"Trata-se de um posto de comando nuclear". Avião oferecido pelo Catar a Trump pode ser um risco de segurança - TVI

"Trata-se de um posto de comando nuclear". Avião oferecido pelo Catar a Trump pode ser um risco de segurança

  • CNN Portugal
  • PF
  • 13 mai, 18:08
Donald Trump

Esta segunda-feira, Donald Trump disse que seria "estúpido" recusar a oferta catari, mas o presente levanta algumas questões éticas e práticas

O Boeing 747-8 que o governo do Catar pretende oferecer à administração Trump pode vir a revelar-se um problema de segurança para o executivo americano, avança o The Washington Post, que cita antigos responsáveis governamentais e militares dos EUA.

Uma das preocupações é a contraespionagem. “Teríamos de ter a certeza de que ninguém tinha colocado escutas no avião”, disse Frank Kendall, antigo secretário da Força Aérea Americana.

A outra grande dor de cabeça prende-se com preparar o avião para cumprir os requisitos necessários de um Air Force One, algo que levaria anos e custaria milhares de milhões de dólares, de acordo com os atuais e antigos responsáveis governamentais americanos citados pelo Washington Post.

“Trata-se de um posto de comando nuclear. Tem de ter capacidade de segurança a vários níveis”, sublinhou um dos responsáveis, sob anonimato.

"Teríamos de desmontar o avião até ao esqueleto e voltar a montá-lo. A segurança de cada componente individual é muito importante”, referiu o antigo agente dos serviços secretos Mac Plihcik, que trabalhou para Barack Obama.

O também ex-agente dos serviços secretos americanos Paul Eckloff, que trabalhou durante a primeira administração Trump, afirma que um avião oferecido por um governo estrangeiro seria vistoriado com ainda maior rigor do que habitualmente.

"Vão percorrer o avião centímetro a centímetro e dizer: 'Será que esta porca pertence aqui, será que este parafuso pertence aqui?'", explicou Eckloff.

Esta segunda-feira, Donald Trump disse que seria “estúpido” recusar a oferta catari.

“É um gesto simpático do Catar. Estou muito grato. Não sou o tipo de pessoa que recusa uma oferta destas. Poderia ser uma pessoa estúpida e dizer 'Não, não queremos que nos deem um avião muito caro'”, disse o presidente dos EUA, que deverá passar pelo Catar brevemente durante a sua visita ao Médio Oriente.

O presente levanta a questão de potenciais conflitos de interesses, uma vez que a Constituição dos Estados Unidos proíbe expressamente os funcionários de aceitarem presentes “de um rei, príncipe ou Estado estrangeiro”.

Referindo-se a esta regra constitucional, os senadores democratas denunciaram a oferta, afirmando que “cria um claro conflito de interesses, levanta sérias questões de segurança nacional, convida à influência estrangeira e mina a confiança do público no Governo” dos Estados Unidos.

“Esta semana, vamos pedir ao Senado [câmara alta do parlamento norte-americano] que vote para reafirmar um princípio básico: ninguém deve usar o serviço público para enriquecer pessoalmente através de presentes estrangeiros”, anunciaram os senadores democratas Cory Booker, Brian Schatz, Chris Coons e Chris Murphy, todos membros da comissão dos Negócios Estrangeiros, numa declaração conjunta.

Murphy prometeu mesmo bloquear qualquer futura venda de armas a um “país que tenha negócios pessoais diretos com Trump”.

Questionado por um jornalista, Donald Trump garantiu que não iria utilizar o avião para fins pessoais após o final do mandato, como noticiado na véspera pela ABC News.

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