Josué: «Estava no bunker e ouvia as bombas a cair e os aviões a passar» - TVI

Josué: «Estava no bunker e ouvia as bombas a cair e os aviões a passar»

Josué Pesqueira, jogador português do Legia Varsóvia

Estórias Made In com o médio capitão do Legia Varsóvia dias após o hat-trick na Liga polaca

Estórias Made In é uma rubrica do Maisfutebol que aborda o percurso de jogadores e treinadores portugueses no estrangeiro. Há um português a jogar em cada canto do Mundo. Este é o espaço em que relatamos as suas vivências. Sugestões e/ou opiniões para djmarques@tvi.ptrgouveia@tvi.pt ou vemaia@tvi.pt

Países Baixos, Turquia (várias vezes), Israel e Polónia. Josué Pesqueira leva quase uma década de aventuras no estrangeiro.

Aos 32 anos, o médio formado no FC Porto é hoje um homem de família, maduro, de personalidade vincada mas mais compreensivo do que noutros tempos, e é também o líder dentro de campo gigante Legia Varsóvia, que procura voltar aos títulos depois de uma das piores épocas da sua história. «Desde miúdo que eu lido bem com a pressão externa. Gosto de sentir essa pressão vinda dos adeptos ou dos media. As críticas ajudam-me a evoluir e às vezes são o meu motor para grandes exibições», diz Josué, que assinou o primeiro hat-trick de uma já longa carreira no último fim de semana. 

Motivo mais do que justificado para o Estórias Made In ir ao encontro dele para uma conversa sobre o momento que atravessa e uma viagem às muitas memórias lá fora e não só.

Desde o susto na época passada quando adeptos do Legia invadiram o autocarro da equipa e agrediram jogadores, às noites que dormiu num bunker em Israel, onde pela primeira vez na vida teve medo a sério. Ainda as peripécias na Turquia, a ligação a Paulo Fonseca, o pior ano da carreira e o refúgio (e recuperação) no Dubai e a superstição que teve no dia da final da Taça de Portugal contra o «seu» FC Porto.

O futuro? Ser treinador, diz quem gostaria de encontrar alguém com o temperamento dele no início da carreira. «Teria as ferramentas certas, não para ensinar mas para ajudar sobretudo na parte mental.»

Maisfutebol – No sábado passado acordou da mesma forma que noutros dias ou sentiu logo que esse dia seria diferente?

Josué Pesqueira – Acordei da mesma forma. Fiz tudo o que faço normalmente antes dos jogos. Mas para dormir é que foi diferente, porque foi o hat-trick da minha carreira e o Legia já não vencia o Jagiellonia em Bialystok há seis anos. A minha família também estava cá e foi muito bom chegar a casa, abrir a porta e ver a minha filha e a minha esposa contentes e orgulhosas dos três golos que eu tinha feito. Os meus amigos também me ligaram todos.

MF – Nunca tinha marcado um hat-trick na carreira nem mesmo no futebol de formação?

Josué – Eu fazia muitos golos, mas não tenho a certeza. Mas o que conto é desde que comecei a ser profissional e este foi o meu primeiro hat-trick. Antes, tive alguns jogos com dois golos, mas nunca com três: no Paços de Ferreira e em Israel também, mas um hat-trick nunca me tinha acontecido.

MF – Foi a melhor exibição da sua carreira ou coloca outras no mesmo patamar ou acima?

Josué – Em termos de números, esta foi a melhor e ganhámos também o jogo por 5-2. O hat-trick fez com que eu tivesse uma exibição espetacular, mas em termos individuais, se não pensar só nos golos, não posso dizer que tenha sido o jogo em que desfrutei mais. É óbvio que depois de fazer os três golos não posso dizer que não tenha sido a minha melhor exibição, porque fiz os três golos, ganhámos 5-2 e tudo isso ajuda a que seja uma boa exibição.

MF – Destaca alguma outra em que sinta que esteve próximo destes tais 9,8 pontos?

Josué – Em termos de números, não. Mas no ano passado houve jogos em que desfrutei mais em termos individuais. Mas nos jogos, quando se chega ao final, o que conta são os números.

MF – Ainda estamos a arrancar novembro e está já com sete golos marcados esta época, cinco nos últimos quatro jogos. Aos 32 anos, sente que está na melhor fase da carreira?

Josué – Espero que ainda venha uma fase melhor do que aquela em que estou, mas sinto-me neste momento um jogador muito maduro, experiente e isso faz muita diferença. Tenho os meus hábitos, conheço bem o meu corpo e isso faz muita diferença no dia a dia, nos treinos e no fim de semana vê-se o resultado disso. Acho que estou numa grande fase da carreira, sim.

MF – Nesta fase da carreira também é cada vez mais importante cuidar-se, certo?

Josué – Claro. É óbvio que tenho de me cuidar muito mais. Dormir e comer bem, mas acho que o descanso é mesmo o mais importante de tudo para mim.

