Banco de Portugal: «Liquidez está aí, bem assegurada» - TVI

Banco de Portugal: «Liquidez está aí, bem assegurada»

Banca tem, «em momento oportuno», que alienar ativos e tornar balanço mais flexível

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Mais de 80% da liquidez fornecida pelo Eurosistema às instituições financeira nacionais está a três anos. Isso garante estabilidade, afirma o Governador do Banco de Portugal.

«A liquidez está aí, bem assegurada». Apesar de ressalvar não poder avançar detalhes concretos, Carlos Costa esclareceu: «Posso-vos dizer que mais de 80%, significativamente mais de 80%, da liquidez que foi fornecida pelo Eurosistema à banca portuguesa está a três anos», adiantou, num encontro com empresários organizado pela Câmara de Comércio Americana em Portugal.

O governador do banco central sublinhou diversas vezes que «a liquidez está aí» e «com grande estabilidade por três anos», o que garante estabilidade «que permite trabalhar».

Carlos Costa alertou, ainda, que a banca portuguesa tem, «em momento oportuno, que alienar ativos e tornar mais flexível o seu balanço», ou seja: «Temos ativos que não podem conservar-se inteiramente no balanço dos bancos porque não os sabem gerir».

«Falo do setor turístico, é fundamental que esses ativos sejam entregues a profissionais que os coloquem nos segmentos adequados porque no curto prazo geram emprego, valor acrescentado e é investimento realizado e isso não é negócio para banqueiros», disse, citado pela Lusa, perante uma plateia que incluía o empresário Belmiro de Azevedo e o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio.

O Banco Central Europeu (BCE) informou na quarta-feira que emprestou 529.531 milhões de euros a três anos a 800 bancos da zona euro «a condições muito favoráveis». Estes empréstimos, com juros bonificados, correspondem a uma segunda injeção de crédito por parte da instituição europeia para atenuar a crise da dívida da Zona Euro.

O montante emprestado foi modestamente superior aos 489 mil milhões de euros entregues a 523 bancos na primeira oferta de 21 de dezembro, dinheiro que foi utilizado para os bancos europeus comprarem títulos de dívida soberana de vários países europeus.

País não deve transmitir necessidade de mais socorro



Carlos Costa apelou ainda que que não transmita uma imagem de necessidade de novo resgate e disse que se deve evitar falar da falta de financiamento existente no início do programa de ajuda.

«Não é desejável que se revisite o tópico do gap de financiamento que tínhamos à partida, porque isso, por um lado, não é pertinente e, em segundo lugar, transmite uma imagem externa de vontade de um segundo resgate que não é desejável de forma nenhuma».

A importância desta mensagem deve-se ao facto de se poder estar a transmitir uma ideia que será tomada como «reflexo de uma realidade que não a realidade da economia portuguesa».

Ainda assim, o governador do Banco de Portugal disse que o banco central é o primeiro a reconhecer que há, de facto, um problema de financiamento na economia nacional.

Carlos COsta acrescentou, ao explicar as causas do problema de financiamento, que o país precisa de ter consciência de que «vai haver um grande rebalanceamento entre a procura de transacionáveis e não transacionáveis. E portanto, o setor de bens não transacionáveis vai ter que se redimensionar para um novo volume de procura que não será aquele que conheceu no passado».

Em concreto, Carlos Costa deu como exemplo a construção e as obras públicas, setor onde «obviamente vai haver um redimensionamento».
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