CP vai acabar com ligação até Vigo

[Notícia actualizada às 11h55 com reacção dos utentes

A CP vai acabar com a ligação ferroviária até à cidade espanhola de Vigo a partir de dia 10. Em causa está, segundo a empresa, a falta de «condições» para continuar a manter o serviço, que tinha partida do Porto duas vezes por dia.

Esta informação começou a ser transmitida, nos últimos dias, pela empresa pública, nas várias estações que integram o percurso entre Porto e Vigo.

«A CP informa que, por não estarem reunidas as condições para a continuidade da exploração, a partir de 10 de julho de 2011 o serviço no trajecto Valença / Vigo / Valença será suprimido», explica a empresa, através de um aviso público.

Fonte da CP contactada pela Agência Lusa confirmou que os dois horários diários, com partida do Porto às 07:55 e 17:55, «à partida» mantêm-se, mas apenas até Valença, o mesmo devendo acontecer, para já, com as duas viagens diárias de regresso.

Esta supressão surge seis anos depois de uma tentativa anterior da CP, que já na altura apontava para quedas no volume de passageiros transportados naquela linha.

No entanto, a empresa acabaria por voltar atrás na decisão, face aos protestos de passageiros e autarcas.

Utentes estão contra

A Associação de Utentes dos Comboios de Portugal - Comboios XXI criticou a decisão da CP, uma decisão «sem qualquer justificação ou consulta prévia».

«Após uma chamada para o call center da CP ficamos vagamente a saber que essa interrupção se deve a obras, embora não haja informação acerca do teor dessas obras nem da sua localização. Desconfiamos que são uma desculpa de ocasião», afirma Nuno Oliveira, da Comissão diretiva da Comboios XXI.

Em comunicado, o responsável refere que «por parte da transportadora ferroviária espanhola (Renfe) não há nenhuma indicação sobre essa interrupção, e a ADIF (congénere da Refer) nega existir qualquer impedimento à circulação».

O dirigente associativo considera ainda que esta é «mais uma agressão à mobilidade desta vasta euro-região (habitada por seis milhões de pessoas, uma das mais populosas da península), após a recente introdução de portagens na A28».

Nuno Oliveira refere que a decisão da CP foi anunciada «um dia depois do secretário do Eixo Atlântico Xoan Mao ter diligenciado no sentido de solicitar ao Ministro da Economia de Portugal uma reunião para debater, entre outras coisas, questões ferroviárias respeitantes ao Norte de Portugal e Galiza».

«Mais uma machadada»

O presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo (AEVC) garante, por sua vez, que o fim do serviço internacional de comboio até Vigo representa «mais uma machadada» no «clima de confiança» entre o Norte de Portugal e Galiza.

«Estamos a assistir a mais uma machadada no relacionamento construído ao longo de muitos anos entre as duas regiões. O fim da ligação ferroviária é uma machadada muito grande no clima de confiança», disse à Lusa Luís Ceia.

O presidente da AEVC lembra a «quebra» na relação entre as duas regiões, após o fim das autoestradas SCUT, e acusa a CP de não ter tirado proveito das dificuldades sentidas pelos galegos que queriam viajar para o Norte de Portugal e enfrentavam «dificuldades» no pagamento de portagens.