Professores preparam “assaltos aos aeroportos” para mostrar que “o país não é um paraíso para a escola pública” - TVI

Professores preparam “assaltos aos aeroportos” para mostrar que “o país não é um paraíso para a escola pública”

Manifestação nacional de professores e educadores (António Pedro Santos/ Lusa)

Movimento Missão Escola Pública tem marcados para o próximo sábado protestos nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Beja. De malas aviadas, querem mostrar que o país os “empurra para fora": "Mas é aqui que nós querermos ficar”

O movimento cívico de professores Missão Escola Pública está a preparar um “assalto aos aeroportos” do país, para mostrar a quem entra e a quem sai que Portugal “não é um paraíso para a escola pública”. No próximo sábado, promete “antecipar o 25 de Abril” e denunciar que o país os “empurra para fora”, mas que é aqui que querem ficar.

“Tentamos centrar-nos em pontos de visibilidade. Nos aeroportos, sendo uma porta de entrada e saída, queremos mostrar que o nosso país não é o paraíso que é publicitado. Pode sê-lo para quem entra, não para quem está. E não é, de certeza, um paraíso para a escola pública. Queremos mostrar que este país não é para professores. Levando também malas, queremos mostrar que estamos prontos para sair e que as condições que nos são apresentadas não tornam a carreira atrativa para ficarmos nela”, adianta à CNN Portugal a professora Cristina Mota, uma das porta-vozes do movimento.

Os organizadores do protesto querem ainda alertar a opinião pública para a desigualdade com que são tratados os professores das diferentes regiões: “As condições na Madeira e nos Açores não são iguais. Os colegas das ilhas já viram o tempo de serviço contabilizado e os do continente não. Os professores do continente têm de apanhar um avião para terem as mesmas condições dos colegas da Madeira e dos Açores.”

Os docentes da Missão Escola Pública querem ainda apelar ao Presidente da República para que vete o diploma dos concursos que tem em Belém para análise. E apelam ao Governo para que, além da reposição dos 6 anos, 6 meses e 23 dias de tempo de serviço congelado, crie condições na escola pública para que professores possam ensinar e os alunos aprender.

“Exigimos uma escola onde todos se sintam felizes. Onde os nossos filhos e alunos não tenham frio, durante o inverno, onde não haja vidros partidos e chãos degradados, onde existam laboratórios para levar a cabo o experimentalismo necessário à aprendizagem”, escrevem, num documento de divulgação das manifestações de 22 de abril.

O movimento cívico, “sem qualquer conotação partidária ou sindical”, convidou os representantes dos sindicatos a estarem presentes no protesto, mas não obtiveram, até ao momento, qualquer resposta. Em contrapartida, mal iniciaram a divulgação nas redes sociais, receberam contactos de associações de pais e de alunos que se quiseram associar, em defesa da escola pública.

O movimento, com pouco mais de um mês de vida, já foi responsável pela organização do protesto na Ponte 25 de Abril, a 20 de março, que teve como objetivo simbolizar as pontes necessárias para criar condições na escola pública e que contou com mais de mil participantes. Agora, contam com pelo menos 2 mil manifestantes só no aeroporto de Lisboa. Asseguram que todas as autorizações e comunicações necessárias foram efetuadas e que as diferentes autarquias, as autoridades e os aeroportos estão avisados da realização do protesto. “Somos professores. De forma alguma queremos colocar em causa a ordem pública”, reforça Cristina Mota, professora de Matemática na Escola Secundária do Pinhal Novo, que está no ensino há 20 anos, mas que só tem 18 anos de tempo de serviço contabilizado, muito por culpa da precariedade da carreira docente que ainda hoje afasta jovens da profissão.

Movimentos espontâneos de professores estão também a organizar encontros de reflexão sobre a escola pública. O próximo tem lugar já esta quarta-feira, na Escola Secundária do Pinhal Novo, e conta com a participação de Paulo Guinote, Sampaio da Nóvoa e Ricardo Silva.

A luta dos professores em movimentos cívicos independente dos sindicatos não se fica por aqui. Para domingo, dia 23 de abril, no Porto, está prevista uma marcha promovida pelo Movimento PEP (Pela Escola Pública). Para Segunda-feira, dia 24, está marcado o início de um acampamento no Largo do Carmo, em Lisboa, numa iniciativa organizada por vários professores que se uniram à ideia lançada no Whatsapp em grupos de professores apartidários e sem ligação à sindicatos, entre eles o grupo Rumo à Assembleia.

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