FC Porto-Gil Vicente, 3-0 (crónica) - TVI

FC Porto-Gil Vicente, 3-0 (crónica)

Herança renovada, entre certezas e arestas a limar

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«Esta é uma nova era», escutou-se, na noite deste sábado, por várias vezes, no Estádio do Dragão. Perante uma casa lotada – com 46.813 adeptos – o FC Porto dominou e triunfou, por 3-0, sobre o Gil Vicente, mas não escondeu traços hereditários.

Para a jornada inaugural do campeonato, Vítor Bruno trocou João Mário e Grujic por Iván Jaime e Eustáquio. Em simultâneo, o timoneiro dos azuis e brancos recuou Galeno para lateral-esquerdo, enquanto Martim Fernandes foi realocado à direita. Por sua vez, Evanilson e Pepê foram suplentes.

Do outro lado esteve Carlos Cunha, antes de Bruno Pinheiro assumir o leme.

Quanto a esta ser «uma nova era» no Dragão, tal é percetível muito antes do jogo. Das músicas escolhidas pelos jogadores no aquecimento ao espetáculo aquando da entrada das equipas no relvado, o FC Porto avança e atualiza-se.

Recorde, aqui, toda a história desta noite, desde o pré-jogo.

A administração de Villas-Boas vai aprimorando dinâmicas e discursos – algo percetível pela gestão, por exemplo, das redes sociais. Em todo o caso, não existem reservas quanto à valorização de quem deixa saudades.

Como tal, quando os ecrãs do estádio revelaram o 3 no cronómetro, adeptos, treinador e presidente homenagearem Pepe, que esta semana anunciou o término da carreira, aos 41 anos. Só depois começou o encontro.

Numa primeira parte de «muita parra, pouca uva», o FC Porto encontrou espaço para atacar pelos corredores, ora por Gonçalo Borges, ora por Galeno. Tal dinâmica estaria prevista pelo Gil Vicente, que abdicou de construir e se limitou a afastar o esférico.

Ao cabo de 15 minutos, o FC Porto acusava a ausência de um ponta de lança. Apesar do esforço de Namaso em desvendar linhas de passe no corredor, era Nico González quem fixava posições em zona frontal. Como tal, os cruzamentos eram erráticos e a inspiração ofensiva escassa.

Tal debilidade denuncia uma caraterística que não é, de todo, novidade. Afinal, há um ano, os dragões demoraram a aprimorar dinâmicas ofensivas e desesperaram em vários jogos.

De cruzamento em cruzamento, com sucessivos «tiros» na muralha «Gilista», um remate de Nico González originou o 1-0. Por culpa da mão de Buatu, entendeu o vídeoárbitro. Assim, Galeno colocou o remate à esquerda e superou Andrew.

Nesta fase, Galeno era já a principal referência dos dragões, mesmo atuando como lateral. Encarregue de palmilhar todo o corredor esquerdo, o brasileiro brilhava atrás e agigantava-se na frente. Ora, outra herança, esta positiva, pois o «Senhor Champions» tem pulmões invejáveis e, quando com espaço, uma inspiração capaz de galvanizar toda a equipa.

Uma vez que, à direita, Martim Fernandes também somava créditos junto do «Tribunal do Dragão», João Mário deverá ter motivos para se preocupar.

Consulte, aqui, os destaques do encontro.

Até ao intervalo, o Gil Vicente decidiu, por fim, ensaiar bolas paradas e passes longos, deixando Andrew à mercê de Borges e companhia. Era o «trailer» da segunda parte, com Fujimoto, Sandro Cruz e Félix Correia a almejarem ser protagonistas.

No entretanto, soou o apito para o descanso.

Jaime é certeza na marca de água de Vítor Bruno

Antes do segundo tempo, escutou-se, de novo: «Esta é uma nova era do FC Porto». Sucedeu-se a volta olímpica, e apresentação, da equipa feminina dos dragões.

De regresso à partida, os «Galos» fizeram crista e assumiram a batuta, com Dominguez, Aguirre, Fujimoto, Félix Correia e Sandro Cruz em evidência. Todavia, momentâneo. Em cima do minuto 50, Nico González somou nova oportunidade, esclarecendo – se dúvidas restassem – a toada da partida.

Nove minutos volvidos, a fragilidade defensiva do conjunto de Barcelos permitiu a Iván Jaime somar a segunda partida a marcar. Depois do golo (caricato) na Supertaça, o avançado espanhol foi visado por Borges, pela esquerda, e elevou a festa no Dragão.

Entre trocas, de parte a parte, Nico González insistia em se inscrever na lista de marcadores. Por isso, aos 69m, o médio fintou Andrew, mas acabou derrubado pelo guardião. «Porreiro», terá dito Namaso, que pintou o marcador com contornos de goleada.

Até final, o segundo amarelo visto por Sandro Cruz, aos 78m, selou o triunfo dos portistas. Ademais, Diogo Costa tornou-se num mero espectador, a partir dos 50m.

Nesta «conversa» dos traços hereditários do FC Porto, é inevitável que muitas dinâmicas e protagonistas remetam para era encerrada há poucos meses. Ainda assim, fatores como a versatilidade de Galeno, o momento de Iván Jaime e Martim Fernandes, e a combatividade de Vasco Sousa e Nico, permitirão delinear a marca de água de Vítor Bruno.

Por fim, importa ressalvar, o FC Porto terá a aprimorar a organização defensiva em velocidade, e, primeiramente, o acerto e pragmatismo na construção ofensiva.

Em suma, o FC Porto igualou o Sporting e o Boavista no topo da tabela. Segue-se a visita ao Santa Clara, na tarde de sexta-feira (17h).

Por sua vez, o Gil Vicente receberá, também na sexta-feira (20h15), o AVS, já com Bruno Pinheiro ao leme.

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