Ronaldo não provocou desvalorização bolsista da Coca-Cola - TVI

Ronaldo não provocou desvalorização bolsista da Coca-Cola

Gigante americana teve de facto um mau dia na bolsa, mas a maior queda foi antes do gesto do internacional português e estará relacionada com um anúncio relacionado com a distribuição de dividendos

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Uma notícia com origem em Espanha e que teve ampla divulgação em Portugal, e um pouco por toda a Europa, dava conta do facto de Cristiano Ronaldo ter provocado enorme perdas bolsistas na gigante Coca-Cola com o gesto na conferência de imprensa antes do jogo com a Hungria.

Recorde-se que o capitão da Seleção Nacional não gostou de ver duas garrafas da marca americana em cima da mesa, afastou-as da imagem e disse às pessoas para beberem água.

Ora segundo as notícias, este gesto de Ronaldo teria provocado uma queda 1,6 por cento no valor das ações da marca, o que corresponde a uma desvalorização de quatro mil milhões de dólares.

O Maisfutebol foi ver, com ajuda de Filipe Garcia, analista da IMF, a evolução do valor das ações da Coca Cola ao longo do dia de ontem e percebeu que é completamente errado associar o gesto de Ronaldo à queda das ações. Até porque a desvalorização de que se fala já vinha muito de trás.

Antes de mais é necessário perceber que o gesto de Cristiano Ronaldo foi às 14.43 horas. A bolsa de Nova Iorque, onde a Coca-Cola está cotada, abriu pouco antes, às 14.30 horas de Portugal. Nessa altura, aliás, já abriu em queda, com um valor bastante inferior ao de fecho na sexta-feira.

As ações fecharam na sexta-feira a valer 56,1 dólares e abriram a valer cerca de 55,7 dólares na segunda-feira. Poucos minutos depois, aliás, já tinham caído para 55,4 dólares.

Como se pode ver no gráfico que se segue, às 14.45 horas de Portugal já estavam a valer apenas cerca de 55,3 dólares.

Gráfico Refinitiv

Nos minutos seguinte ao gesto de Ronaldo, aliás, a variação é praticamente inexpressiva, havendo uma manutenção do título basicamente em linha com os valores do momento do gesto do português.

A grande queda tinha sido antes, no início da sessão, antes de Ronaldo entrar na sala de imprensa, sendo que, para além disso, a partir das 19.30 horas de Lisboa, as ações até têm uma ligeira recuperação.

Gráfico Refinitiv

Ora o facto de as ações da Coca Cola ter aberto a sessão de segunda-feira em baixa e terem perdido, ainda antes de Ronaldo entrar na sala de imprensa, 1,4 por da cotação, tem para Filipe Garcia uma explicação bastante lógica.

«As ações da Coca cola deixaram de dar direito a um dividendo de 0,42 dólares precisamente no dia 14 de junho. Ou seja, como as acções adquiridas a partir do dia 14 não têm direito a receber o dividendo, a descida cotação na abetura da sessão de segunda-feira não foi mais do que o ajuste a essa situação»

Nesse sentido, é incorreto associar o gesto de Cristiano Ronaldo na conferência de imprensa à queda bolsista da Coca-Cola, mesmo que não muito expressiva, durante o dia de ontem.

«Não obstante isso, há que admitir que o gesto teve repercussão mediática fora da esfera ibérica junto da comunidade financeira. Daí retirar ilações sobre a comportamento da cotação bolsista da empresa, sobretudo no dia de ontem, é impossível», completa Filipe Garcia.

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