Grécia: negociação com troika acaba de forma «positiva»

As negociações entre a Grécia e a União Europeia e o FMI foram concluídas esta sexta-feira, numa reunião com o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, e terminaram de uma forma que o Ministério das Finanças grego classifica de «positiva».

Em comunicado citado pela Lusa, o Ministério explica que as negociações visaram um acordo quanto às novas medidas de austeridade a adoptar para garantir o cumprimento da meta de défice para 2011, permitindo assim a libertação da quinta tranche do empréstimo acordado em 2010, no valor de 12 mil milhões de euros.

As novas medidas de austeridade poderão incluir um limite inferior aos impostos sobre o rendimento e o aumento dos impostos sobre o tabaco, o combustível e os refrigerantes.

O ministro grego adiantou que as medidas concretas a tomar serão discutidas nos próximos dias e serão depois sujeitas à aprovação.

Já o presidente do Eurogrupo adiantou que a Grécia está disposta a implementar um fundo de privatizações e, sobre o reescalonamento da dívida, adiantou que o envolvimento dos credores privados será «voluntário».

Sobre o novo pacote de ajuda ao país, estimado em 70 mil milhões, o primeiro-ministro grego diz que «está em análise».

Mais austeridade recebida com mais greves

Os trabalhadores gregos vão receber o novo pacote de medidas de austeridade com uma nova onda de greves e de protestos de rua cujo início está marcado para sábado com uma manifestação convocada pelas duas centrais sindicais.

A Confederação Geral dos Trabalhadores Gregos (GSEE), onde estão filiados os sindicatos do sector privado, e a União dos Trabalhadores do Setor público (ADEDY), onde estão filiados os sindicatos do setor público, já marcaram duas greves e duas manifestações para o mês de Junho em protesto contra as novas medidas de austeridade que o Governo grego pretende impor.

Para dia 9 está marcada uma greve dos trabalhadores de todas as empresas públicas, ou com capital do Estado, para denunciar a intenção governamental de privatizar ou fundir empresas públicas.

Para dia 15 está prevista uma greve geral contra as medidas de austeridade que, segundo os cálculos do governo grego, vão permitir poupança e aumento das receitas no valor de 78.000 milhões de euros até 2015.

A GSEE e a ADEDY chamaram ainda os trabalhadores gregos para mostrarem o seu descontentamento na rua, integrando as manifestações de sábado e de dia 21.

Os trabalhadores gregos já fizeram 14 greves gerais e inúmeras manifestações.

Juros da dívida afundam

Os seguros contra o incumprimento da dívida grega estão entre os que mais caem no mundo, um movimento acompanhado pelos juros dos títulos soberanos, quando se aguarda a divulgação das novas medidas de austeridade para o país.

Segundo a agência de informação financeira Bloomberg, os Credit Default Swaps (CDS) (que protegem o investidor do risco de um país não ter capacidade de pagar o empréstimo) da dívida soberana grega a cinco anos eram os que mais caíam no mundo, ao cederem 68,7% para 1386,33 pontos base.

Os juros da dívida grega também estão em queda nos prazos a cinco e dez anos. A cinco anos, os juros da dívida grega negociavam nos 16,689%, abaixo dos 16,837%, longe do máximo histórico de 18,130% atingido a 27 de Abril.

Em queda negociavam também as taxas a 10 anos, que recuavam dos 16,254% de quinta-feira para os 16,136%. O máximo histórico neste prazo foi atingido a 23 de maio, nos 17,030%.

Quanto aos CDS associados aos títulos da dívida soberana portuguesa e irlandesa a cinco anos, estes também seguiam em queda.