A Câmara Municipal de Lisboa garantiu à CNN Portugal que "não vai fazer obras para tapar o Monumento de Evocação do 25 de Abril" do escultor João Cutileiro, localizado no Parque Eduardo VII, após a polémica dos últimos dias, na sequência de uma reportagem da SIC Notícias. No entanto, explica que está a "realizar uma intervenção de conservação e restauro de alguns dos elementos constituintes da peça".
Questionada sobre a possibilidade de estar a preparar-se para tapar o monumento em vésperas da realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a autarquia garante que a intervenção foi decidida por questões de segurança, uma vez que três das peças que constituem o monumento se apresentavam "em muito mau estado de conservação" e que, tendo em conta que o Parque Eduardo VII é um dos locais onde vai ser realizada a JMJ, é necessário "garantir a segurança do monumento durante a montagem e desmontagem da estrutura do palco da Jornada".
"O monumento é constituído por um obelisco, duas colunas de configuração clássica e um elemento representando um cravo. Estas três últimas peças apresentavam-se em muito mau estado de conservação, com uma multiplicidade de patologias nos materiais pétreos. Devido à oxidação dos espigões estruturais internos, os elementos que compõem as duas colunas frontais e o cravo encontravam-se profundamente fraturados, com visíveis e perigosas deslocações dos seus componentes", esclarece a autarquia à CNN Portugal, que acrescentando que, "neste momento, essas peças já não estão no local: foram desmontadas, encontram-se em restauro e serão recolocadas conforme o original após a desmontagem do palco".
A Câmara de Lisboa garante ainda que "em nenhum momento foi equacionada a desmontagem do monumento para a instalação do palco da Jornada Mundial da Juventude".
"O posicionamento do palco sempre foi pensado à frente da escultura e a intervenção que está a ser realizada visa o seu urgente restauro, dado o seu estado de degradação, que era preocupante. O monumento, que neste momento não se encontra completo dado que alguns dos seus elementos foram retirados para restauro, será coberto e protegido com manta geotêxtil onde necessário, à semelhança de outros casos, nomeadamente a estatuária existente na Avenida da Liberdade na área afetada pela obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa", acrescenta a Câmara de Lisboa, que garante que todo o processo foi articulado com a família do escultor João Cutileiro.
Várias fotografias divulgadas nas redes sociais do Monumento de Evocação do 25 de Abril mostram que a estátua se encontra incompleta, mantendo-se apenas no local o obelisco que é considerado por muitos uma peça com a forma fálica.
A Câmara Municipal adianta ainda que para além da obra de João Cutileiro, que foi inaugurada a 25 de abril de 1997, também as Torres Monumentais no Alto do Parque Eduardo VII estão a ser objeto de intervenção tendo em vista a sua proteção, de acordo com parecer do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, e que ambas as intervenções se destinam "a proteger as obras".
Nas redes sociais foram muitas as reações de incredulidade perante a possibilidade de a estátua de João Cutileiro ser tapada para que não pudesse ser visível durante a Jornada Mundial da Juventude, em agosto, que trará o Papa a Portugal.