Figura: Pepe
Uau! Mais um jogo recheado de momentos que serviriam para fazer um álbum. Aos 41 anos, o central personifica a arte de defender. É um dos últimos mestres da velha escola de defesas para os quais o jogo não tem segredos. Se Rúben Dias merece todos os elogios para o corte no tempo perfeito sobre Kolo Muani, o que dizer do sprint de Pepe com Marcus Thuram perto do apito final? Os cartões de cidadão trocaram-se naquela corrida de mais de 30 metros, certamente. Despediu-se dos Europeus e muito provavelmente da Seleção (resta saber se do futebol também). Escreve-se Pepe, mas lê-se lenda. É intemporal.
Momento do jogo: penálti de Félix ao poste
Nem Ronaldo nem Bernardo tinham falhado, Dembélé e Fofana também não tremeram. Koundé, qual avançado, marcou um penálti irrepreensível e coube a Félix a responsabilidade de marcar o terceiro penálti dos portugueses. O avançado colocou em demasia a bola e esta foi devolvida pelo poste. Minutos depois, com os penáltis transformados em golo de Barcola e Theo, Portugal ficou fora do Euro 2024.
Outros destaques:
Vitinha: elegância, classe, critério e qualidade. O português foi a estrela num meio-campo com Bruno, Bernardo, Kanté, Tchouaméni, Griezmann e Camavinga, o que diz muito da sua exibição. Com a bola colada ao pé direito, Vitinha fez tudo bem e deu um recital. Poderia (e mais do que tudo, merecia) ter transformado em golo a excelente ocasião que teve a abrir a segunda metade. O melhor de Portugal no Europeu.
Rafael Leão: o português vulgarizou, em certos momentos, Koundé. Foi, no fundo, o jogador que é no Milan e pelo qual a Seleção tanto ansiava. Portugal viveu, sobretudo na primeira parte, das arrancadas de Leão que conseguiu, várias vezes, ganhar a linha do fundo e cruzar – notável o passe que deixou Vitinha na cara de Maignan.
Kanté: correu, correu, correu e se fosse preciso, ainda corria mais. É um caso raro de um jogador que joga no campeonato saudita e que mantém o ritmo competitivo. Percebe-se por que razão Deschamps não prescinde da «pequena formiga». Kanté fartou-se de recuperar bolas, de pressionar e não raras vezes, foi ele que conduziu os ataques da França. Parece sobre-humano.
Félix: após a eliminação, dedos serão apontados em várias direções à procura de culpados. E o avançado é candidato a réu com a cumplicidade de Martínez que lhe deu uma grande responsabilidade - talvez o jogador nem estivesse preparado para ela pelo que não jogou neste Euripeu. Félix foi responsável por falhar a única grande penalidade da Seleção depois de ter sido lançado para a segunda parte do prolongamento.
Maignan: o dono da baliza francesa não deu segurança com os pés, mas compensou com agilidade e bons reflexos entre os postes. O guarda-redes parou duas bolas de golo e deixaram tanto Bruno Fernandes como Vitinha com as mãos na cabeça. Decisivo, portanto.
Dembélé: quem se dá ao luxo de ter um jogador desta qualidade no banco, pode mudar um jogo de um momento para outro. O extremo entrou no decorrer da segunda parte e alterou por completo o ataque da França e a própria partida. Dembélé fartou-se de acelerar pela direita e de colocar em sentido a defesa contrária. Embora tenha pecado várias vezes na definição, o avançado é daqueles capazes de condicionar a forma como o adversário quer defender.
Nuno Mendes: entre os três melhores de Portugal juntamente com Pepe e Vitinha. O lateral-esquerdo transportou as boas sensações do jogo anterior para este e combinou bem com Leão. Solto, Nuno Mendes aventurou-se em terrenos interiores, mostrou pormenores de qualidade e provou que pode estar entre os melhores do mundo se as lesões permitirem. Teve nos pés um excelente ocasião ao cair do pano do prolongamento, mas com o pior pé permituu a defesa de Maignan.
Euro 2024: Portugal-França, 0-0, 3-5 g.p. (destaques)
- Vítor Maia
- Enviado especial ao Euro 2024, em Hamburgo
- 5 jul, 23:02
Escreve-se Pepe, lê-se lenda
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