferirem o troco é também um fator crucial para Manuel Magalhães, sendo que, dependendo de cada caso, poderão existir crianças com a capacidade de irem ao supermercado sozinhas a partir dos 10 anos de idade.

Há uma idade ideal para começarem a ajudar na cozinha?

O desejo de cozinhar deve ser fomentado desde pequenos, mas sempre com supervisão. “Acho que cozinhar, não como uma necessidade nutricional, mas sim como uma arte, se a criança gosta, deve ser incutida desde cedo”, comenta Fernando Chaves, alertando também para a necessidade de esclarecer as crianças que existem alguns cuidados que devem sempre tomar.

Também para Marta Leite, desde que exista a supervisão necessária, podem começar cedo. No entanto, é necessário pensar que tipo de refeições as crianças querem fazer, porque, nesse caso, a idade pode, eventualmente, vir a mudar e a ser também condicionada pela estatura. “Se nós estivermos a falar de fazer um bolo, aos cinco anos já conseguem perfeitamente estar a misturar a farinha com açúcar, por exemplo. Se estivermos a falar em cozinhar à séria, fazer um arroz, fazer um bife, por exemplo, no fogão, aí eu já apontaria mais para 12, 13 anos e, claro, atendendo também à altura deles”.

A perceção dos adultos dos perigos que existem na cozinha nem sempre é registada a nível consciente, muitas vezes estes perigos já estão interiorizados, no entanto, este não é o caso para os mais novos. “Nós olhamos para o MasterChef Kids e vemos crianças pequeníssimas a cozinhar e está tudo bem. Mas a verdade é que um bebé não deve entrar na cozinha quando estão coisas quentes no forno ou no fogão a cozinhar. Há riscos. Nós achamos sempre que não há, mas eles existem. Todos os meses temos crianças com queimaduras, independentemente de serem mais ou menos graves, mas uma queimadura deixa marcas. Não precisa de ficar internado nem nada, mas já é grave o suficiente, porque fica a marca. E os pais também não esquecem”. Manuel Magalhães afirma que, se existir uma supervisão, as crianças podem começar a ajudar em algumas tarefas simples na cozinha, como por exemplo amassar a massa da pizza.

“A partir dos 6 anos, que é mais ou menos quando entram para o primeiro ano, começam a ter alguma curiosidade e capacidade de entendimento. Começam a ter um tipo de raciocínio abstrato e a perceber coisas para além do concreto, a fazer associações que não são imediatas, indiretas. E começam a ter mais responsabilidade. Provavelmente, a partir dessas idades, mas com supervisão. Uma criança com seis ou sete anos não tem a destreza suficiente para pegar numa coisa quente. Então, tem de ser com supervisão”.

Qual a melhor altura para incentivar a leitura?

A leitura deve ser incutida desde tenra idade, não só como atividade que serve para conectar os pais aos mais pequenos, mas também para estimular mais tarde o desejo das crianças de lerem por si próprias.

Um estudo realizado na Universidade de Melbourne, Austrália, em 2016, avaliou as capacidades linguísticas de 104 crianças antes de começarem a andar na escola e descobriu que, nos casos em que a leitura de livros começava mais cedo, não só havia um ambiente de literacia familiar positivo, como também se favorecia o desenvolvimento linguístico das crianças.

Para Marta Leite, a leitura deve começar muito cedo, antes de as crianças começarem efetivamente a ler.

“Será sempre muito mais benéfico se os pais tiverem tempo, disponibilidade e capacidade para conseguir, por exemplo, ler-lhes uma história à noite. Novamente, vai criar maior cumplicidade, mas também tem sempre benefícios cognitivos. E estão já a estimular a questão da leitura, o contacto com os livros, porque se o pai ou a mãe estão em contacto com o livro, 'então é uma coisa que eu também tenho curiosidade em fazer, deixa-me ver o que é aquilo, se é interessante ou não'", sublinha Marta Leite.

