Juros da dívida portuguesa atingem nível mais alto de sempre - TVI

Juros da dívida portuguesa atingem nível mais alto de sempre

Juros da dívida portuguesa disparam para nível mais alto de sempre nos 6,71%, bem próximo do risco registado na Grécia um dia antes da intervenção do FMI

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[Notícia actualizada às 11h00]

Portugal e a Irlanda estão em alerta vermelho nos mercados internacionais. Os riscos da dívida dos dois países são os que mais sobem no mundo esta terça-feira. Os juros da dívida portuguesa aproximam-se mesmo, e a passos largos, dos níveis registados na Grécia um dia antes da intervenção do FMI no país.

Os juros da dívida na maturidade a 10 anos em Portugal dispararam hoje para o nível mais alto de sempre (6,65%), mas em menos de meia hora voltaram a subir, agora para os 6,71%, renovando máximos. A economia portuguesa é olhada nos mercados internacionais como estando bem próxima dos níveis da Grécia e da Irlanda, pelo que os investidores também não dão tréguas a Portugal e cobram juros cada vez mais altos para manterem dívida nacional.

Os juros da Grécia a 10 anos estão também a subir, mas ligeiramente, dos 11,05% registados ontem para os 11,07%, sendo que no dia 8 de Setembro chegaram a ultrapassar os 12%. Ainda assim, foi no dia 7 de Maio que mais dispararam (para os 12,2%).

Portugal deve pedir ajuda aos parceiros europeus o quanto antes

O primeiro alerta nos mercados de dívida veio da Irlanda, depois de a Moody`s ter cortado em três níveis o rating de um dos maiores bancos irlandeses, o Anglo Irish Bank. A agência de notação financeira acredita que aquela instituição financeira vai necessitar de mais fundos públicos para sair do abismo e sobreviver. Também a agência S&P já veio dizer que o custo de recapitalização desse banco poderá superar os 35 mil milhões de euros previstos e espoletar novos downgrades.

Ou seja, tudo leva a crer que a Irlanda se esteja a aproximar cada vez mais da situação que foi vivida pela Grécia, tendo no fundo da União Europeia e do FMI a luz ao fundo do túnel para alcançar alguma solidez financeira. Assim, os Credit Defaults Swaps (CDS) sobre a dívida irlandesa sobem 16,3 pontos base para um recorde 492,18 pontos.

Por cá, o país vê-se a braços com um dilema crescente de falta de credibilidade nos mercados de dívida, numa altura em que se intensificam as preocupações em torno de um acordo para a viabilização do Orçamento do Estado.

O preço dos CDS sobre as obrigações do Tesouro a cinco anos escalam 12,4 pontos base para 428,18 pontos, também um valor recorde e o segundo maior a seguir à Irlanda.

Media internacionais de olhos postos nos dois países

As preocupações sobre a estabilidade financeira de Portugal e Irlanda estão em destaque não só na imprensa nacional, mas também nos jornais internacionais.

Os dois países são o tema central da edição Europa do «The Wall Street Journal». Também o «Financial Times» faz menção aos receios provocados nos mercados de dívida pela situação vivida em Portugal e na Irlanda.

O primeiro jornal refere que os dois países «agitam os medos europeus». Especificamente sobre Portugal, o diário escreve que o ministro das Finanças insistiu que o país endividado vai continuar a pôr em prática os planos para baixar o défice orçamental, apesar das ameaças da oposição em bloquear as intenções do Governo no que toca à subida de impostos.

«A incerteza sobre a capacidade de Portugal para tomar medidas orçamentais está impulsionar os juros exigidos para comprar dívida portuguesa, um sinal de preocupação crescente por parte dos investidores».

Deste modo, os próximos dias vão ser «cruciais». Os governos europeus terão de provar que conseguem prevenir uma nova visita, porventura ainda mais aguda, da crise de confiança que abalou a região esta Primavera.
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