O que Christian Eriksen aprendeu sobre a vida depois de sofrer uma paragem cardíaca a jogar pela Dinamarca - TVI

O que Christian Eriksen aprendeu sobre a vida depois de sofrer uma paragem cardíaca a jogar pela Dinamarca

  • CNN
  • Thomas Schlachter e Amanda Davies
  • 21 mai 2023, 14:00
Eriksen regressou aos relvados e foi um dos protagonistas da Dinamarca no mundial do Catar. Foto: Justin Setterfield/Getty Images

O médio de 31 anos está de volta aos relvados, assinou contrato com um dos maiores clubes de futebol do mundo e representou o seu país no Campeonato do Mundo de 2022

A 12 de Junho de 2021, o dinamarquês Christian Eriksen desmaiou no canto do campo durante um jogo do Campeonato da Europa contra a Finlândia. Enquanto os seus companheiros de equipa o rodeavam, de braço dado, protegendo-o dos olhares do mundo, os médicos começaram a trabalhar para salvar a vida do médio.  

"Bem, o que é que hei de dizer? Ele estava a morrer. Realizámos manobras de ressuscitação cardiopulmonar. E foi uma paragem cardíaca. Quão perto estivemos de o perder? Não sei", disse Morten Boesen, médico da equipa dinamarquesa, no dia seguinte. 

À medida que Eriksen se aproxima do segundo aniversário do momento que mudou a vida dele, o médio de 31 anos está de volta aos relvados, assinou contrato com um dos maiores clubes de futebol do mundo e representou o seu país no Campeonato do Mundo de 2022. 

Mas este encontrão com a morte tornou Eriksen notoriamente filosófico e pensativo – talvez compreensivelmente – sobre a vida e viver. 

"Aprendi que, mesmo depois de um mau momento, há sempre um momento seguinte em que tudo será diferente", disse Eriksen a Amanda Davies, da CNN Sport, e co-apresentadora dos prémios Laureus, depois de receber o prémio Regresso do Ano nos prémios de desporto Laureus, em Paris. 

"Uma das primeiras frases que ouvi foi que mesmo que nos sintamos bem, vamos sentir-nos mal, e vamos voltar a sentir-nos bem. Vai haver altos e baixos – o tempo é o teu melhor amigo." 

Quando o médio desmaiou na primeira parte do jogo da Dinamarca contra a Finlândia no Euro 2020, ninguém sabia se voltaria a jogar futebol profissionalmente. 

"Aquilo que já vi até agora, é que todos têm a sua própria história, há todos os tipos de contratempos diferentes em todos os desportos", acrescentou Eriksen. 

"O que eu tive foi obviamente grave, mas mesmo assim fez-me querer voltar a jogar futebol e, obviamente, receber agora este prémio."

Eriksen desmaiou no relvado no jogo da Dinamarca contra a Finlândia durante o Europeu de 2020. Foto: Friedmann Vogel/AFP/Getty Images

"Provavelmente estou ainda mais relaxado" 

Depois de ter sido assistido no relvado com um procedimento que lhe salvou a vida, Eriksen colocou depois um Cardioversor desfibrilhador implantável (CDI) – um tipo de pacemaker destinado a evitar paragens cardíacas fatais, descarregando um choque para restaurar o ritmo cardíaco regular. 

O Inter de Milão, clube da primeira liga italiana com o qual Eriksen tinha contrato na altura do incidente, disse-lhe que seria autorizado a mudar-se para o estrangeiro para poder prosseguir a sua carreira futebolística, não podendo o médio jogar em Itália a menos que o dispositivo CDI fosse retirado. 

Eriksen começou a treinar com o antigo clube Odense Boldklub na Dinamarca, afirmando que o seu coração "não era um obstáculo" às suas ambições de regressar ao futebol e de jogar no Campeonato do Mundo de 2022 no Catar. 

Eriksen juntou-se ao Brentford, clube da Premier League, numa transferência gratuita em Janeiro de 2022. Depois de seis meses de "trabalho árduo" e 259 dias após a sua paragem cardíaca, Eriksen disputou um jogo da liga inglesa pelo clube londrino contra o Newcastle United. 

Em Julho de 2022, Eriksen assinou um contrato de três anos com o Manchester United, naquela que foi outra transferência gratuita. 

Mas, após o ataque cardíaco, Eriksen não tinha a certeza se queria continuar a sua carreira no futebol profissional. 

"Sim, na altura em que o disse [que queria deixar o futebol], parecia óbvio quando se tem um ataque cardíaco, e muitas coisas acontecem, e é preciso implantar um CDI, etc", explicou Eriksen. "Mas, na altura, também sabia que, se pudesse jogar futebol, queria voltar, mas queria fazê-lo da forma mais segura possível." 

Eriksen diz que "continua a ser a mesma pessoa", acrescentando que "penso que os colegas de equipa dirão o mesmo. Provavelmente, estou ainda mais descontraído do que estava antes". 

"Provavelmente descobri que o futebol é a vida, mas não é assim tão importante. Não há muitas outras coisas que sejam mais importantes na vida, mas o futebol, claro, é uma coisa importante. Eu estou apenas a dar um passo de cada vez."

Eriksen alinha agora pelo gigante Manchester United. Foto: Naomi Baker/Getty Images

O desempenho de Eriksen em Manchester foi suficientemente bom para lhe valer um lugar na equipa da Dinamarca no Campeonato do Mundo de 2022, o seu principal objetivo ao regressar ao futebol. 

"Foi muito, muito especial", recorda Eriksen sobre a sua passagem pelo Catar. "O objetivo do meu regresso era poder participar no Campeonato do Mundo. Obviamente, na altura não pensei que iria ser titular e jogar como joguei no Campeonato do Mundo." 

De acordo com a estrela da Dinamarca, a equipa no Catar estava mais unida do que nunca após o incidente. 

"Acho que a nossa ligação com a equipa nacional já era muito forte antes, mas definitivamente isso ajudou-os a ficarem ainda mais unidos", explicou o médio. 

"Desde que voltei à equipa, sinto que o ambiente, que já era bom antes, está ainda mais unido, porque eles passaram por algo juntos que foi realmente um momento difícil, mas eles conseguiram trabalhar e superar isso de uma forma positiva." 

A equipa dinamarquesa teve uma campanha dececionante no Campeonato do Mundo do Catar, mas a história do regresso de Eriksen vai perdurar por muito mais tempo do que a eliminação na fase de grupos.

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