Estudo conclui que crianças com pesadelos constantes têm maior risco de desenvolver demência ou Parkinson aos 50 - TVI

Estudo conclui que crianças com pesadelos constantes têm maior risco de desenvolver demência ou Parkinson aos 50

  • CNN Portugal
  • SS
  • 2 mar 2023, 19:51
Dormir na cama dos pais

Um novo estudo debruçou-se sobre a ligação entre os pesadelos na infância e o risco de problemas neurológicos numa idade mais avançada. As conclusões deixam pistas para que se possam implementar estratégias numa idade precoce

Pode aquilo que sonhamos na infância dizer alguma coisa sobre o que seremos quando envelhecermos? Um novo estudo não só diz que sim como vai mais longe nas conclusões: as crianças que entre os sete e os 11 anos têm sonhos angustiantes e pesadelos com frequência apresentam um maior risco de desenvolverem demência ou doença de Parkinson aos 50 anos. A investigação, publicada em fevereiro pelo eClinicalMedicine da revista científica The Lancet, refere que este padrão verifica-se tanto nas raparigas como nos rapazes.

O estudo, da autoria de Abidemi Otaiku, investigador em Neurologia da Universidade de Birmingham, partiu de dados recolhidos num grande estudo britânico feito nos anos 60 e que acompanhou cerca de 7.000 crianças que nasceram numa só semana do ano de 1958. Os pais dos menores responderam a questionários em 1965 - quando as crianças tinham sete anos - e em 1969 - quando tinham 11 anos. Estes dados voltaram a ser analisados, mas agora nesta perspetiva de perceber que ligação existe entre os sonhos e certas doenças neurológicas. Para isso, o autor do estudo recorreu a um programa informático de estatística.

Ora, os resultados foram claros: as crianças que frequentemente tinham pesadelos eram as que apresentavam maior risco de desenvolverem demência ou Parkinson quando fossem mais velhas. O risco pode ser o dobro no caso da demência e para a doença de Parkinson podemos estar a falar de um risco sete vezes maior.

O autor do estudo destaca que estas conclusões são importantes porque, ao estarmos conscientes desta ligação, podem ser implementadas estratégias que permitam, numa idade precoce, diminuir o risco de problemas neurológicos: quando as crianças têm pesadelos de forma frequente devem recorrer a profissionais especializados que as ajudem.

Abidemi Otaiku diz que vai continuar a investigar o assunto e revela qual será o próximo passo: analisar as razões biológicas que explicam os pesadelos nas crianças. Isto porque se sabe que a frequência com que temos pesadelos é determinada pelos nossos genes e que há um gene em particular que está relacionado com um maior risco de pesadelos e, ao mesmo tempo, com um maior risco de desenvolvimento de Alzheimar. Por isso, é possível que tanto os pesadelos com as doenças neurológicas sejam causadas pelos mesmos genes.

Por outro lado, o investigador não descarta a hipótese de serem os próprios pesadelos a causarem diretamente as doenças neurológicas por provocarem disrupções no sono.

A longo prazo, o objetivo do investigador é conseguir desenvolver um tratamento para todas as pessoas que têm sonhos angustiantes ou pesadelos, de forma a que possam ter uma qualidade de sono melhor e, assim, uma melhor saúde mental. Abidemi Otaiku acredita que isto pode diminuir o risco de demência e de Parkinson.

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