MF – Identifica alguma mudança relevante este ano, comparativamente por exemplo com a época passada para estar a apresentar este registo de golos? Sempre foi um jogador que assistia muito, mas tirando uma época ou outra como em Israel, mas não marcava muitos golos. Mudou algo no seu posicionamento ou ao nível da confiança?

Josué – Em termos de confiança nada mudou. Mas agora jogamos com uma tática diferente: 5x3x2 e com um número 10, que sou eu. E isso dá-me muita liberdade ofensivamente e tira-me algumas tarefas defensivas que eu tinha, por exemplo, no início do ano, quando jogávamos noutra tática e eu não chegava tão perto da área. Agora estou na posição que mais gosto e que eu considero a minha posição ideal e acho que eu e a equipa estamos a ganhar com isso. O ano passado foi um ano atípico para um clube. Um ano difícil em que eu só pensava em ganhar os jogos e em salvar o clube juntamente com os meus colegas, mas também foi um ano muito bom a nível pessoal: acabei com 18 ou 19 assistências, coisa que nunca tinha feito.

MF – Na época passada, o Legia acabou o campeonato em 10º e andou na zona de despromoção algum tempo. O que é que se passou para que uma equipa que estava para a Polónia quase como o Bayern Munique está para a Alemanha caísse tanto? Mais uma questão de confiança do que de qualidade do plantel?

Josué – Aconteceram muitas coisas ao redor e dentro do clube. Depois, acho que a mentalidade também não foi a certa até janeiro. Em dezembro, o [Aleksandar] Vukovic passou a ser o treinador e mudou totalmente a mentalidade da equipa e ao redor da equipa, o que também é importante. E a partir de janeiro começámos a fazer muitos pontos e tivemos uma sequência de sete ou oito jogos sem perder. Foi um ano atípico em que aconteceram muitas coisas.

MF – Foi público, por exemplo, um episódio em que alguns adeptos do Legia invadiram o autocarro da equipa e agrediram jogadores depois de uma derrota.

Josué – Isso aconteceu depois de um jogo fora com o Wisla Plock, que é perto de Varsóvia. Ao chegar ao centro de treinos, o autocarro parou e estavam lá muitos adeptos. Nem dava para contar. Foi algo mentalmente muito difícil.

MF – Nessa altura sentiam que jogavam quase com uma faca encostada ao pescoço, por assim dizer?

Josué – Eu sentia que os meus colegas entravam em campo já com algum receio de que as coisas corressem mal. Não tínhamos confiança nenhuma e isso fez com que duvidássemos do nosso valor. Foi um ano muito difícil a nível mental.

MF – O que é que lhe passou pela cabeça nesse momento em que os adeptos subiram ao autocarro e agrediram colegas seus? A si tocaram-lhe?

Josué – A mim não me tocaram. Mas não tive reação. Lembro-me de que foram três ou quatro adeptos. O Luquinhas, que jogou no Vilafranquense, no Aves e no Benfica B, estava ao meu lado e foi agredido. Ele nessa altura até estava a ser o melhor jogador da nossa equipa. Fiquei sem palavras, sem reação.

MF – Ponderou deixar o clube nessa altura?

Josué – Não. Apesar desse acontecimento, isso não me passou pela cabeça. É óbvio que fiquei com receio, porque aqui os adeptos vivem mesmo muito o clube. Mas eu também percebo grande parte dos adeptos. No fim de semana vão ao estádio e querem que a equipa ganhe sempre e não percebem porque é que a equipa não ganha. Mas é claro que há linhas que não se devem ultrapassar.

MF – Este ano as coisas têm sido pacíficas?

Josué – Logo em janeiro, quando começámos a ganhar mais jogos, as coisas melhoraram. Ainda havia alguma desconfiança, mas na fase final da época já tínhamos feito, entre aspas, as pazes. E este ano estamos num bom caminho, temos uma equipa técnica nova e muitos jogadores novos. Estamos a fazer um excelente trabalho. Vamos no segundo lugar a sete pontos do primeiro. Mas, aqui, sete pontos não têm o mesmo peso que em Portugal, em que são muito difíceis de recuperar. Aqui recuperam-se mais facilmente.

MF – O campeonato polaco é mais competitivo?

Josué – É muito competitivo. Perdem-se pontos quando e contra quem menos se espera. Mas estamos num bom caminho e estamos na luta pela Liga polaca.

MF – Que outras diferenças identifica entre Liga polaca e a portuguesa?

Josué – A nível tático, o campeonato português está num nível muito acima. O futebol polaco é muito físico e muito de contra-ataque. Em Portugal, quando uma equipa está a ganhar 2-0, está tranquila e sabe gerir o jogo com bola e arriscar no momento certo. Aqui, uma equipa pode estar a ganhar 2-0, mas põe-se muito a jeito de sofrer um golo e os jogos estão sempre em aberto até ao final. E é muito raro ver empates a zero. Há golos praticamente em todos os jogos.

