O ministro dos Assuntos Parlamentares disse esta terça-feira que ainda há margem na proposta de Orçamento para novos cortes na despesa, mas advertiu que reduzir despesa significa em Portugal «facilidade» no discurso político e «dificuldade na execução».
«Há espaço para podermos ainda olhar para mais cortes na despesa - e essa tem sido a nossa principal preocupação, sabendo nós que em Portugal o corte da despesa significa sempre facilidade no discurso e muitas dificuldades na sua execução. Mas o Governo ainda vai continuar com esse caminho», declarou o ministro, citado pela Lusa, no final de uma reunião conjunta das bancadas do PSD e do CDS com a presença do ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar.
A reunião destinou-se a apresentar aos deputados da maioria governamental a proposta de Orçamento do Estado para 2013.
Tendo ao seu lado os presidentes das bancadas do PSD, Luís Montenegro, e do CDS, Nuno Magalhães, o titular da pasta dos Assuntos Parlamentares disse que na reunião de trabalho ficou «demonstrada a vontade que há em que a proposta de Orçamento - que não é do Governo, mas aquela que o país neste momento precisa - [seja encarada] como um fator de recuperação».
«Muitas das medidas resultaram da decisão do Tribunal Constitucional. No ano passado [Orçamento do Estado para 2012], tinha ficado bem definido o caminho a seguir. Tivemos com as bancadas do PSD e do CDS uma reunião muito construtiva, com propostas muito objetivas e que vai permitir, ao longo das próximas seis semanas, aprovar este orçamento, melhorando-o em algumas das áreas», disse o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares.
Interrogado pelos jornalistas sobre a saúde da coligação governamental PSD/CDS, Miguel Relvas observou que estava a prestar declarações tendo ao seu lado os líderes parlamentares social-democrata e democrata-cristão.
«A reunião foi produtiva, colocaram-se questões muito importantes e sugestões apresentadas por deputados do PSD e do CDS. É normal que o CDS tenha as suas reuniões, assim como o PSD terá ainda hoje uma», disse, desdramatizando a discussão interna em curso nos partidos da coligação governamental.
Miguel Relvas advertiu depois que os deputados do PSD e do CDS «têm espaço de opinião» e não seguem «uma cartilha oficial».
«É essa a tradição do PSD e do CDS», defendeu o membro do Governo.
Questionado se alguns todos os deputados da maioria PSD/CDS vão votar a favor da proposta de Orçamento, o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares afirmou identificar «um clima de unidade» e aludiu à existência de disciplina de voto em questões estratégicas para o Governo do país.
«Os senhores deputados quando são eleitos assumem compromissos - isso faz parte da nossa tradição», respondeu.
A seguir, Miguel Relvas desdramatizou o facto de haver sociais-democratas e democratas-cristão críticos face ao aumento de impostos previstos na proposta orçamental.
«Na vida política é normal que existam pessoas com outras posições e o debate não é uma anormalidade. Apresentar sugestões e saber ouvir na vida política são atitudes muito importantes - e este Governo sabe ouvir, porque quer decidir», rematou o ministro.
Relvas: «Há margem para novos cortes na despesa»
- Redação
- CPS
- 16 out 2012, 14:31
Ministro afasta problemas no seio da coligação PSD/CDS-PP
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