O Nepal está a considerar a relocalização do Acampamento-Base do Evereste devido a preocupações ambientais.
Segundo o Diretor-Geral do Departamento de Turismo do Nepal, Taranath Adhikari, a localização do Campo Base enfrenta algum risco devido ao degelo do glaciar Khumbu, localizado na sua proximidade.
“Recebemos recomendações de vários grupos de interessados na relocalização do Campo Base. Embora ainda não tenham sido tomadas quaisquer decisões, estamos a levar estas sugestões muito a sério”, afirmou Adhikari à CNN Travel.
Entre as pessoas interessadas incluem-se residentes locais, montanhistas e peritos ambientais.
No entanto, quaisquer alterações significativas relacionadas com o Monte Evereste, o pico mais alto do mundo, não serão feitas de forma precipitada.
Devido ao facto de que as atividades de investigação só podem ser realizadas durante a primavera, tomar uma decisão pode demorar entre dois ou três anos. Alguns estudos tiveram já lugar durante a época de escalada da primavera deste ano, que geralmente atinge o seu auge em maio.
Quando as partes envolvidas completarem a sua investigação, provavelmente terão de apresentar uma proposta ao governo nepalês. O governo do Nepal teria sempre a última palavra na decisão.
Adhikari apontou as “atividades antropogénicas” - geralmente designadas como comportamentos humanos - e as alterações climáticas como questões que afetam o Campo Base. O glaciar Khumbu está a derreter a uma velocidade mais rápida do que seria natural.
Um estudo conjunto realizado pela China e pelo Nepal resultou na determinação de uma nova altitude, mais elevada, para a montanha mais alta do mundo, o Monte Evereste.
Esta não é a primeira vez que as várias partes interessadas fazem soar o alarme sobre os danos ambientais no Monte Evereste.
Um estudo no Nature Portfolio Journal of Climate and Atmospheric Science publicado no início deste ano revelou que o gelo formado ao longo de um período de 2.000 anos no Glaciar do Colo Sul derreteu em apenas cerca de 25 anos.
Paul Mayewski, o líder da expedição e diretor do Instituto de Alterações Climáticas da Universidade do Maine, confirmou à CNN que os resultados mostraram “uma mudança completa em relação ao que se conhecia daquela região desde sempre e provavelmente ao longo de todo o período de ocupação das suas montanhas pelo homem.”
As alterações climáticas estão a afetar muitos dos lugares mais preciosos do mundo.
“O Nepal não pode, isoladamente, reduzir as emissões de dióxido de carbono e o impacto do aquecimento global.” referiu Adhikari. “No entanto, podemos mitigar algumas questões através deste tipo de medidas temporárias.”
Acrescentou ainda: “Por um lado, queremos preservar a montanha e o glaciar. Por outro lado, não queremos afetar a economia da região da montanha.”
Conseguir encontrar um equilíbrio entre as aspirações (dos montanhistas) de escalar o Evereste e as necessidades das comunidades locais tem sido um desafio permanente para o Nepal.
O turismo é a quarta indústria mais significativa do país, empregando 11,5% dos nepaleses de alguma forma, quer isso signifique trabalhar num hotel ou numa pousada ou orientar turistas estrangeiros ao longo das escaladas às montanhas mais altas do mundo.
As licenças para escalar o Evereste custam $11.000 por pessoa (cerca de 10.000 euros). Uma parte desse dinheiro é destinada às comunidades que habitam nas proximidades da montanha.
Os riscos de montanhismo também são graves. Em 2015, o Nepal proibiu os alpinistas principiantes de escalar o Evereste, invocando preocupações de segurança e sobrelotação.
Permitir que demasiados alpinistas subam às montanhas no curto espaço de tempo permitido pela meteorologia pode resultar em “congestionamentos de afluência”, que, muitas vezes, podem ter resultados fatais.
O Campo Base do Monte Evereste fica a 5.400 metros acima do nível do mar.
A localização proposta para um novo Campo Base poderá ser de 200 a 300 metros abaixo da altitude atual.