MF – O Legia está no segundo lugar da Liga polaca ao fim de 15 jornadas a sete pontos da liderança. Com que expetativas partiu o clube para esta época depois de uma que foi das piores de sempre? A fasquia estava lá em cima ou foram mais prudentes a traçar objetivos?

Josué – No início do ano, toda a gente dizia que o Legia ia voltar a ser a equipa do ano passado e que íamos voltar a lutar para não descer. Mas nós sabemos que temos qualidade e acho que estamos num bom caminho para podermos lutar com o Raków. Mas no início do ano ninguém nos colocava no segundo lugar.

MF – O Josué está na segunda época no Legia e já é capitão de equipa, algo que não é propriamente habitual…

Josué – No início da época o treinador chamou-me e perguntou-me se eu gostava de ser capitão. Nunca tinha sido capitão e foi um bocadinho um choque [risos]. Fiquei como segundo capitão, mas o primeiro capitão, que era o Mateusz Wieteska, saiu para o Clermont, de França. E depois da saída dele fiquei como primeiro capitão. É óbvio que fiquei surpreendido, porque só estava há um ano no clube e normalmente os capitães das equipas por onde passei costumavam ser os jogadores que tinham mais anos de casa. No Legia temos um jogador que tem muitos anos e títulos no clube, mas o treinador optou por me escolher. É uma responsabilidade muito grande e um orgulho ser capitão de um clube como o Legia, que é muito grande e significa muito para as pessoas.

MF – E pelos números que apresenta esta época não tem acusado o peso dessa responsabilidade.

Josué – Desde miúdo que eu lido bem com a pressão externa. Gosto de sentir essa pressão vinda dos adeptos ou dos media. Gosto de sentir isso. As críticas ajudam-me a evoluir e às vezes são o meu motor para eu poder fazer grandes exibições como esta do fim de semana.

MF – Já tinha conhecido adeptos tão intensos como os do Legia Varsóvia? Há comparações com FC Porto ou o Galatasaray?

Josué – No FC Porto e no Galatasaray também são muito intensos, mas no Legia é diferente. Em Portugal, por exemplo, usar a pirotecnia é ilegal. Aqui paga-se uma multa, mas em todos os jogos os adeptos fazem coisas fantásticas. No que toca aos sentimentos que passam para os jogadores no campo, o Legia é o top.

MF – E que balanço faz deste ano e qualquer coisa a jogar e a viver na Polónia? Está a gostar?

Josué – Estou a gostar de jogar e Varsóvia é uma cidade incrível para se viver. A única parte chata é que no inverno às 18h30 já é noite cerrada. O sol faz-me falta. Em Portugal faz frio no inverno, mas há sempre um solzinho e aqui nem vê-lo. No ano passado custou-me mais, mas agora já estou mais habituado.

MF – E já faz muito frio nesta altura do ano?

Josué – Nesta altura devem estar uns 5 graus à noite, mas daqui a umas duas semanas já devemos ter temperaturas de -10 ou -8. No ano passado também passei muito mal com o frio. Quase não chove – até chove mais no verão – mas neva muito e há muito gelo. Há muitos campos com aquecimento para treinar, mas a relva congela.

MF – A Polónia faz fronteira com a Ucrânia e acaba por ser uma porta de entrada de muitos milhares de refugiados. Aí em Varsóvia sente-se muito o impacto da guerra?

Josué – Noto que há muitos mais ucranianos a viver em Varsóvia e que o preço das casas arrendadas aumentou gigantescamente em poucas semanas. Tirando isso, não.

MF – E como é que se safa a viver sozinho?

Josué – [risos] Comecei a viver sozinho quando fui para Israel. A minha mulher e a minha filha estão em Portugal por causa da escola. Quando eu comecei a viver sozinho, não sabia estrelar nem um ovo! Faço pratos simples, não arrisco muito na cozinha. Fui aprendendo. Fazia videochamadas com a minha esposa e ela ensinava-me a fazer arroz, frango grelhado. São coisas simples, mas que eu não sabia fazer e nem dava muito valor a isso, mas hoje dou. A isso e a outras coisas. Obviamente que é difícil chegar a casa depois de um jogo e não ter aqui a esposa e a filha para aquele abraço que é importante nas fases boas e ainda mais nas más. É muito difícil, mas é também o futuro da minha filha que está em jogo e isso é o mais importante.

MF – A forma como olha para a sua carreira mudou depois de ser pai?

Josué – Sem sobra de dúvidas! Quando a minha filha nasceu, olhei para a carreira não com outros olhos, mas passei a pensar também noutras coisas. Mudou tudo.

Josué com a filha quando estava nos israelitas do Hapoel Beer Sheva

MF – Feitas as contas, já são à volta de dez anos a jogar no estrangeiro e tudo começou em 2010 nos Países Baixos, no VVV-Venlo. Que memórias guarda desses tempos?

