Do "laboratório" ao "parque infantil", debate entre Ruis deixa a nu diferenças claras entre livres e liberais - TVI

Do "laboratório" ao "parque infantil", debate entre Ruis deixa a nu diferenças claras entre livres e liberais

Rui Tavares vs Rui Rocha

Sem números concretos em cima da mesa, mas com uma “divergência muito grande” entre todos os temas, apenas uma coisa une os líderes do Livre e da Iniciativa Liberal: o nome dos líderes.

Até podem partilhar um eleitorado semelhante - jovens e formados - mas as diferenças entre o Livre e a Iniciativa Liberal eram já conhecidas, mas ficaram ainda mais notórias depois do debate desta quarta-feira: dos impostos, à semana de quatro dias de trabalho, da saúde à habitação, não houve um ponto de concordância entre Rui Tavares e Rui Rocha, ou, citando ambos, o cientista que faz “investigador que faz testes em laboratório” e o “miúdo no parque infantil”.

Os impostos foram o primeiro tema em cima da mesa e a discórdia começou de imediato. E foi aqui que o próprio Rui Rocha se apressou a dizer que há uma “divergência muito grande” entre os dois partidos.

Mas se Rui Rocha já afinou um número a apresentar nos debates para justificar o custo do choque fiscal que propõe - 5 mil milhões de euros -, Rui Tavares não arriscou a atirar um número, ficou-se pelas “dezenas ou centenas de milhões de euros e não milhares de milhões de euros” dos outros partidos. Ainda com a economia como tema de fundo, Rui Tavares acusou a IL de ter “uma visão arco-íris” e de não querer ter um Estado ativo e de no seu programa eleitoral dizer que “o Estado investidor e estratega não existe, são os privados que o fazem”. Rui Rocha devolveu e trouxe o Partido Socialista à baila: “A visão do PS e do Rui Tavares é manter tudo na mesma”.

O Partido Socialista apenas voltou a ser tema no final do debate, quando Rui Tavares assegurou que o “Livre não está disponível para dar a mão ao PS” e que as “maiorias absolutas são indesejáveis” e que o objetivo é uma “maioria corrente”, com temas de “ambiente, educação, questões de futuro”.

No que toca à saúde, o Rui Tavares deixou a porta aberta aos privados, mas alertou para a facilidade com que essa porta pode deixar entrar uma “concorrência desleal” no setor. No programa eleitoral, o Livre não defende a renovação das PPP, defende o financiamento adequado e abre a porta à prestação de cuidados de saúde privados no apoio à saúde pública, mas diz que é  fácil os privados fazerem “concorrência desleal” com o público. E volta a defender o SNS, que “está a lutar com uma venda nos olhos e as mãos atrás das costas”. “Não nos revemos nem na situação do PS, que corre tudo bem, nem na outra que diz para destruir a casa. Há soluções para as coisas, como reparar a casa”, exemplifica.

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Já Rui Rocha puxa da cartola do radicalismo e diz que são os privados que podem fazer a diferença ao estado atual do setor da saúde. O presidente da IL defendeu que os privados têm ainda mais para dar “alterando ainda mais radicalmente o sistema”, e voltou a dar o exemplo do tempo de espera para ortopedia no Garcia de Orta, um argumento já usado noutro debate. Rui Rocha defendeu também que o utente deve poder escolher se quer ser assistido no público ou no privado, ideia rejeitada por Rui Tavares

.“Sabemos que um rico e um pobre entra com um cara diferente num restaurante. Num restaurante é lamentável, num hospital é inaceitável. Quero que todos os portugueses entrem de cara levantada no hospital, que sabem que não saem de lá falidos”, exemplificou o porta-voz do Livre. 

Apesar de os dois partidos serem defensores da semana de quatro dias, os moldes em como este sistema deve funcionar é mais uma linha (grande) que separa a Iniciativa Liberal do Livre, com Rui Rocha a acusar Rui Tavares de querer aplicar o modelo com “imposições legais”. E apesar de os dois partidos defenderam mudanças na habitação, mais uma vez, divergem em como tal deve acontecer. Ainda assim, houve tempo para Rui Rocha citar André Ventura ao descrever o IMI como o “imposto mais estúpido do mundo”.

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