"O idiota útil da esquerda" e o "grau zero da política". O frente a frente de Luís Montenegro e André Ventura - TVI

"O idiota útil da esquerda" e o "grau zero da política". O frente a frente de Luís Montenegro e André Ventura

Muitas interrupções, trocas de acusações, mas poucas respostas. Montenegro afasta entendimento com Chega e Ventura diz que "os dois partidos que há 50 anos representam o mesmo sistema" são o seu principal adversário

O líder da coligação Aliança Democrática (AD), Luís Montenegro, e o líder do Chega, André Ventura, estiveram frente a frente esta segunda-feira, na RTP1, num debate marcado pela luta contra a corrupção, pensões e as forças de segurança. Com as mais recentes sondagens a mostrarem o Chega a aproximar-se da AD, a discussão começou pela posição de Luís Montenegro quanto à possibilidade de deixar o Partido Socialista governar sem maioria. O líder dos sociais-democratas não respondeu diretamente e saiu ao ataque contra o Chega, rejeitando qualquer acordo com o partido que diz ser "o grau zero da política" que tem tem políticas e opiniões "populistas, racistas, xenófobas e excessivamente demagógicas”.  

"Não governo se não ganhar as eleições e não há entendimento com o Chega", afirmou, atacando o Chega “com um programa eleitoral sem contas", mas dizendo que no PSD fizemos as contas e são 25 mil milhões de euros”.

O presidente do Chega foi rápido a responder a Luís Montenegro, afirmando que o líder da AD é incapaz de tomar decisões e de "saltar para o colo" do Partido Socialista caso os socialistas vençam as eleições. "O PSD não quer vencer nem modernizar. Está só preocupado numa coisa: em continuar a dar lugar ao PS e distribuir tachos a todos os amigos do PS e PSD", atira o líder do Chega.

Questionado se o Chega estará disposto, ainda que sem acordos, a viabilizar um governo minoritário do PSD para impedir o PS de governar, Ventura manifestou-se apenas “disponível para conversar”.

“O Chega está disponível para uma convergência para que o PS não governe. Outro partido arrogantemente diz que não, se o PSD não quiser conversar assumirá o ónus dessa irresponsabilidade e da instabilidade”, acusou, acrescentando que o PSD "está a prejudicar o país, está a ser o idiota útil da esquerda. É a direita de que a esquerda gosta, não se coliga com ninguém e nunca terá maioria, a esquerda terá via verde para chegar ao poder”, acusou.

Por esse motivo, Ventura reafirma que o PSD "é uma prostituta política" ao coligar-se "aos extremistas do PAN" na Madeira para manter o poder. "Você é o idiota útil da esquerda", acusa. O Chega insiste que "tudo fará para tirar o PS do poder" e acusa os sociais-democratas de estarem a "preparar-se" para entrar o país ao partido socialista.

Chega acusa PSD e PS de "espezinhar os agentes de segurança"

O líder PSD considerou que é "indiscutível que há uma instrumentalização" da insatisfação dos agentes e militares das forças de segurança e acusou o Chega de querer colocar "os partidos políticos dentro das esquadras e dos quartéis da GNR".

"É indiscutível que há uma instrumentalização das forças de segurança no discurso do Chega e no deputado do André Ventura. André Ventura abre a possibilidade dos agentes terem filiação partidária e terem direito à greve. Quer colocar os partidos políticos dentro das esquadras e dos quartéis da GNR", atirou Montenegro.

Ainda sobre o tema das forças de segurança, o líder do Chega defende o direito à greve, justificando que tal pode ser feito se acontecer com regras, tal como acontece com os médicos e acusa o PSD de "espezinhar" os agentes de segurança.

"Os seus governos e os governos do PSD espezinharam estes homens. Vocês falharam às forças de segurança (...) não têm direito à greve, não têm direito de filiação e ainda não lhes damos o suplemento que é mais do que justo", atira.

Veja quem ganhou o debate

"Eu sei mais sobre as contas das suas medidas do que você"

Luís Montenegro volta a atacar as contas do Chega, sublinhando que sabe mais sobre a contas do Chega do que o próprio Ventura. "Eu sei mais sobre as contas das suas medidas do que você", afirma Luís Montenegro.

Sobre o combate à corrupção, PSD propõe tirar burocracias ter um mecanismo de administração mais transparente, regulamentar o lobby e criminalizar o enriquecimento ilícito.

O Chega diz que quer recuperar os 20 mil milhões perdidos por ano em corrupção. Questionado sobre como recuperar esse dinheiro, André Ventura diz que vai buscar esse valor acelerando os mecanismos de confisco e apreensão dos bens obtidos com a corrupção. 

"O país já desconfiava que a AD não tinha nenhuma proposta para combater a corrupção. As que tinha, aliás, foram copiadas do Chega", afirma Ventura, acrescentando que "quer ir mais longe" e "apreender e confiscar bens dos corruptos".

"O grande adversário e único que tenho nestas eleições é o PS"

Sobre as pensões, Luís Montenegro destaca o "realismo" e a "exequibilidade" das propostas do PSD, que querem fazer o CSI a 820 euros, enquanto a proposta do Chega pode ter um custo para o estado que chega a nove mil milhões de euros. "O que o André Ventura defende é que tenha um acréscimo. Pode ser alguém que tenha rendimentos de dois mil euros e ele aumenta a pensão de 300 para 800 euros na mesma", explica.

O líder do Chega diz que defendeu a subida sustentada das pensões, ao contrário do PSD, que "realizou o maior corte de pensões da nossa história". “Não me preciso de reconciliar com os idosos, ao contrário do PSD que cortou pensões”, atira Ventura, que refere que "o Luís Montenegro foi o líder parlamentar que realizou o maior corte de pensões da nossa história".

Luís Montenegro responde e volta a defender que o maior adversário do PSD nestas eleições é o Partido Socialista.

"O grande adversário e único que tenho nestas eleições é o PS que é alternativa de governo que se coloca diante dos portugueses para os próximos anos. O PSD é o adversário do Chega", explica Montenegro.

André Ventura acaba o debate ao ataque, sublinhando que, apesar de Pedro Nuno Santos ser o seu principal adversário, Luís Montenegro também é parte de um sistema que ele quer combater. "O meu principal adversário é o PS, mas o adversário do sistema são os dois partidos que há 50 anos representam o mesmo sistema que nos tem inundado de corrupção, de tachos, bandidos à solta e descida de salários", atira Ventura.

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