OE2011: quem irá ceder?

No dia em que Cavaco Silva começou a ouvir os partidos com assento parlamentar, o impasse do Orçamento do Estado para 2011 ainda não está resolvido.

A esquerda diz que Governo só quis negociar com o PSD e excluiu os outros partidos. PCP, Bloco de Esquerda (BE) e «Os Verdes» manifestaram abertura em dialogar e apresentar propostas, mas rejeitam «políticas que prejudiquem ainda mais os portugueses», nomeadamente aumento de impostos e redução de salários.

Enquanto por Belém decorriam as primeiras reuniões, Passos Coelho reunia-se com economistas, que à saída afirmaram que «é preferível não ter Orçamento que ter um mau».

O líder do PSD voltou a garantir na semana passada que o partido não abdica das duas condições impostas para aprovar o OE: Que não haja aumento de impostos e que não se mexa nas deduções fiscais. Nesse mesmo dia, Teixeira dos Santos afirmou que, sem aumento da receita não é possível cumprir o objectivo orçamental. Mas apesar desta aparente impossibilidade de acordo, esta terça-feira o ministro Pedro Silva Pereira afirmou que «acredita e espera» que haja Orçamento do Estado para 2011 «porque o país precisa deste orçamento» e adiantou que o PSD é o «parceiro natural» para o viabilizar.

Esta quarta-feira, é a vez de CDS, PS e PSD se reunirem com Cavaco. O eurodeputado Nuno Melo afirmou no domingo que o CDS está disposto a negociar o orçamento, desde que as propostas do partido sejam levadas em linha de conta, o que implica que não haja «aumento da carga fiscal».

Esta terça-feira à noite, em entrevista na TVI24, o líder do CDS, Paulo Portas, não quis avançar um sentido de voto, mas afirmou que o seu caminho não é o de considerar que o aumento de impostos é «inevitável».

Com todos os partidos a baterem o pé ao aumento de impostos, que foi também recomendado pela OCDE, afigura-se complicado chegar a um acordo.