Emissões poluentes voltam a cair com aumento do investimento do Estado e indústria no ambiente - TVI

Emissões poluentes voltam a cair com aumento do investimento do Estado e indústria no ambiente

  • ECO - Parceiro CNN Portugal
  • Ana Batalha Oliveira
  • 22 dez 2022, 13:58
Pedestres caminhando através do denso nevoeiro em Calcutá, Índia, 15 de dezembro, 2021.

No reverso da moeda, os resíduos setoriais aumentaram mais de 20%, em particular no setor da construção

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As despesas para a proteção do ambiente em 2021 aumentaram quase 34% na Administração Pública e 18% na indústria. No mesmo ano as emissões de gases com efeito de estufa caíram 1,3% – a quinta descida consecutiva nestas emissões, de acordo com as estimativas provisórias do o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Depois de, em 2020, Portugal ter superado a meta de redução de até 23% dos gases com efeito estufa emitidos face a 2005, em 2021 a descida foi de 33,8% face a esse mesmo ano, colocando o país no bom caminho para atingir a meta definida para 2030, quando se espera uma queda entre 45% a 55%.

A redução atual nas emissões decorre sobretudo do aumento de 4,5% da eletricidade produzida a partir de fontes de energia renovável em 2021, um crescendo que se verifica, também, desde 2017, conta o INE, no boletim Estatísticas do Ambiente, que publicou esta quinta-feira. No final do ano passado, 64,9% do total de eletricidade era produzida a partir de fontes renováveis.

No mesmo período, a despesa das Administrações Públicas em atividades de proteção ambiental manteve a tendência ascendente, fixando-se em 1.378 milhões de euros em 2021, acima dos 1.035 milhões de euros gastos em 2020. Em termos de Fundos de Coesão, até dezembro de 2021 as aprovações do Portugal 2020 no domínio do ambiente, face às dotações programadas, ascenderam a 100,4% (4.013 milhões de euros), estando concretizado 61,2% (2.443 milhões de euros) do valor das aprovações.

Do lado das empresas, 15,3% das firmas industriais desenvolveram atividades de gestão e proteção do ambiente (-1 p.p. em comparação com 2020). Os investimentos das empresas aumentaram 18,3%, sobretudo tendo em conta a variação positiva na área de “Proteção da Qualidade do Ar e Clima” (60,5%).

Também em 2021, as entidades produtoras de bens e serviços de ambiente faturaram 10,6 mil milhões de euros (contra 8,6 mil milhões de euros em 2020), dos quais 5,7 mil milhões de euros resultaram de atividades ambientais no âmbito de gestão dos recursos, correspondente a um acréscimo de 18,8% face a 2020.

Contudo, nem tudo são boas notícias. O crescimento económico a que se assistiu em 2021 deu origem a mais resíduos setoriais – subiram 20,4% –, sendo que no setor da construção o salto foi de 53,1%, a acompanhar os 39,5 mil milhões de euros adicionais de produção no setor.

“O indicador de preparação para a reutilização e reciclagem de resíduos urbanos acentuou a tendência de decréscimo, atingindo 32% em 2021 (-6 p.p face a 2020) e afastando-se da meta de 55% a atingir em 2025”, alerta o INE. A Entrada Direta de Materiais na economia nacional aumentou 6,9%, embora ainda sem atingir os níveis de 2019.

Menos área ardida

Em Portugal continental, o ano 2021 classificou-se como quente e seco. A década 2012-2021 foi a mais quente desde 1931 (anomalia de +0,49 ºC) e a segunda mais seca, correspondendo a 75% do valor normal de precipitação.

Mais uma vez, o calor trouxe consigo incêndios que devastaram uma parcela relevante do território nacional. No entanto, assinala o INE, 2021 registou o menor número de incêndios rurais dos últimos 10 anos em Portugal continental (8 186 ocorrências) e a segunda menor área ardida (28,4 mil hectares).

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