Novo Banco: PS e BE sinalizam novas diferenças entre exposições de devedores - TVI

Novo Banco: PS e BE sinalizam novas diferenças entre exposições de devedores

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  • 20 abr 2021, 18:51
Novo Banco

Em causa estão duas auditorias realizadas com um intervalo de seis meses

Os deputados do PS e do BE na comissão de inquérito ao Novo Banco sinalizaram esta terça-feira novas diferenças entre as exposições dos grandes devedores decorrente de duas auditorias realizadas com um intervalo de seis meses.

Na audição do sócio da EY António Filipe Brás na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, o deputado do PS João Paulo Correia enumerou as diferenças entre um reporte feito pela PwC em dezembro 2014 e a EY em junho de 2015.

O coordenador do PS na comissão de inquérito enumerou os casos da Prébuild, que tinha "uma exposição de 305 milhões de euros a 30 de junho de 2015, mas pelas mãos da PwC, seis meses antes, só tinha 216 milhões".

"O mesmo com José Guilherme. Tinha uma exposição, segundo a avaliação feita pela Ernst & Young [EY], a 30 de junho de 2015, de 266 milhões. Pois bem, seis meses antes, a PwC só tinha identificado metade", prosseguiu João Paulo Correia. O deputado referiu ainda o caso da Martifer, que "tinha uma exposição a 30 de junho de 2015 de 560 milhões de euros" e "seis meses antes tinha 281 [milhões]".

O que fizemos foi solicitar ao Novo Banco que nos indicasse as exposições para os grupos económicos no âmbito deste trabalho que no fundo se referissem ao 'ultimate beneficial owner' [beneficiário último]", justificou assim António Filipe Brás as diferenças entre as duas exposições.

O sócio afirmou que a EY não fez "qualquer análise evolutiva de como é que estes créditos estavam registados em balanço seis meses antes ou um ano antes", também por se tratar de um trabalho "que foi realizado uma única vez".

Pelo BE, o deputado Jorge Costa falou no caso da Ongoing, cuja exposição do Novo Banco era, em dezembro de 2014, "de 596 milhões e a imparidade registada era de 380 milhões, o equivalente a 64% da exposição total".

"Mas sabemos que durante o primeiro semestre de 2015 essa exposição aumentou nove milhões só com juros. Não havia contas consolidadas, em 2012 e 2013 o EBITDA [rendimentos antes de juros, impostos, depreciações a amortizações], a situação patrimonial e os resultados eram negativos", questionando António Filipe Brás se "não era de esperar que a imparização fosse superior".

O sócio da EY referiu que foram feitos dois cenários de imparidade, o pior "tem o pressuposto que a imparidade para este grupo ascenderia a 98% da sua responsabilidade", não havendo "grandes expectativas" quanto à Ongoing.

"O cenário mais otimista na casa dos 67%. Em linha com o que estaria nas demonstrações financeiras do banco naquela data", referiu António Filipe Brás, considerando a Ongoing "um caso que suscitava muitas dúvidas".

Já no caso da Promovalor, do presidente do Benfica Luís Filipe Vieira, "em dezembro de 2014 a exposição era de 487 milhões com imparidades de 60 milhões, 12,3%".

"Segundo a EY havia perdas esperadas não imparizadas entre 90 milhões e 175 milhões. Como é que se explicam tantas perdas nesta data, por imparizar, e como é que não foram identificadas?", questionou ainda o deputado do BE.

"Eu não tive acesso ao fundamento que levava às demonstrações financeiras estarem registadas da forma como estavam. Aquilo que nós solicitámos foram todas as análises, todos os eventos, todas as garantias colaterais que faziam parte de cada um destes devedores", respondeu o responsável da consultora.

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