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Banco de Portugal: desemprego pode afectar bancos

Carlos Costa diz que a culpa é do Estado e não dos bancos

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O governador do Banco de Portugal (BdP) admite que o aumento do desemprego pode vir a afectar o negócio dos bancos, através do crédito malparado.

Citado pela Reuters, Carlos Costa, que falava num seminário organizado pelo banco central do Luxemburgo, diz que «é claro que se o desemprego subir, o sector bancário pode ser susceptível porque as hipotecas podem não conseguir ser pagas».

A taxa de desemprego de Portugal ascendeu a 11,1% no quarto trimestre de 2010, quando um ano antes estava nos 10,1%.

Mas esta não é a única fragilidade dos bancos nacionais. Ainda que não estivessem muito expostos ao subprime que esteve na origem da crise financeira, como acontecia com os bancos de outros países, o governador admite que o sector não é agora capaz de evitar o impacto da crise da dívida pública.

«O sector bancário é penalizado pela crise soberana, mas quando somos atingidos por um carro, o problema é do carro, não nosso», afirmou o português, que é também membro do Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE).

Banca vai ter papel determinante no sucesso do resgate

Sobre as negociações em curso com vista ao pacote de ajuda externa, Carlos Costa diz que, para que os esforços do país sejam bem sucedidos, é preciso acontecer um certo número de coisas. «Temos de assegurar que a banca faz o seu papel de providenciar financiamento. Penso que isto sera um factor chave para o sucesso do programa de ajustamento».

Para além disso, acrescenta, «se nós reduzirmos a dívida mas não olharmos para o lado do PIB¿ no fim, a sustentabilidade não é assegurada».

Mas o banqueiro não se fica por aqui: «O crescimento tem de vir do sector privado e das PME. Se os bancos não emprestam dinheiro, pode haver um aperto do crédito, um credit crunch», diz.

Mais uma vez, o governador do Banco de Portugal, apelou ao futuro Governo de coligação que trabalhe em conjunto nas soluções para reformular a economia do país. «É muito importante que venhamos a ter um consenso político no programa de resgate mas também termos consenso político em ajustamentos mais amplos».

«Se não criarmos crescimento, no futuro teremos mais problemas. Está muito em causa», concluiu.
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