Quatro anos depois de ter começado, a investigação Operação Marquês chegou finalmente ao fim.
Nunca antes em Portugal um ex-primeiro-ministro tinha sido detido, tinha estado em prisão preventiva ou tinha sido acusado de corrupção.
Quatro anos depois de ter começado, a investigação Operação Marquês chegou finalmente ao fim.
Nunca antes em Portugal um ex-primeiro-ministro tinha sido detido, tinha estado em prisão preventiva ou tinha sido acusado de corrupção.
O filme da noite em que foi detido o antigo primeiro-ministro, a 21 de novembro de 2014
Tudo começou com uma investigação a Carlos Santos Silva, apanhado noutro processo mediático, a Operação Monte Branco, por suspeita de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Em pouco tempo, alguns indícios suspeitos levaram o Ministério Público a requerer a um juiz que José Sócrates fosse escutado.
A investigação descreve detalhadamente como funcionaria o esquema entre José Sócrates e o suposto "testa-de-ferro" Carlos Santos Silva.
Descobrem-se mais de 23 milhões de euros na Suíça. Os investigadores suspeitam que sejam do ex-primeiro-ministro. Do fim para o princípio, procuram a origem de tão elevado valor.
Há uma conta do empresário amigo de José Sócrates que chamou em especial a atenção dos investigadores.
Por esta conta aberta no BES, passaram, em dois anos, mais de 17 milhões e meio de euros, com uma particularidade: a conta está em nome de Carlos Santos Silva, mas, segundo o Ministério Público, servia apenas para pagar despesas de José Sócrates.
Os arguidos rejeitam que o dinheiro pertença ao ex-governante e falam em empréstimos.
A teoria do Ministério Público
A investigação começa no Grupo Lena, segue-se o empreendimento turístico de luxo no Algarve de Vale de Lobo e, por fim, a PT.
E é aqui que entra o ex-banqueiro que ficou conhecido como o “Dono Disto tudo”, Ricardo Salgado.
Para a investigação, tudo o que aconteceu foi a pedido dos desejos de Ricardo Salgado e dos interesses do Banco Espírito Santo.
E José Sócrates não terá sido o único a receber contrapartidas.
Ministério Público acredita que o ex-patrão do BES distribuiu "luvas" para manter influência na PT. O dinheiro serviria para subornar José Sócrates, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, entre outros. No interrogatório, Ricardo Salgado comentou: "Isto foi o diabo"
“Eu sou um bocado bicho-do-mato, o tal saloio de Mação. Um tipo que tem uns créditos hipotecários, tem que trabalhar para os pagar, não tem dinheiros em nomes de amigos, não tem contas bancárias em nomes de amigos e até desse ponto de vista não tem amigos”
Carlos Alexandre, 8 de setembro de 2016, em entrevista à SIC
Dez empresas de Santos Silva conseguiram 426 contratos com o Estado, entre novembro de 2008 e janeiro de 2015.
A maioria por ajuste direto. Foram 115 milhões en contratos públicos.
O processo terminou com 32 arguidos: 22 pessoas e 10 empresas.
A maioria dos visados optou pelo silêncio, deixando para os advogados o papel da defesa. Todos recusam as suspeições levantadas.
Na verdade, apenas José Sócrates fez várias declarações públicas, deu várias entrevistas e permaneceu, sempre que possível, na luz da ribalta.
A 14 de dezembro de 2015, deu uma longa entrevista à TVI onde se queixou da falta de acusação e lançou a suspeita do processo servir para prejudicar o PS
José Sócrates passou a ter um canal no YouTube, onde vai fazendo a sua defesa na Operação Marquês.
O Ministério Público acredita que muitos foram comprados pelo próprio, num esquema que até terá envolvido até deputados socialistas
O Ministério Público acabou por deduzir acusação contra 28 arguidos, 19 pessoas singulares e 9 pessoas coletivas.
José Sócrates está acusado de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documento e três crimes de fraude fiscal qualificada.
Ricardo Salgado está acusado de um crime de corrupção ativa de titular de cargo político, dois crimes de corrupção ativa, nove de branqueamento de capitais, três de abuso de confiança, três de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada.
Os arguidos João Abrantes Serra, Joaquim Paulo da Conceição e Paulo Lalanda e Castro não foram acusados, assim como a empresa Rentlei – Automóveis e Turismo SA.