Grécia «tem de sofrer consequências» - TVI

Grécia «tem de sofrer consequências»

Alemanha quer Atenas dentro do euro, mas avisa que, qualquer que seja a decisão «não há um caminho fácil» para o país

À margem de uma reunião do Eurogrupo que se espera crítica, numa altura em que a Grécia está mais próxima do desgoverno, de novas eleições e quiçá de uma saída do euro já em junho, a Alemanha avisou que «é indiscutível que o povo grego tem de sofrer as consequências de décadas de negligência. Não há um caminho fácil para a Grécia independentemente do resultado final».

São as palavras do ministro alemão das Finanças. Wolfgang Schaeuble, apontado para próximo presidente do Eurogrupo, refere que «não se trata de ser generoso no que diz respeito à Grécia» mas «sobre o que é defensável e credível do ponto de vista económico», cita a Reuters.

Schauble apelou a Atenas para ficar na Zona Euro, argumentando que a saída iria provocar uma desvalorização incapacitante, embora tenha sinalizado que esse cenário seria administrável. Já na semana passada, tinha dito que a Zona Euro suportaria uma saída da Grécia da moeda única.



Basicamente, agora, «resta-nos apenas esperar que os gregos tomem a decisão certa», apontou, desta feita citado pela Bloomberg. «Se optarem por sair, «teremos que reagir de modo a assegurar que as consequências são tão contidas quanto possível».

A ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter, lembrou por sua vez que «quem deu o dinheiro» a Atenas «quer que as condições sejam cumpridas». É um contrato europeu que está em causa. Maria Fekter disse ainda, sobre Espanha, que o país «está a ultimar um grande pacote de reformas sobre seus bancos e congratulamo-nos com isso».

Uma declaração corroborada pelo próprio ministro da Economia do país vizinho. Luis de Guindos disse que «Espanha tomou todas as medidas adequadas. Vamos fazer o que temos de fazer e voltar à estabilidade e crescimento. O que precisamos agora é a cooperação de toda a Zona Euro».

De Guindos falou igualmente da Grécia: «A Europa está a viver momentos complicados. A Grécia deve tomar as decisões que se comprometeu a tomar. Precisamos de encontrar soluções e oferecer apoio. A Grécia precisa tomar uma série de medidas e a incerteza política está a impedi-la de tomar essas pedidas, o que está a pesar sobre os mercados».

O responsável nem quis equacionar a saída da Grécia do euro, até porque o país tem compromissos «independentemente de quem está no Governo e do resultado das eleições». Ainda assim, deixou escapar que, se isso acontecesse, «seria um fracasso para todos».

Na mesma linha, o ministro das Finanças do Luxemburgo, Luc Frieden, afirmou que « temos um acordo com a República helénica, não com um partido político. E, por isso, estou confiante de que também o próximo governo vai cumprir plenamente».

Já o homólogo irlandês, Michael Noonan, incentivou a Grécia a formar governo e defendeu a sua permanência no euro. Mas, para isso, «tem de pôr a casa em ordem» em termos políticos.

Atenas já vai na terceira tentativa falhada de formação de um executivo de coligação numa semana, arriscando-se a voltar a eleições antecipadas já em junho, mês em que deixará de ter dinheiro para pagar salários e pensões.
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