Josué – Eu cheguei à Holanda para substituir um craque.

MF – Que era…?

Josué – O Keisuke Honda, um japonês que depois até jogou no Milan. Nessa altura, ele saiu para ir jogar no CSKA Moscovo e o peso era um bocadinho grande, mas eu era um miúdo atrevido que não tinha medo de nada. Os primeiros seis meses correram bem. Jogava regularmente, mas não estava nada preparado para sair do país e não sabia quais eram as dificuldades que ia encontrar. E isso começou a pesar passado algum tempo: saudades, problemas por não falar nada de inglês e não conseguir comunicar com ninguém, à exceção dos meus colegas com quem vivia, o Jorge Chula e o Diogo Viana. E as únicas vezes em que ia a Portugal era para ir à seleção sub-21 e tudo isso começou a pesar.

MF – E não jogou na segunda metade da época.

Josué – Sim. Eu fui para lá por causa de um treinador que era o Jan van Dijk. Ele depois foi destituído, veio outro treinador, eu deixei de jogar e em março voltei para Portugal antes do campeonato acabar porque já não aguentava mais estar lá. Nessa altura também conheci a minha mulher e também foi muito por aí. Num dia, depois de ir a Portugal para jogar pelos sub-21, ela foi-me pôr ao aeroporto e eu disse-lhe: ‘Espera por mim que eu já venho.’ Às vezes ainda brinco com ela a propósito disso. Chorei, vi que não estava lá a fazer nada e voltei para Portugal.

MF – O Josué de atualmente seria capaz de fazer algo deste género?

Josué – Pela minha mulher e pela minha filha deixo tudo. Por elas era capaz de largar tudo, sem sombra de dúvidas.

MF – Depois, vai para o Paços de Ferreira, regressa ao FC Porto, onde já tinha sido formado, e volta a emigrar em 2014, para jogar nos turcos do Bursaspor. Foi uma época com grandes registos a nível pessoal.

Josué – Quando apareceu o interesse do Bursaspor, comecei a falar com os meus empresários, que ainda hoje são os mesmos: o Carlos e o Vítor Gonçalves, da Proeleven. E disse: ‘Vou para a Turquia?! Não conheço nada de lá, nem sei se andam de carro ou a cavalo.

MF – Concretamente, que ideia tinha da Turquia. Um país hostil? Fechado?

Josué – Um país fechado, difícil para viver e para os estrangeiros. Mas quando lá cheguei vi o oposto: um país bom para viver, nada hostil. E os adeptos vivem muito o futebol e respeitam muito os jogadores. Todo o tempo em que vivi na Turquia foi incrível. Aliás, a minha esposa ainda hoje diz que o país em que mais gostou de estar e de viver foi a Turquia.

MF – E Bursa, pelo que vi, não fica muito longe de Istambul, o que até é bom.

Josué – Não fica longe, mas naquela altura demorávamos algum tempo a chegar lá, porque em 2014 não havia uma ponte que entretanto foi construída. Agora, numa hora e um quarto chega-se de Istambul a Bursa, mas na minha altura lá ou íamos de ferry ou à volta de carro. A minha esposa enjoava e eu, que tenho algumas paranoias [risos], tinha medo que aquilo parasse no meio do mar. E íamos à volta: conduzíamos três horas e dávamos a volta à costa toda para chegarmos a Istambul. De ferry eram duas horas e dez, mas eu preferia ir de carro, mesmo não sendo sempre autoestrada.

MF – O Josué faz uma primeira época muito boa no Bursaspor, mas na segunda sai a meio para o Sp. Braga. As coisas não estavam a correr bem?

Josué – Do núcleo duro, eu fui o único jogador que ficou na equipa da primeira para a segunda época. Todos os outros saíram. Foi um ano muito difícil, de transição e com muitos jogadores novos, e as coisas não correram tão bem como no ano anterior.

MF – O que é que provocou essa razia no plantel?

Josué – O presidente do clube quis vender a maioria dos jogadores para fazer receita e depois, em vez de usar essa receita para investir na equipa no ano seguinte, deixou de investir. Os jogadores eram todos novos, a qualidade já não era mesma e também é preciso tempo para os jogadores se conectarem. E no campeonato não há tempo. E eu, quando estou mal, sou a primeira pessoa a dar um passo e peço para sair. Um dia eu estava no Mar Shopping a jantar e estava a dar um Braga-Leixões para a Taça da Liga. Eu estava a olhar para a televisão, deu-me um flashezinho e disse assim à minha mulher:

- Amor, eu vou para o Braga!

- Vais para onde?

- Para o Braga!

