EUA dizem que há "provas incontestáveis" de que Nicolás Maduro perdeu e Edmundo Gonzalez Urrutia venceu - TVI

EUA dizem que há "provas incontestáveis" de que Nicolás Maduro perdeu e Edmundo Gonzalez Urrutia venceu

  • Agência Lusa
  • AM
  • 2 ago 2024, 10:36
Nicolás Maduro (Matias Delacroix/AP)

Antony Blinken diz que a missão de observação do Centro Carter "retirou toda a credibilidade aos resultados anunciados" pela Comissão Nacional Eleitoral da Venezuela

O secretário de Estado norte-americano afirmou que os Estados Unidos reconhecem a vitória do candidato da oposição nas presidenciais da Venezuela, com base em "provas incontestáveis".

"Tendo em conta provas incontestáveis, é claro para os Estados Unidos e, sobretudo, para o povo venezuelano, que Edmundo Gonzalez Urrutia obteve mais votos na eleição presidencial de 28 de julho", disse Antony Blinken, em comunicado divulgado na quinta-feira.

O chefe da diplomacia dos EUA disse considerar válida a contagem de votos apresentada pela oposição, liderada por María Corina Machado, que representa 80% das assembleias de voto e mostra que González Urrutia "recebeu a maioria dos votos com uma margem insuperável".

Blinken lembrou que as contagens foram "recebidas diretamente das assembleias de voto em toda a Venezuela" e corroboram as sondagens à boca das urnas e as conclusões dos observadores independentes e das contagens rápidas.

"Desde o dia das eleições, temos consultado intensamente parceiros e aliados em todo o mundo e, embora cada país tenha tomado caminhos diferentes para responder, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos", disse.

Blinken lembrou que "a rápida" declaração do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que deu a vitória a Maduro no domingo, "veio sem qualquer evidência que a apoie" e sem que tenha, até agora, "publicado dados desagregados e nenhuma ata", apesar dos apelos internacionais para que o faça.

O secretário de Estado disse que a missão de observação do Centro Carter "retirou toda a credibilidade aos resultados anunciados pelo CNE".

O Centro Carter disse na terça-feira que as presidenciais "não se adequaram aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas como democráticas", indicou, em comunicado.

Respondendo a Blinken, o presidente da Venezuela disse aos Estados Unidos para "tirarem o nariz" do país.

"Os Estados Unidos deviam tirar o nariz da Venezuela porque é o povo soberano que governa na Venezuela, que põe, que escolhe, que diz, que decide", afirmou Nicolás Maduro, em declarações transmitidas pelo canal estatal de televisão VTV.

Supremo aceita pedido de Maduro

O Supremo Tribunal da Venezuela aceitou um pedido interposto por Nicolás Maduro para certificar os resultados das presidenciais de domingo, nas quais foi reeleito para um novo mandato, mas que a oposição contesta.

O tribunal vai iniciar "o processo de investigação e verificação para certificar de forma irrestrita os resultados" eleitorais de domingo, a pedido do Presidente venezuelano, anunciou, na quinta-feira, a presidente da Sala Eleitoral, uma das seis salas que compõem o Supremo Tribunal (STJ), numa comunicação ao país, transmitido pela televisão estatal.

A responsável indicou que os dez candidatos eleitorais, Nicolás Maduro, Luis Martínez, Edmundo González, Daniel Ceballos, Antonio Ecarry, Benjamín Raússeo, Enrique Marques, José Brito, Javier Bertucci e Claudio Fermín, devem comparecer perante o STJ durante a tarde (hora local).

Na quarta-feira, Maduro pediu ao STJ para certificar os resultados das eleições de domingo, contestados pela oposição e não reconhecidos por parte da comunidade internacional.

A Sala Eleitoral deve reunir-se "para resolver este ataque ao processo eleitoral e esclarecer tudo o que houver que esclarecer", disse Maduro aos jornalistas, à saída do STJ, depois de apresentar o pedido em resposta às denúncias de fraude avançadas pela oposição.

Sem divulgar o conteúdo do recurso, Maduro afirmou que o Governo e o Partido Socialista Unido da Venezuela estão prontos para divulgar todas as atas eleitorais e acusou a oposição interna, com a ajuda de opositores no estrangeiro, de tentar “um golpe de Estado contra o governo, utilizando o processo eleitoral”.

Maduro pediu ainda que os resultados eleitorais sejam certificados “com um parecer de peritos do mais alto nível técnico” e explicou estar na disposição de ser convocado, interrogado, investigado e submetido à justiça.

Na segunda-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano proclamou Maduro Presidente eleito do país para o período 2025-2031, com 51,2% (5,15 milhões) dos votos.

O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2% (pouco menos de 4,5 milhões de votos), indicou o CNE.

A oposição venezuelana reivindicou a vitória nas presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, com a líder opositora María Corina Machado a recusar reconhecer os resultados proclamados pelo CNE.

O Centro Carter (CC), uma das organizações convidadas pelas Governo venezuelano para observar as presidenciais, disse na terça-feira que não foi capaz de verificar os resultados das eleições, culpando as autoridades por uma "falta completa de transparência" ao declarar Maduro o vencedor.

“As eleições presidenciais na Venezuela não se adequaram aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas como democráticas”, indicou o centro, num comunicado divulgado na sua página na internet.

No documento, o CC explicou que "não pôde verificar ou corroborar a autenticidade dos resultados" declarados pelo CNE, sublinhando constituir "uma grave violação dos princípios eleitorais" que "a autoridade eleitoral não tenha anunciado os resultados discriminados por mesa de voto".

Continue a ler esta notícia