Não respondeu de imediato ao tiroteio numa escola e agora está a ser julgado. O polícia Scot Peterson pode ser condenado por ter esperado por reforços e não ter entrado logo no edifício onde estavam o autor do massacre, crianças, funcionários e professores. A situação está a motivar debate nos Estados Unidos (EUA) por se tratar de um caso sem precedentes.
O agora ex-adjunto do xerife de Parkland está a ser julgado por 11 crimes, que incluem negligência infantil e negligência culposa, devido à inação durante um ataque numa escola de Parkland, no estado da Flórida, em 2018. Declarou-se inocente mas o seu futuro está em jogo.
Os procuradores do estado querem responsabilizar Peterson e afirmam que o polícia negligenciou a sua formação e o seu dever ao não entrar na escola. Contudo, nos EUA as autoridades não têm a obrigação legal de se colocar numa posição de perigo ou de sacrifício da própria vida.
Para ser condenado, Peterson tem de ser considerado “prestador de cuidados a crianças”, explica o advogado do polícia, que acrescenta: “Ele não é um professor, não é um pai, não é um raptor responsável pelo bem-estar de uma criança”.
Trata-se, por isso, de um caso sem precedentes e que está a gerar discussão nos EUA. “O país inteiro está a assistir a este julgamento”, diz o especialista jurídico Bob Jarvi, que explica as opções em cima da mesa: “[O caso de Peterson] ou vai abrir a porta a uma avalanche de queixas contra os polícias no futuro ou vai fechar a porta com força à possibilidade de futuros processos como este”.
O foco do debate reside em dois pontos essenciais. Por um lado, fala-se na possível abertura de um novo campo jurídico, que deverá ter implicações não só nas autoridades como nos professores de escolas onde os ataques aconteçam, que, em muitos estados, já podem andar armados. Por outro lado, discute-se a "obrigação moral" de as autoridades protegerem os alunos e fazer jus à profissão.
A reação de Peterson está a ser alvo de críticas por parte da comunidade, incluindo os pais dos estudantes da escola atacada. Em 2018, o polícia permaneceu no exterior do edifício à espera de reforços enquanto Nikolas Cruz feria 17 pessoas e matava outras 17, incluindo crianças. O atirador de 19 anos foi condenado a prisão perpétua em outubro do ano passado.