MF – (…)

Josué – Saiu-me aquilo. Eu sou uma pessoa espontânea. E depois liguei ao Nuno Campos, que era o adjunto do Paulo Fonseca. Ele disse-me que não tinham dinheiro para pagar o meu salário. Eu disse-lhe que não queria saber do salário. O que queria mesmo era ir jogar para o Braga. Eu também já conhecia o Paulo Fonseca e as coisas fizeram-se em dias. Foram seis meses incríveis num clube incrível e com pessoas incríveis que me respeitaram e deram-me muito carinho.

MF – Tinha saudades de trabalhar com o Paulo Fonseca, com quem já tinha estado no Paços e no FC Porto?

Josué – Tinha saudades e senti que era mais uma oportunidade para poder trabalhar com ele, evoluir e jogar num grande clube como o Sp. Braga é e já era na altura. E a época culminou com a vitória da Taça de Portugal.

MF – Contra o FC Porto, o clube ao qual ainda estava contratualmente ligado.

Josué – Sim. E a minha equipa do coração, da qual sou adepto. Na altura não podia jogar contra o FC Porto no campeonato, mas na Taça podia. E é curioso porque eu antes do jogo estava a sentir que ia marcar golo. Não sei porquê, mas até disse à minha esposa: ‘Vai-me calhar a mim.’

MF – É quase um clássico…

Josué – É verdade [risos]. É dos únicos jogos em que eu não me lembro de nada do que se passou depois do golo até eu ser substituído. Se me perguntarem o que é que eu fiz depois do golo ou que jogada tive… não me lembro de nada. Na-da! Lembro-me até ao golo e depois já não me lembro de nada. Não queria acreditar: era o clube do meu coração, pelo qual eu ainda tinha contrato. Foi difícil, um misto de sentimentos.

MF – Sobre o Paulo Fonseca. Ficaram amigos? Ainda falam regularmente?

Josué – Às vezes falamos, mas a minha esposa fala mais com ele. Ele ainda hoje considera a minha filha como neta dele. Falo com ele e muito, mas muito mesmo, com o Nuno Campos, que hoje é treinador principal. Também falo algumas vezes com o Pedro Moreira, que hoje é o treinador do Torreense. Gosto muito do Paulo e estou sempre a torcer por ele.

MF – Depois dessa meia-época no Braga é emprestado a um dos maiores clubes da Turquia: o Galatasaray. Suponho que nem tenha hesitado quando surgiu essa possibilidade…

Josué – O Bruma ligou-me e disse-me que o treinador – o Jan Olde Riekerink, um holandês – estava interessado em mim. Obviamente que nem hesitei, porque também tinha a intenção de voltar à Turquia. E jogar no Galatasaray foi um sonho tornado realidade. É um clube muito grande, com muitos adeptos e parece que joga sempre em casa mesmo fora da Turquia. Na Polónia perguntam-me muitas vezes porque é que eu estava sempre a trocar de clube e não percebem que antigamente era normal os clubes grandes terem muitos jogadores e depois andarem a emprestá-los. Hoje já não é tão usual, mas na minha altura era normal.

MF – O Bruma é que foi o primeiro intermediário, digamos assim, quando apareceu o Galatasaray?

Josué – Não. Primeiro foi o meu agente, que me disse que o Galatasaray estava interessado e depois, passado umas horas, o Bruma ligou-me e explicou-me que o treinador estava interessado em mim, como é que o clube era e que jogadores tinha. Foi um sonho tornado realidade poder jogar com o Sneijder, o Nigel de Jong, o Lukas Podolski e o Fernando Muslera.

MF – Grandes nomes. Quem mais o surpreendeu?

Josué – O Sneijder surpreendeu-me muito, mas mais como pessoa, porque já sabia o craque que ele era. Real Madrid, Inter Milão, Ajax. Talvez por isso, pensei que ele tivesse uma personalidade mais difícil. Mas não! Aliás, acho que ele até foi um dos jogadores mais simples que apanhei num balneário até aos dias de hoje. Era alguém que se dava muito às pessoas e que falava espanhol, o que também ajudava. Gostei muito de aprender e de jogar com ele. Em termos de técnica destacaria o Sneijder e o Podolski surpreendeu-me pela maneira tranquila que tem a finalizar. Ele está agora na Polónia e há umas duas semanas numa outra entrevista, eu também falei nele e disse que em dez remates ele faz sete golos. Esta semana, no jogo dele, em dois remates fez um golo. Obviamente que ele já não é o mesmo Podolski, mas quando a bola vai para o pé esquerdo dele, tem muita qualidade. Esses dois foram os que mais me surpreenderam: eles e o Muslera, que foi o melhor guarda-redes com quem joguei até hoje.

MF – O Sneijder jogava na mesma posição que o Josué. Foi buscar muita coisa dele?

Josué – Tentava. A maneira como ele recebia a bola sempre virado para a frente. Ele não era muito de fintas. Era o tipo de jogador que jogava aquele futebol simples, que é ainda mais difícil. E em termos de passe e de bolas paradas era um génio.

MF – E vocês era compatíveis no onze?

