BdP: recessão ainda mais grave e mais medidas - TVI

BdP: recessão ainda mais grave e mais medidas

Exportações desiludem e não salvam desempenho da economia. PIB só começa a crescer em 2013. Até lá, rendimento das famílias sofre redução sem precedentes e remunerações no privado também devem baixar

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Recessão ainda mais grave, porta aberta a mais medidas de austeridade. O quadro traçado pelo Banco de Portugal no seu Boletim Económico de Inverno é bem mais negro do que as últimas previsões da instituição liderada por Carlos Costa.

Agora, o regulador da banca diz que a recessão vai ser de 3% este ano, quando no boletim anterior apontava para 2,2%.

Nem as exportações conseguem salvar a economia, já que fecharam o ano a subir apenas 7,3%. Não admira que haja uma queda acentuada no aumento dos bens vendidos ao estrangeiro este ano, sendo a previsão do BdP de uma subida mais ligeira de 4,1% e de 5,8% em 2013. Nesta altura, o Produto Interno Bruto do país já deverá registar um número positivo, com a economia a crescer 0,3%.

Sem grandes luzes ao fundo do túnel, será preciso recorrer ao esforço, aos cortes, ao aperto de cinto - o Banco de Portugal admite mais medidas adicionais. Já este ano.

«Os riscos em torno da actual projecção para a actividade económica são claramente em baixa», a que não é alheio o «impacto sobre a procura interna de eventuais medidas adicionais de consolidação orçamental com impacto directo sobre o rendimento das famílias».



Num cenário de mais austeridade, a consequência directa: o consumo privado vai cair 6% em 2012 e mais 1,8% em 2013, enquanto a taxa de poupança registará uma «subida gradual», «não só devido à poupança forçada associada às amortizações do crédito, em particular à habitação, mas também por

motivos de precaução». O investimento afunda 12,8% este ano e 1,8% no próximo.

Haverá menos pessoas a trabalhar, uma vez que o emprego cairá mais 1,8% em 2012 e no ano seguinte mais 0,6%. A contracção será «mais intensa» no sector público.

Com o aumento de impostos (designadamente o IVA) que famílias e empresas começaram a sentir na carteira logo no início de Janeiro, um fardo que carregarão durante o ano inteiro, a inflação chegará aos 3,2% no final de 2012. Cairá depois para 1% em 2013, não sem estar acompanhado de uma «expressiva contracção da procura interna até ao final do horizonte de projecção», num país com um défice externo «crónico» que será reduzido.

O certo é que, além das medidas adicionais, o Banco de Portugal não exclui o aumento de preços administrados.

O regulador não tem dúvidas de que «o aumento da tributação directa e a supressão parcial ou integral dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos, dos empregados do sector empresarial do Estado e dos pensionistas irá determinar uma redução sem precedente do rendimento disponível real das famílias».

Se a actividade no sector público «deverá continuar a retrair», ao passo que a actividade no privado deverá registar um aumento ao longo do ano, «ainda que de magnitude limitada», a verdade é que os trabalhadores do privado não terão grandes razões para sorrir: «perspectiva-se uma redução das remunerações reais», sendo «particularmente acentuada em 2012».

Atenções viradas também, claro, para a banca. «O processo de desalavancagem do sector bancário deverá continuar ao longo do horizonte de projecção, implicando a manutenção de condições de concessão de crédito restritivas».

Estas previsões surgem um dia depois de o Governo ter admitido que o défice ficará acima do acordado com a troika este ano e de ter aberto a porta a novas medidas. O PS quer explicações do Governo e rejeita mais austeridade.
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