Deixar de comer carne? Para muitos dos mais novos, também é uma questão moral - TVI

Deixar de comer carne? Para muitos dos mais novos, também é uma questão moral

Diz o estudo que é entre os 11 e os 18 anos que mudam de atitudes em relação aos animais enquanto alimento. (Pexels)

Para as crianças, os animais de quinta, como vacas, ovelhas e cabras, merecem o mesmo tratamento que é dado aos animais de estimação. Para os mais novos é menos moralmente aceitável comer carne do que para os adultos

As crianças diferem dos adultos na visão moral que têm sobre os animais: para os mais novos é menos moralmente aceitável comer carne do que para os adultos, concluiu um recente estudo da Universidade de Exeter em parceria com cientistas da Universidade de Oxford. Os mais novos defendem que o gado deve ter o mesmo tratamento dos animais de estimação.

Publicado na revista Social Psychological and Personality Science, o estudo teve por base entrevistas a 479 pessoas, todas elas residentes em Inglaterra e com idades compreendidas em três faixas etárias distintas: crianças dos 9 aos 11 anos, jovens adultos dos 18 aos 21 anos e adultos dos 29 e 59 anos. O objetivo era simples: avaliar a forma como cada grupo etário encarava os animais de quinta, como os porcos, e os animais domésticos, como os cães.

Segundo o estudo, as crianças são menos propensas do que os adultos a pensar nos animais como alimento, uma vez “há evidências de que desde cedo as crianças se preocupam com conceitos morais, incluindo a aversão ao dano”, algo que também os adultos demonstram, mas de uma forma bastante diferente. “Muitos consumidores adultos têm aversão a danos contra entidades vivas, mas aceitam sistemas de produção de alimentos que envolvam danos para manter suas práticas alimentares”. Além disso, “em comparação com adultos jovens e adultos, as crianças mostram menos especismo, são menos propensas a categorizar animais de quinta como alimento, acham que os animais de quinta deveriam ser tratados melhor e consideram que comer carne e produtos animais é um ato moralmente menos aceitável”.

Os dois grupos de adultos apresentaram visões parecidas quanto ao quão moral é comer carne, algo que têm como aceitável, e é na adolescência que essa postura se começa a formar. Diz o estudo que é entre os 11 e os 18 anos que mudam de atitudes em relação aos animais enquanto alimento, “onde o amor precoce pelos animais se torna mais complicado” e, por isso, a pessoa desenvolve “especismo”, teoria que defende a superioridade de uma espécie, neste caso, o homem face ao animal, explica Luke McGuire, um dos autores do estudo, citado pelo Science Daily.

Porém, não é pelo facto de os adultos acharem natural comer carne que deixam de ter uma visão mais cruel face aos animais. O estudo indica ainda que entre os adultos é visto como moralmente menos aceite comer carne do que consumir alimentos de origem animal, como leite e derivados.

Para os autores do estudo, estas conclusões podem servir de base para mais investigações sobre a perspetiva humana sobre os animais ao longo da vida, sobretudo na adolescência.

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