Josué – Jogámos várias vezes no mesmo onze. Jogávamos com dois pivôs: dois oitos ou dois seis. Eu jogava por trás e ele mais à frente.

MF – Que balanço faz desse ano no Galatasaray a nível pessoal e coletivo?

Josué – A nível coletivo foi um ano mau, porque o clube ficou muito aquém da expetativa. O Galatasaray luta sempre pelo título e acabámos o campeonato em sexto ou sétimo. Em termos individuais, podia ter sido um ano muito melhor, mas acho que foi um ano bom.

MF – Houve a possibilidade de ficar no clube?

Josué – Havia o interesse, mas nunca foi feita uma proposta oficial. Nessa altura eu ainda tinha contrato com o FC Porto e tinha um valor de mercado alto, a rondar os 7 ou os 8 milhões de euros, e sabia que era impossível fazerem uma oferta de compra, porque o clube estava a passar por dificuldades financeiras. Voltei para Portugal e fiz a pré-época na equipa B do FC Porto até arranjar solução. E a minha opção era continuar a jogar fora, voltar a sair de Portugal. E no final do mercado acabei por ir para o Osmanlispor, que hoje se chama Ankaraspor. Um clube que já tinha manifestado interesse em mim em janeiro desse ano, mas na altura eu não quis sair do Galatasaray. Ao início tudo correu bem, mas a partir de novembro as coisas mudaram. Eu ia para um jogo em que não ia ser titular quando a minha mulher descobriu que tinha cancro. Tudo caiu sobre mim e depois as pessoas do clube também não me perceberam. Pensaram que eu não queria ir para o jogo porque não ia jogar a titular. E passado uns meses acabei por rescindir.

MF – Sente que pode também não ter aberto a janela da sua vida pessoal?

Josué – Talvez. Se calhar também foi um bocadinho erro meu não ter aberto logo essa janela com eles, mas pronto. Rescindi por justa causa, fomos para a FIFA e eu ganhei o caso. Passado uns tempos, o meu pai também faleceu e eu fiquei seis meses sem jogar futebol. Fui para o Dubai, para uma academia de alto rendimento. Naquela altura não me sentia bem, não me sentia preparado para abraçar um novo projeto. Fui para o Dubai, continuei a treinar e a trabalhar forte. Foram quatro meses que me ajudaram a estar bem fisicamente e, principalmente, mentalmente, porque eu não estava estável para poder ir para uma equipa e dar o que esperavam de mim.

MF – Precisava mesmo dessa pausa.

Josué – Exatamente. Lembro-me que o meu agente até me chamou maluco [risos].

MF – Sente que é daqueles jogadores que dá muito trabalho ao seu agente? Não apenas por mudar muitas vezes de clube?

Josué – Não. Eu tenho uma relação incrível com eles, são quase como uns pais ou irmãos. Agora já não sou assim, mas sei que houve alturas em que fui um bocadinho rude com eles. Mas agora percebo o lado deles: com a idade, a experiência e o amadurecimento já me ponho do outro lado. Antes só pensava no ‘eu’. Tinha o meu ego, só pensava em mim e eu é que era importante. Agora percebo o lado deles e é óbvio que o melhor para mim também é o melhor para eles. Mas era um bocadinho chato com eles. Mas nessa altura eu sentia mesmo que tinha de fazer aquilo. Precisava mesmo de pensar no que é que ia fazer e de perceber se eu conseguiria voltar a ser a mesma pessoa e o mesmo jogador. E no verão seguinte voltei a ser o mesmo Josué, o mesmo jogador.

MF – É escusado perguntar se esse foi o pior ano da sua carreira.

Josué – Foi o pior da minha vida, mesmo. Por tudo o que aconteceu.

MF – Voltando um bocadinho atrás, à sua saída do FC Porto, como é que se sentiu quando se desvinculou do FC Porto e passou a ser, de certa forma, mais dono do seu próprio destino? Triste? Aliviado?

Josué – Por um lado, fiquei satisfeito porque podia ir para onde eu queria. Mas por outro fiquei triste porque queria ter dado muito mais de mim ao meu clube do coração. Mas repito o que digo aos meus amigos que muitas vezes me dizem que eu podia hoje em dia estar a jogar no FC Porto. O que deveria ter acontecido, aconteceu. Não gosto muito de ficar a pensar no passado. É óbvio que fiquei triste, porque sabia que tinha qualidade para dar muito mais. Mas as oportunidades também não surgiram.

MF – Em 2017, quando deixa definitivamente o FC Porto, é o ano em que Sérgio Conceição chega ao clube. Gostava de ter tido a oportunidade de trabalhar com ele?

Josué – Na altura eu nem pensava em poder integrar a equipa principal. Só pensava em arranjar um clube e poder jogar futebol. Agora, olhando para trás, gostava de ter podido jogar com o Sérgio Conceição como treinador. Mas não aconteceu. Na altura foi bom para mim e para o clube.

