Espasmos esofágicos podem causar "transtornos de natureza psicológica": o que é preciso saber além do caso André Ventura (e ainda: a hipertensão arterial) - TVI

Espasmos esofágicos podem causar "transtornos de natureza psicológica": o que é preciso saber além do caso André Ventura (e ainda: a hipertensão arterial)

  • CNN Portugal
  • 14 mai, 11:23

Líder do Chega sentiu-se mal durante um discurso numa ação de campanha. André Ventura passou a noite hospitalizado e sabe-se agora que sofreu um espasmo esofágico, havendo indicação também de hipertensão

André Ventura sofreu um espasmo esofágico no momento em que discursava numa ação de campanha em Tavira. O líder do Chega sentiu-se mal e levou a mão ao peito - um ato que, como explica a médica intensivista e internista Ana Isabel Pedroso, "abre um leque de diagnósticos diferenciais", desde hipertensão arterial ao diagnóstico final.

Dores de cabeça, tonturas, zumbidos e aumento da frequência cardíaca. Estes são os sintomas da hipertensão arterial, que pode provocar doenças vasculares, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), dor no peito, enfarte do miocárdio, aterosclerose ou insuficiência cardíaca e renal.

Por definição, a hipertensão arterial ocorre quando há uma pressão excessiva do sangue na parede das artérias. Por consequência, os níveis da pressão arterial aumentam acima dos valores considerados normais (de acordo com a CUF, os níveis máximos de referência para hipertensão arterial estão acima ou iguais a 140 mmHge e a pressão mínima acima ou igual a 90).

A hipertensão arterial pode ocorrer devido a esforços físicos ou emocionais, como situações de stress. É natural que, logo após o pico da pressão arterial, os seus valores regressem aos valores normais (a máxima deve ser inferior a 120 mmHg e a mínima deve ser inferior a 80 mmHg).

Segundo a CUF, esta patologia só é grave e pode causar problemas de saúde quando a pressão arterial se mantém elevada ao longo de meses ou quando aumenta subitamente.

Quais os sintomas?

O aumento da pressão arterial pode danificar os vasos sanguíneos e os principais órgãos do organismo, como o cérebro, o coração e os rins, daí que esteja associada a doenças como AVC, angina de peito, o enfarte do miocárdio, a aterosclerose e insuficiência cardíaca e renal.

Os sintomas mais frequentes são dores de cabeça, tonturas, zumbidos e aumento da frequência cardíaca.

Quais as causas?

Para referência, estima-se que 42,1% da população adulta portuguesa sofra de hipertensão arterial, sendo que a grande maioria dos casos (90%, segundo a CUF), está relacionada com o estilo de vida, como o excesso de peso, consumo de sal em excesso, consumo de tabaco e bebidas alcoólicas ou café, sedentarismo e stress.

Fora estas situações, a hipertensão arterial pode ter origem no organismo, como alterações hormonais, doenças dos rins ou dos vasos sanguíneos.

Como saber se tem hipertensão arterial?

O diagnóstico de hipertensão arterial requer a medição de pressão arterial elevada (máxima acima ou igual a 140 mmHg, mínima acima ou igual a 90) em três ocasiões diferentes, ao longo de uma semana ou mais. Para medir a pressão arterial, é importante utilizar o mesmo aparelho e medir sempre no mesmo braço.

Uma vez confirmada a sua existência, devem ser também realizados outros exames que ajudem a entender a sua origem e/ou as complicações a ela associadas.

Há tratamento para a tensão arterial?

Sim, sendo que o tratamento depende da gravidade. Nos casos menos graves, basta alterar os hábitos de vida, como reduzir o consumo de sal e bebidas alcoólicas, o controlo do peso, a prática regular de exercício físico e deixar de fumar.

De resto, o tratamento pode passar pela prescrição de medicamentos, cabendo ao médico decidir qual a melhor terapêutica para cada situação.

O que é um espasmo esofágico?

Tal como o nome indica, consiste num espasmo ocorrido no esófago, que provoca uma "dor torácica aguda", como explica a médica internista e intensivista Ana Isabel Pedroso.

"Aliás, se repararmos nas imagens, André Ventura coloca a mão no peito, mas não é bem na zona do coração, é um bocadinho mais acima", refere Ana Isabel Pedroso, em entrevista à CNN Portugal.

O principal sintoma de um espasmo esofágico é precisamente uma dor no peito, por trás do esterno, o que dificulta o ato de engolir líquidos ou sólidos, provocando uma sensação de um objeto preso na garganta.

O consumo de líquidos muito quentes, muito frios ou com gás pode agravar os sintomas, tal como comer depressa.

Quais as causas?

De acordo com a CUF, estes espasmos resultam de uma perturbação do movimento peristáltico (a contração e relaxamento dos músculos que formam a parede do esófago) e que provoca um mau funcionamento dos nervos. Ou seja, na prática, o esófago abre-se e fecha-se de uma forma anormal.

Não se sabe ao certo o que causa um espasmo esofágico. Segundo a CUF, tanto pode ser resultado de refluxo gástrico como de uma alteração neuromuscular, embora estas causas sejam somente teorias, sem validação científica.

Os espasmos esofágicos raramente são fatais, mas podem ser incapacitantes, interferindo no quotidiano do indivíduo e causando "transtornos de natureza psicológica", segundo a CUF.

São várias as formas de diagnóstico de um espasmo esofágico, podendo ser determinado desde logo pela realização de radiografias, uma gamagrafia esofágica (uma prova de imagem que mostra os movimentos dos alimentos), e medições da pressão do esófago (a chamada manometria). Pode ser necessário também proceder a uma endoscopia.

Há tratamento?

Embora os espasmos esofágicos sejam difíceis de tratar (afinal, desconhece-se as suas causas), os sintomas podem ser aliviados com medicação, podendo ser necessário recorrer a analgésicos para alívio das dores. Há casos em que é necessário insuflar-se um balão dentro do esófago ou introduzir sondas para aumentar o esófago.

Se estas terapêuticas se revelarem ineficazes, recorre-se à cirurgia, "sendo realizada uma secção na camada muscular do esófago ao longo de todo o seu comprimento, de modo a reduzir a ocorrência de espasmos", explica-se no site oficial da CUF.

Por norma, explica a médica Ana Isabel Pedroso, "estes doentes ficam sempre hospitalizados". "Não é por ser a pessoa que é, mas sim porque é necessário mesmo fazer uma monitorização, uma reavaliação e análises", diz. 

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