A CDU em Lisboa, o PS em Braga e o PSD em Loulé. No primeiro dia de assembleia de apuramento geral nos 308 concelhos de Portugal, já foram várias as estruturas partidárias a assumir a possibilidade de recontagem de votos.
Na capital, a candidatura de João Ferreira (CDU) detetou durante a manhã que “ainda se têm de contabilizar 60 votos” da freguesia de São Domingos de Benfica “que não chegaram a ser contados”. Em causa está um problema com o boletim de votos antecipados que ditou que a contagem fosse feita esta terça-feira e não no domingo.
Segundo fonte oficial, o desfecho dessa contabilização pode levar a “alteração de resultados” das autárquicas no concelho de Lisboa. A CDU fechou a noite eleitoral de domingo com um total de 26.769 votos - menos 11 votos do que o Chega. Esta diferença permitiu à candidatura de Bruno Mascarenhas eleger dois vereadores, ao passo que João Ferreira terminou com um eleito.
À CNN Portugal, fonte da CDU, que falou enquanto decorria a assembleia de apuramento geral no concelho, garante que “também pode haver pedidos de recontagem”, mas só se no decorrer deste processo forem detetados “elementos que o justifiquem”. Isto porque “as contagens não são feitas por pedido, tem de haver algum fundamento”.
Em reação, o vereador do Chega, Bruno Mascarenhas, acusou o PCP de "tentar vencer na secretaria" durante a sessão desta terça-feira da assembleia de apuramento de votos no concelho de Lisboa. Em declarações à CNN Portugal, o recém-eleito vereador Bruno Mascarenhas garante que ficou "estupefacto" por o PCP levar para essa assembleia "vários elementos, os chamados controleiros, para pressionar e tentar obter uma vantagem que possa alterar aquilo que foi o voto popular".
Bruno Mascarenhas refere ainda que o partido está "muito apreensivo" por "esta forma de condicionar e adulterar a isenção eleitoral, tentando criar factos onde eles não existem, com o propósito de habilitar votos num caso e eliminar outros que lhes sejam desfavoráveis".
As sessões de apuramento geral começaram pelas 9:00 horas desta terça-feira e vão prolongar-se até esta quinta-feira, altura em que têm de ser afixados os resultados oficiais.
O caso Braga
Lisboa não é caso único. Em Braga, os socialistas dizem manter "em aberto" a possibilidade de "acionar todos os mecanismos legais ao dispor", após perderem a Câmara para o PSD por 276 votos. Num comunicado às redações, a estrutura bracarense do PS fala “numa diligência habitual, sempre que a distância entre as duas candidaturas justifica uma reapreciação cuidadosa e detalhada, de forma que não subsistam nenhumas dúvidas e se reforce a segurança e a certeza dos resultados apurados”.
Será “no decorrer desse processo” que os socialistas decidem se vão apresentar ou não junto do juiz competente pedidos formais de recontagem de mesas eleitorais.
O caso Loulé
Hélder Martins, candidato social-democrata a Loulé, pediu a recontagem de votos após ter perdido por 79 votos para Telmo Pinto, do PS. Segundo declarações do candidato à SIC Notícias, na freguesia de Quarteira foram detetados “documentos que faltavam, outros que não estariam conformes e isso parece-nos estranho”.
“Há aqui ainda outras análises que estamos a fazer e a própria assembleia de apuramento geral constatou que falta um voto ou há um voto a mais. São situações que não nos parecem muito claras e, como queremos toda a legalidade em cima da mesa, estamos a tratar do assunto”, acrescentou durante a manhã o candidato da coligação derrotada.