MF – Em 2018, depois de ter estado aqueles meses a trabalhar numa academia no Dubai, volta à Turquia, para jogar no Akhisar. E há algo atípico que salta à vista dessa época, porque a equipa ganha a Supertaça, vai à final da Taça e fica em último na Liga turca. Como é que isto se explica?

Josué – Era um clube que não estava preparado para nada. Nós jogávamos à quinta-feira para a Liga Europa e viajávamos à terça com voos de duas e três escalas, saíamos de um jogo, dormíamos umas horas e viajávamos de autocarro.

MF – Tudo para poupar dinheiro?

Josué – Nem sei… Lembro-me de irmos jogar a Sevilha, perdermos cinco ou 6-0, depois acordámos a meio da noite para viajar para Málaga de autocarro e depois de Málaga voámos para Istambul. Aí, ainda apanhámos o avião para Izmir. Faziam coisas inexplicáveis e numa equipa profissional, a jogar competições europeias durante a semana e campeonato ao fim de semana, essas coisas pagam-se caro, porque não tínhamos o descanso adequado. Chegámos a ir para os jogos e havia jogadores nossos a dormir no aeroporto. Era amadorismo e a prova disso é que o Akhisar está hoje na terceira ou quarta divisão turca. As pessoas que estavam dentro do clube eram boas, mas as que dirigiam eram muito amadoras. O estádio era bom, mas o centro de treinos era uma vergonha. As casas de banho, por exemplo, ainda eram à moda antiga.

MF – E a nível salarial?

Josué – Era dos poucos clubes na Turquia que pagava o salário a horas. Esse era um dos pontos fortes do Akhisar. No Bursaspor e até no Galatasaray tive salários em atraso.

MF – E entretanto, em 2019, muda-se para Israel, para jogar no Hapoel Beer Sheva. Correu bem?

Josué – Correu. Foi uma aposta no escuro. A época estava quase a começar, eu fui rejeitando algumas ofertas e no final as minhas opções eram: o Beitar Jerusalém, o Hapoel Beer Sheva e mais umas equipas da Turquia, mas eu estava cansado da Turquia e não queria voltar. Fui para o Hapoel Beer Sheva e adorei estar naquele clube. O treinador que me levou é o atual treinador do Maccabi Haifa, adversário do Benfica na Champions. Passados dois ou três meses, ele foi despedido e o primeiro ano foi um bocadinho atípico em termos de resultados no campeonato, mas no final conseguimos ganhar a Taça de Israel e conseguimos o apuramento para as pré-eliminatórias da Liga Europa, que era um objetivo do clube. Foi um ano difícil, também por causa da covid-19. Foi muito difícil para mim, que estava lá sozinho. E eu fiquei mesmo em pânico com a covid. Nem saía de casa.

MF – Tinha muito receio de estar no meio de pessoas?

Josué – Tinha receio de tudo. Não saía de casa para nada. Mesmo para nada. Fiquei com aquela paranoia de que alguém podia passar-me o vírus e que eu podia passar mal. Estava sozinho e entrei um bocadinho em colapso.

MF – Israel fechou-se muito, não foi?

Josué – Israel foi dos primeiros países a fecharem as fronteiras e esse foi um dos temas que me deixou um bocadinho em paranoia. Pensava: ‘Se acontecer alguma coisa, o que é que vai ser de mim, que estou aqui sozinho?’ Eu não podia ir para lado nenhum, não podia viajar, não podia ir para a Jordânia ou para o Egito para apanhar um avião. Estava tudo fechado.

Com a mulher e a filha

MF – Esteve muito tempo sem estar com a sua mulher e a sua filha?

Josué – Já nem sei quanto, mas estive muito tempo sem estar com elas. Seguramente muitos meses. A minha filha estava a crescer todos os dias e eu a perder isso. Ainda agora me custa muito, mas nessa altura fiquei mentalmente de rastos.

MF – Com que expetativas foi para Israel? Os portugueses que jogam lá falam de um país seguro, mas normalmente as notícias que nos chegam de Israel não são as melhores.

Josué – Só sabia as notícias que vemos na televisão, que são sempre negativas. Mas é um país lindíssimo, incrível. Não tinha noção nenhuma da qualidade de vida daquele país, que é incrível. O custo de vida também é elevado. Comparando com Varsóvia, ir a um restaurante a Telavive é três ou quatro vezes mais caro, mas gostei muito do país. Está sempre bom tempo, calor, sol, há praias e isso também ajuda. E também tinha lá o Miguel Vítor, a esposa dele – a Tânia – e o David Simão, que me ajudavam a passar o tempo.

MF – O Miguel Vítor já joga há vários anos em Israel. Aconselhou-se com ele durante esse processo da transferência?

Josué – Sim. O meu agente também é o agente do Miguel Vítor e falei com ele, como é óbvio. Meia-época depois, o David Simão também foi para lá e também tem o mesmo agente. A chegada dele também me ajudou muito.

