CIP levou à troika acordo da concertação social - TVI

CIP levou à troika acordo da concertação social

Dois dos pontos fortes desse acordo é a criação de um fundo para financiar despedimentos e corte do valor das indemnizações

O acordo alcançado em concertação social ainda antes de o Governo se demitir foi aquilo que a Confederação da Indústria Portuguesa levou à reunião com a troika do FMI, BCE e Comissão Europeia na reunião que decorreu esta quarta-feira no Ministério das Finanças.

«Situámo-nos no acordo para o crescimento e emprego que subscrevemos em concertação social». «Está lá o mínimo que deve ser considerado», disse António Saraiva à saída da reunião.

Um dos pontos fortes do acordo alcançado com o Governo foi a criação de um fundo para financiar despedimentos que será pago pelo Estado e pelas empresas, metade cada. Um fundo que corta o valor das indemnizações de 30 para 20 dias, no máximo de 12 meses.

Outras preocupações da CIP prendem-se com «o funcionamento da justiça, financiamento das empresas, recapitalização das empresas, abolição de taxas municipais injustas» sendo preciso «ajudar as empresas no seu crescimento e internacionalização. Queremos alcançar 40% do Produto Interno Bruto nas exportações. As empresas têm de ter condições».

«Os factores que devem promover o crescimento e o emprego são aqueles que devem centrar as decisões. Sem crescimento económico não saímos desta ruína».

Troika «está muito bem informada»

A troika, «nas perguntas que cirurgicamente colocou, prova que está muito bem informada. Tem um razoável conhecimento da situação portuguesa, do Estado e do sector empresarial do Estado». E o que «nós propusemos foi menos Estado, melhor Estado. Temos um conjunto de 14 mil organismos públicos e governos civis absolutamente dispensáveis».

Ora a comitiva internacional «não nos manifestou qualquer opinião. Fez perguntas».

Sobre salários e subsídio de desemprego, «não foram referidos quaisquer cortes desta ou daquela natureza».

António Saraiva deixou no entanto um aviso: «Não nos iludamos. Estamos numa fase da nossa vida em que temos de mudar: temos de trabalhar mais, com formação profissional, e melhor, com inovação e conhecimento».

O que pedem comerciantes e agricultores?

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal também disse que o salário mínimo não foi abordado na reunião. Já a Confederação dos Agricultores Portugueses afirmou que a questão foi «abordada por alto».

A CCP defendeu no encontro com a troika a necessidade de serem criados instrumentos para financiar as empresas e que a solução não passa por cortar salários e deduções.

Por sua vez, a CAP centrou-se nas verbas que estão previstas no Orçamento do Estado para este ano, que os agricultores não querem perder.

Da parte da Confederação do Turismo Português, o que esteve em cima da mesa foi o potencial do sector. «É um sector que tem capacidade de crescimento, desde que sejam alinhadas políticas para o turismo crescer, empregar mais gente e produzir riqueza», garantiu o presidente da CTP, Carlos Pinto Coelho, assegurando ainda que «é [também] assim que a troika vê o sector em Portugal».

«Nos próximos anos, queremos aumentar em 50% o número de pessoas que trabalham nesta área e produzir o dobro».

Questionado também sobre se foi abordada a questão relacionada com remunerações e salários, Pinto Coelho respondeu aos jornalistas: «Neste momento, a situação é diferente do que era há um ou dois anos e as previsões agora são más, por isso é preciso adaptar à situação actual as leis e as regras que existem».

[Notícia actualizada às 14h45 com declarações da CTP]
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