Escutas ilegais: uma morte a sério, outra a brincar - TVI

Escutas ilegais: uma morte a sério, outra a brincar

Caso do «News of the World» não pára de dar que falar. David Cameron foi ouvido hoje

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O caso das escutas do «News of the World» não pára de surpreender. O jornalista que expôs o caso apareceu morto em casa e hackers chegaram a dar o líder do grupo de media que detém o jornal, Rupert Murdoch, como morto na Internet. Murdoch não morreu, mas já foi atacado em plena audição na comissão parlamentar que está a investigar o caso das escutas ilegais realizadas por jornalistas do grupo News Corp. Hoje foi a vez do próprio primeiro-ministro britânico prestar esclarecimentos, num caso que parece não ter limites.

David Cameron esteve esta quarta-feira num debate no Parlamento britânico. A oposição queria que o chefe do executivo explicasse a escolha de Andy Coulson, ex-director do «News of the World», para seu assessor de imprensa, numa altura em que já corriam rumores sobre o uso de escutas ilegais pelos seus jornalistas.

A oposição diz que o primeiro-ministro não tem condições para liderar o país e David Cameron decidiu interromper a visita à Africa do Sul para ir ao Reino Unido defender-se da polémica, e das pressões crescentes para se demitir.

É que, além da sua ligação a Andy Coulson, David Cameron é também amigo pessoal de Rebeka Brooks, a ex-directora do «News of the World», que foi detida no domingo e libertada depois sob caução.

David Cameron voltou a dizer que responde pelo trabalho de Coulson enquanto assessor, e apenas por isso. E acrescentou que, «se me mentiram, esta será a altura para um profundo pedido de desculpas».

Mais: o primeiro-ministro lembrou que, se Coulson tiver mentido, não foi só a ele. Foi também à polícia, à comissão que regula os media e terá até cometido perjúrio em tribunal, pelo que pode esperar «severas acusações criminais».

Rebeka Brooks, Rupert Murdoch e o seu filho James estiveram ontem na mesma comissão parlamentar e Murdoch foi agredido por um homem da assistência, que lhe atirou com um produto branco à cara. O produto revelou-se creme de barbear. Nessa ocasião, Murdoch garantiu que teve mais contacto com o ex-primeiro-ministro Gordon Brown que com Cameron. Segundo a imprensa britânica, dois jornais sob a alçada de Murdoch acederam a contas bancárias de Gordon Brown e ao relatório médico do seu filho mais novo.

Também Rebeka Brooks disse que não esteve na residência oficial do primeiro-ministro desde que Cameron está no cargo, ao contrário do que aconteceu quando Tony Blair e Gordon Brown estavam à frente dos destinos do país.

O caso tomou proporções inesperadas, quer política, quer socialmente. O jornalista que expôs a escutas ilegais foi encontrado morto em sua casa e um grupo de hackers acedeu ao site do jornal «The Sun», do grupo News Corp., para aí anunciarem a morte de Rupert Murdoch. Segundo a notícia falsa, o magnata dos media tinha tomado paládio, um veneno radioactivo, e caído morto no jardim. Os mesmos piratas ameaçaram divulgar as mensagens de correio electrónico trocadas pela redacção.
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