Pode aquilo que sonhamos na infância dizer alguma coisa sobre o que seremos quando envelhecermos? Um novo estudo não só diz que sim como vai mais longe nas conclusões: as crianças que entre os sete e os 11 anos têm sonhos angustiantes e pesadelos com frequência apresentam um maior risco de desenvolverem demência ou doença de Parkinson aos 50 anos. A investigação, publicada em fevereiro pelo eClinicalMedicine da revista científica The Lancet, refere que este padrão verifica-se tanto nas raparigas como nos rapazes.
O estudo, da autoria de
partiu de dados recolhidos num grande estudo britânico feito nos anos 60 e que acompanhou cerca de 7.000 crianças que nasceram numa só semana do ano de 1958. Os pais dos menores responderam a questionários em 1965 - quando as crianças tinham sete anos - e em 1969 - quando tinham 11 anos. Estes dados voltaram a ser analisados, mas agora nesta perspetiva de perceber que ligação existe entre os sonhos e certas doenças neurológicas. Para isso, o autor do estudo recorreu a um programa informático de estatística.Ora, os resultados foram claros: as crianças que frequentemente tinham pesadelos eram as que apresentavam maior risco de desenvolverem demência ou Parkinson quando fossem mais velhas. O risco pode ser o dobro no caso da demência e para a doença de Parkinson podemos estar a falar de um risco sete vezes maior.
O autor do estudo destaca que estas conclusões são importantes porque, ao estarmos conscientes desta ligação, podem ser implementadas estratégias que permitam, numa idade precoce, diminuir o risco de problemas neurológicos: quando as crianças têm pesadelos de forma frequente devem recorrer a profissionais especializados que as ajudem.
próximo passo: analisar as razões biológicas que explicam os pesadelos nas crianças. Isto porque se sabe que a frequência com que temos pesadelos é determinada pelos nossos genes e que há um gene em particular que está relacionado com um maior risco de pesadelos e, ao mesmo tempo, com um maior risco de desenvolvimento de Alzheimar. Por isso, é possível que tanto os pesadelos com as doenças neurológicas sejam causadas pelos mesmos genes.
Por outro lado,
A longo prazo, o objetivo do investigador é conseguir desenvolver um tratamento para todas as pessoas que têm sonhos angustiantes ou pesadelos, de forma a que possam ter uma qualidade de sono melhor e, assim, uma melhor saúde mental.
acredita que isto pode diminuir o risco de demência e de Parkinson.