MF – Criaram quase uma irmandade?

Josué – Andávamos sempre juntos. Nós nem sequer íamos para os jogos de autocarro: íamos e voltávamos os três no mesmo carro.

Com David Simão e Miguel Vítor no Hapoel Beer Sheva

MF – E sentiu-se sempre seguro em Israel?

Josué – Senti-me sempre seguro até ao meu segundo ano, que foi quando Israel andou a trocar aquelas bombas com o Hamas e essa foi a primeira vez em que não me senti seguro na vida. Foi a primeira vez em que tive mesmo medo e em que ouvi bombas a cair a meio quilómetro da minha casa, nem isso. Estava no bunker e ouvia as bombas a cair, os aviões a passarem e o alarme tocava de cinco em cinco ou de dez em dez minutos para irmos para o bunker. Foram 11 ou 12 dias de muito stress.

MF – E o campeonato teve de parar.

Josué – Nessa altura, o campeonato parou, sim. Lembro-me que íamos jogar ao Ashdod, que tem o estádio mais antigo de Israel. Nessa altura, eu perguntei: ‘Se toca o alarme, para onde é que vamos?’ Responderam que tinham um bunker com capacidade para 20 pessoas e nós, só entre jogadores, éramos mais de 20. Comecei a pensar: ‘Eu não jogo aqui’.

MF – E o jogo?

Josué – Felizmente acabou por ser cancelado e voltámos para as nossas casas. Ashdod fica pertíssimo da Faixa de Gaza e podia passar-se algo muito grave.

MF – Em Israel, quase todas as casas têm um bunker, certo?

Josué – Todas as casas têm um bunker. E quando toca o alarme temos um determinado tempo para entrar no bunker. Em Beer Sheva penso que tínhamos um minuto e dez, mas há cidades em que as pessoas têm 20 segundos para ir para os bunkers para se protegerem. Tudo depende da distância para a Faixa de Gaza.

MF – O que é sentiu da primeira vez em que ouviu o alarme e teve de ir para o bunker?

Josué – Acho que nunca corri tão rápido na minha vida. Era um bunker antigo na cave de casa e a internet nem sequer funcionava bem lá dentro. Foram 11 dias difíceis. Cheguei até a dormir no bunker porque tinha medo de adormecer no quarto ou na sala e não ouvir o alarme. Pus lá uns cobertores e umas almofadas. Nem sei quantas vezes fui para o bunker. Ia muitas vezes por dia.

MF – E passou esses 11 dias sempre fechado em casa? Não havia treinos?

Josué – Para os jogadores israelitas, aquilo é algo que eles encaram com normalidade e muitos iam treinar. Eu não saía de casa para nada. Iam-me levar comida.

MF – Já pensa muito no pós-carreira?

Josué – Sendo sincero, ainda não penso muito nisso. Ainda não tenho curso, mas gostava de ser treinador. Tenho algumas coisas em mente e ainda vou decidir o que fazer. Sei que gostava de ser treinador e sei que tenho capacidade para isso, mas não sei se isso irá acontecer.

MF – E na forma como concebe o futebol, há lugar numa equipa sua para um número 10?

Josué – Há por eu ser um número dez. Óbvio que é difícil haver um número dez como havia antigamente. Como o Riquelme, que era o meu ídolo. Se me perguntarem se eu só quero atacar, eu assino por baixo, mas sei que como número dez também tenho de defender. Eu há uns dias acabei um jogo com 10,8 quilómetros e antes era impensável ver um dez a correr tanto. É verdade que hoje em dia não é qualquer equipa que usa o número dez, que hoje também tem mais tarefas do que tinha.

MF – E como é que o Josué treinador lidaria se tivesse na sua equipa alguém como o Josué era no início da carreira?

Josué – É uma pergunta que me fazem muitas vezes [risos]. Acho que há 15 anos a paciência e as conversas que se tinha com os jogadores não eram as mesmas. As oportunidades também não eram as mesmas e também se tinha menos respeito pelo jogador jovem. Seria engraçado e gostava de poder lidar com um jogador como eu, porque acho que teria as ferramentas certas, não para ensinar mas para ajudar sobretudo na parte mental.

Josué no momento da assinatura de contrato com o Legia, em 2021

MF – Está no segundo ano no Legia. É o último de contrato?

Josué – Sim.

MF – Pensa em voltar para Portugal?

Josué – Vai ser difícil voltar para Portugal. Já são muitos anos fora e a minha opção, para já, é ficar no estrangeiro.

MF – Gostava de renovar contrato com o Legia?

Josué – Não sei o que vai acontecer. Estou focado apenas em desfrutar do futebol e em tentar ser campeão polaco. Acabar a época e ser campeão sendo capitão seria uma grande proeza espetacular na minha carreira. Os contratos não dependem só de mim, mas também do clube onde estou e das ofertas que possa vir a ter.

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