Paulo Portas: "O Governo está a ficar isolado em matéria de previsões" económicas (e isso pode ser um problema para as famílias) - TVI

Paulo Portas: "O Governo está a ficar isolado em matéria de previsões" económicas (e isso pode ser um problema para as famílias)

    Paulo Portas
  • 27 nov 2022, 21:38

Comentador nota que são já várias as organizações internacionais que ficam aquém das previsões traçadas pelo Governo, deixando um alerta com o que isso pode significar para o bolso dos portugueses

A inflação em Portugal poderá ficar bem acima do previsto pelo Governo, num cenário que também se pode repetir relativamente ao crescimento económico e aos números do desemprego. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) foi o mais recente organismo a revelar o seu ceticismo quanto aos dados apresentados pelo executivo de António Costa, já depois de o Fundo Monetário Internacional e a Comissão Europeia terem feito previsões díspares das do Governo.

Para Paulo Portas isso é um sinal de que “o Governo está a ficar isolado em matéria de previsões”. No programa Global, do Jornal das 8 da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), o analista refere que “em todos os itens relevantes há uma diferença com aquilo que o Governo propõe”.

“O Governo é sempre mais otimista e, se por ventura, o otimismo for excessivo, isso causa um problema nas finanças privadas de cada família e de cada cidadão”, afirma.

Quanto aos números, prevê a OCDE uma inflação de 6,6% em 2023, número que o Governo estima ficar em 4%. Paulo Portas entende esse número como sendo “muito otimista”, porque significaria que a inflação iria cair para metade no espaço de um ano.

“Isto pode significar que muitas famílias voltam a perder poder de compra em 2023”, nota.

Diferenças que também se notam nos números de crescimento, desemprego, consumo, investimento e nas exportações. No fundo, sublinha Paulo Portas, o Orçamento do Estado já aprovado pode estar desatualizado.

Portugal ultrapassado

Esta semana soube-se que a Roménia estará prestes a passar Portugal no PIB per capita ajustado por paridades de poder de compra. Um cenário que conclui 20 anos de défice excessivo e de uma assistência financeira internacional, sendo que esses dois acontecimentos não coincidiram com as ultrapassagens.

“Não foi em nenhum desses períodos que fomos ultrapassados por estes países”, diz Paulo Portas, que confessa uma preocupação com o facto de estas ultrapassagens de países como Eslovénia, Chéquia ou, em breve, a Roménia, acontecerem em períodos de maior folga orçamental e de algum crescimento.

Para o comentador, que lembra que são sete os países que ultrapassaram Portugal neste período, em causa estão os fatores de competitividade, seja ao nível das políticas fiscais, seja pelas políticas regulamentares e laborais, que acabam por favorecer o investimento, e que se mantêm apesar das trocas nos governos.

Paulo Portas dá, nesse sentido, o exemplo da Irlanda, país que lembra que saiu de um ponto semelhante ao de Portugal, mas que hoje é uma das melhores economias europeias em termos de PIB.

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