Papa: tolerância de ponto «vai custar milhões». Concorda? - TVI

Papa: tolerância de ponto «vai custar milhões». Concorda?

Páscoa no Vaticano

Mais um dia sem trabalhar, em plena conjuntura de crise, pode reflectir-se na perda de 1% do Produto Interno Bruto. Isto numa altura em que o crescimento económico está muito próximo de zero. Concorda com a tolerância de ponto?

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Pode ser considerado um acto de diplomacia, mas também uma «espécie de remuneração adicional». É desta forma que o antigo consultor do Banco Mundial, Luís Bento, caracteriza a tolerância de ponto decretada pelo Governo à Função Pública, a propósito da visita do Papa a Portugal, no próximo mês.

E não tem dúvidas que a medida vai sair cara à economia nacional: são milhões de euros de quebra produtividade que vão ser desperdiçados.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) considera que a decisão é «um sinal contrário ao que o actual momento difícil exige». «Num momento em que estão a ser pedidos muito sacrifícios, o Governo dá sinal no sentido contrário» ao conceder tolerância de ponto no dia 13 de Maio em todo o país.

E o leitor? Concorda com a tolerância de ponto concedida à função pública a propósito da vinda do Papa? Deixe-nos a sua opinião. Comente!

«Os feriados e pontes, no conjunto, têm um custo muito perto de 1% do Produto Interno Bruto. Se o nosso crescimento fosse de 6 ou 7% o impacto não seria tão significativo. Agora, com um crescimento muito perto do zero, isto é desperdiçar oportunidades para melhorar a produtividade» das empresas e dos trabalhadores, esclareceu o especialista à Agência Financeira.

Governo dá tolerância de ponto a 13 de Maio

Embora Luís Bento reconheça que «haja quem defenda que nesses dias de lazer, as pessoas consomem mais», não recua na tese de que a economia vai sofrer com o descanso, dizendo que «o saldo entre o que se perde em termos de produtividade e o que se ganha em consumo e lazer é negativo».

Se Portugal já é dos países da Europa com mais feriados e tolerâncias de ponto «que não são devidamente planificados no início do ano», acrescentar mais uns dias de descanso, «de forma puramente casuística, traz inúmeras complicações ao funcionamento da Administração Pública: uma pessoa chega à repartição das Finanças, quando era suposto estar aberta, chega lá e está fechada», exemplificou à AF o também professor de Recursos Humanos da Universidade Autónoma de Lisboa.

Tolerância de ponto é «remuneração emocional»

Em plena crise económica, a medida é encarada por Luís Bento como um salário extra, mas de índole emocional, «já que o Governo não pode aumentar salários. Quer compensar os funcionários de outra forma».

Dar tolerância de ponto aos trabalhadores da Função Pública no dia 13 de Maio, por ocasião da visita do Papa Bento XVI a Portugal, não é, no entanto, uma medida surpreendente. O especialista explicou que é habitual que uma visita como esta suscite uma alteração no calendário, «sobretudo em países com uma matriz religiosa como o nosso. O Papa é equiparado a um chefe de Estado. Daí que dar tolerância de ponto seja também um acto de diplomacia».

Lisboa e Porto vão ser as grandes beneficiárias da medida ontem anunciada. Os funcionários públicos da capital vão estar livres também na tarde do dia 11 de Maio, dia em que o Papa aterra no Aeroporto de Lisboa. Mais a norte, os trabalhadores da Administração Pública do Porto não vão trabalhar na manhã do dia 14.

Tudo em nome da fé, mas, segundo Luís Bento, contra Portugal. Por isso, avisou, «toda a economia vai ser afectada».

O que pensa o leitor desta medida do Governo? Concorda com a tolerância de ponto concedida à função pública ou é contra? Deixe-nos a sua opinião. Comente!
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