A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, considerou esta quinta-feira intolerável e um absurdo o desperdício alimentar, com cada português a desperdiçar por ano 183 quilos de alimentos.
Quando se assinala o Dia Mundial de Consciencialização sobre Perdas e Desperdício Alimentar, falando numa conferência sobre o tema, em Lisboa, a responsável lembrou as estatísticas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística para dizer que a situação “é pior do que se suspeitava”.
Os dados, oficiais e pela primeira vez divulgados, referem-se a 2020 e indicam que nesse ano foram desperdiçadas em Portugal 1,89 milhões de toneladas de alimentos, pelo que cada português desperdiçou em média 183,6 quilos de alimentos.
As estatísticas do INE revelam que são as famílias que mais desperdiçam. Os números indicam que mais de 1,2 milhões de toneladas de alimentos foram nesse ano desperdiçadas pelas famílias, seguindo-se a restauração, com mais de 237 mil toneladas, o comércio e distribuição, com 214 mil toneladas, a produção primária, mais de 101 mil toneladas, e a indústria alimentar, com cerca de 61 mil toneladas.
“Compramos demasiado, compramos mal, deixamos estragar. Não é admissível que um terço do que é produzido acabe no lixo”, disse a responsável, que falava num debate organizado pelo Movimento Unidos Contra do Desperdício.
Ana Cristina Carrola, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que também participou no debate, salientou que a média de desperdício por ano e por habitante, na União Europeia, é de 173 quilos, abaixo dos 183 quilos que os portugueses desperdiçam.
“É inconcebível nos dias de hoje”, lamentou.