Enxaquecas estão mais perto de ser detetadas antes de acontecerem - TVI

Enxaquecas estão mais perto de ser detetadas antes de acontecerem

  • CNN
  • Madeline Holcombe
  • 11 fev, 16:00
Enxaquecas (Getty Images)

Saber quando uma enxaqueca está a chegar pode fazer toda a diferença

Não seria vantajoso ter uma ideia de quando uma enxaqueca debilitante pode estar a caminho? Um novo estudo mostrou que podemos estar quase a poder ser capazes de o fazer. 

"A principal descoberta deste estudo foi de que as mudanças na qualidade do sono e na energia do dia anterior estavam relacionadas com a dor de cabeça recorrente do dia seguinte", afirmou Kathleen Merikangas, investigadora principal do estudo publicado no jornal Neurology

Enxaquecas não são um problema que deva ser ignorado, e certamente não são apenas dores de cabeça irritantes. De acordo com um estudo de fevereiro de 2018, as enxaquecas crónicas são a principal causa de incapacidade em pessoas com menos de 50 anos.

Segundo o estudo, Merikangas, chefe do ramo de pesquisa de epidemiologia genética no Programa de Pesquisa Intramural no Instituto Nacional de Saúde Mental, e os colegas usaram diários eletrónicos para rastrear os comportamentos e sintomas de 477 pessoas ao longo de um período de duas semanas. 

A equipa responsável descobriu que a qualidade do sono e a energia eram indicadores importantes de uma crise de enxaqueca no dia seguinte. 

Os dados mostraram que aqueles que, num dia, tiveram má qualidade de sono e baixa energia eram mais propensos a ter enxaquecas na manhã seguinte. Um aumento na energia e stress mais elevado do que a média, normalmente indicavam que uma enxaqueca apareceria mais tarde no dia seguinte. 

"É um estudo muito entusiasmante devido à sua qualidade, pormenor e dimensão", afirmou o Stewart Tepper, vice-presidente do Instituto de Neurologia e Cefaleias de New England, em Stamford, Connecticut. Tepper não esteve envolvido na investigação. 

As diferenças apontam para a importância do ritmo circadiano - que regula os ciclos de sono e vigília - na manifestação de dores de cabeça. As descobertas podem servir de base para o tratamento e a prevenção das crises de enxaqueca. 

Prevenção da enxaqueca  

Saber quando uma enxaqueca está a chegar pode fazer toda a diferença - especialmente com o aumento do interesse em tratá-la antes de começar, explicou Tepper.  

"Se conseguirmos identificar coisas no ambiente susceptíveis de serem alteradas pelas pessoas, então gostaríamos de ser capazes de prevenir o problema em primeiro lugar", afirmou Merikangas. "Se pudermos fazer isso com intervenções comportamentais ... então essas pessoas podem ser capazes de evitar isso indo dormir para compensar ou fazendo qualquer outra mudança que nos impediria de ter de usar medicação para evitar a crise."

No entanto, Tepper diz não ter a certeza se as mudanças de comportamento conseguem sempre evitar uma crise de enxaqueca.  

As crises de enxaqueca não são apenas uma dor de cabeça. E sinais de alerta como fadiga, dor no pescoço e distúrbios do sono podem ser sintomas precoces de uma crise - e não apenas um gatilho de uma, acrescentou.  

Em vez disso, Tepper aconselha a intervenção com medicação antes do início da dor de cabeça, na esperança de evitar qualquer dor.  

Quanto é que é demasiado?  

Faz sentido que as pessoas possam ser conservadoras quanto ao uso de medicamentos para a dor da enxaqueca, acrescentou Tepper.  

Uma classe mais antiga de medicamentos, os chamados triptanos, foi associada a mais enxaquecas e a uma condição de enxaqueca crónica daí resultante, se usada mais de dez dias por mês, explicou.   

Mas uma opção mais recente, o rimegepant - vendido como Nurtec - não parece ter o mesmo risco.  

"Não há nenhuma desvantagem porque o rimegepant quase não tem efeitos secundários e não está associado à transformação em enxaqueca crónica", afirmou Tepper.  

O que se pode fazer em relação às enxaquecas   

O médico pode recomendar medicação para a dor para tratar as enxaquecas, mas também ajuda a conhecer os sinais de uma crise iminente, explicou Tepper.  

Para além de monitorizar o sono, o exercício físico e a dieta, Merikangas sugere que se encontre uma forma de monitorizar o stress para poder seguir os indicadores de uma enxaqueca.  

Há cinco sinais típicos de uma enxaqueca que se aproxima, segundo Tepper. São eles: sensibilidade à luz, fadiga, dor no pescoço, sensibilidade ao ruído e tonturas.  

A terapia cognitivo-comportamental é muitas vezes útil para ajudar a gerir o stress que pode desencadear crises de enxaqueca. Além disso, tomar vitaminas e suplementos, como magnésio e riboflavina, pode ser eficaz na redução da frequência da enxaqueca, afirmou Kylie Petrarca, enfermeira e diretora do programa de educação da Associação de Distúrbios da Enxaqueca, num artigo anterior da CNN.  

Não se trata apenas de evitar a dor, sublinhou Merikangas. 

"É muito importante pensar no contexto completo da nossa saúde", afirma. "Se formos capazes de caraterizar não só as dores de cabeça, mas também todos os outros sistemas, talvez consigamos perceber as causas dos acontecimentos negativos na nossa saúde." 

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