Fome e contestação
Texto e entrevistas por: Élvio Carvalho
Há mais de dois meses que os protestos (a maioria violentos) são diários na Venezuela. Os manifestantes exigem eleições, ou pelo menos a saída de Nicolás Maduro da presidência do país.
De mãos dadas com uma crise económica profunda, cresceu no país uma crise política com contornos que lembram regimes ditatoriais do século passado. A Venezuela chegou ao ponto de ebulição e, agora, os cidadãos querem mudança, depois de anos de declínio.
Para entender a recente história da Venezuela é preciso regressar a 2013, ano da morte de Hugo Chávez e eleição de Nicolás Maduro. A margem que lhe deu a presidência foi curta e desde logo começou a contestação da oposição, que acusava os partido de Chávez e Maduro de destruir o país a nível económico e de ignorar as altas taxas de criminalidade - que já levavam milhares para as ruas em protesto.
Em 2014, devido à dependência do país da venda de petróleo (representa a maioria das receitas do Estado), cujos preços começaram a cair, a Venezuela foi atirada para uma recessão profunda sem precedentes. O Governo deixou de ter receitas para comprar produtos ao estrangeiro e para subsidiar programas sociais, como acontecia na primeira década deste século.
Começam a escassear produtos básicos, alimentos e medicamentos, o que só veio agravar a tensão social e as taxas de criminalidade. Muitos dos apoiantes de Maduro começaram a mudar de lado.