“A pergunta que eu faço sempre, quando vejo miúdos a acabar o primeiro ano, é: “Então que livro é que já leste?” Só para perceber exatamente a estimulação. Há uma série de livros adaptados de fácil leitura. Acho que as crianças devem ser habituadas a ler. Ler em iPads ou em Macbooks não é a mesma coisa. A sensibilidade que uma pessoa tem de folhear a página, de sentir, de dobrar, de marcar, acho que é uma coisa que não se deve perder com os anos. Por isso, acho que a partir da altura que saibam ler, devem ser estimuladas as leituras, logo e imediatamente”, garante Fernando Chaves.

“Vou dizer o que digo sempre aos pais. 'Não lhe passa pela cabeça meter o seu filho a dormir sem lhe dar de jantar, pois não?' Aí, dizem, 'Ai não, claro que não'. 'Então, não lhe pode passar pela cabeça meter o seu filho a dormir sem ler uma história'. É tão importante uma coisa como a outra”, frisa Manuel Magalhães.

Quando devem ter chave de casa?

As chaves de casa são vistas pelos especialistas como um símbolo de responsabilidade e maturidade, sendo que a partir dos 12 ou 13 anos os pais podem e devem começar a ponderar essa possibilidade.

A atribuição da chave de casa é, para Marta Leite, "um enorme símbolo de responsabilidade". "É a entrada em casa, é o poder facilitar essa chave a terceiros, é saberem quem é que vão levar para dentro de casa. Eu diria que por volta dos 14, 15 anos, no caso deles já terem alguma autonomia, porque sabemos que hoje em dia têm. Mas nunca antes dos 12, 13 anos”.

Também para Manuel Magalhães, é importante que as crianças tenham alguma responsabilidade antes de terem uma chave. “A partir do momento em que têm alguma responsabilidade, em que sabem os riscos, reconhecem e conseguem identificar perigos. Portanto, talvez a partir dos 13 anos”, concorda.

Qual a melhor fase para os colocar na creche?

Sobre a altura indicada para a entrada no infantário, Manuel Magalhães aponta para a partir dos dois, três anos, se houver essa hipótese. Fernando Chaves concorda.

“Acho que a criança deve ir para o infantário, se houver essa possibilidade da parte dos pais, a partir dos 3 anos. Antes, os miúdos não fazem nada no infantário. A criança estimulada em casa, até aos três anos, não brinca entre pares. Brinca sozinha. O melhor brinquedo que podem dar a uma criança até aos três anos é o adulto da casa”, afirma Fernando Chaves.

Já a psicóloga Marta Leite admite que, se existir a possibilidade de as crianças estarem com os avós ou os pais até mais tarde, essa é uma boa opção, pois a proximidade diária vai fomentar a criação de laços afetuosos entre as crianças e os adultos. No entanto, se não existir essa possibilidade, a creche também é uma ótima opção.

“Se não tiverem esse apoio parental ou familiar, então aí diria que sim, seria mais benéfico estarem na creche. Mas vai depender da disponibilidade dos pais, daquilo que conseguirem fazer. Se tiverem disponibilidade para estar com eles algum tempo, excelente. Se não tiverem, então efetivamente devem ir para a creche”, explica.

Manuel Magalhães reconhece que as crianças vão cada vez mais cedo para os infantários porque muitas vezes os pais não têm a possibilidade de estar com elas. “Se vivêssemos num mundo perfeito, as crianças deviam ir para a creche entre os dois e três anos. O que é que se sabe em termos de neurodesenvolvimento? Antes dos 2 anos, não há benefício nenhum no contacto de pares. Ou seja, a socialização entre crianças mais ou menos da mesma idade não tem benefício nenhum para o seu desenvolvimento. Tem mais benefício se ficarem com um adulto que seja familiar. Pode não ser um membro da família, mas que seja um adulto responsável, e com uma ligação forte à criança, e que desenvolva, puxe pela criança, desenvolva a criança, etc. Da mesma forma que, depois dos 3 anos, não se deve deixar passar muito tempo até à colocação na creche, porque a socialização entre pares é essencial. Portanto, eu pessoalmente costumo dizer para entrarem no setembro dos 2 anos”, conclui.

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