Aos 43 anos, Lucho González aproveitou o «desemprego» para visitar o programa «Clank!» do jornalista argentino Juan Pablo Varsky.
Integrado na equipa técnica de Eduardo Coudet, o outrora médio do FC Porto aguarda por novos desafios, depois de breves passagens por Internacional e, como treinador principal, pelo Ceará.
Numa conversa de hora e meia, que foi para o ar na terça-feira, Lucho recordou o princípio de formação, quando jogava a trinco, evoluindo para a posição 8 nos seniores do Huracán, onde permaneceu até 2002.
Apesar dos convites provenientes de França, das divisões inferiores, o médio optou por despontar no River Plate, onde completou três épocas, até 2005.
E eis que surgiu a proposta do FC Porto. «A Liga portuguesa não era referência na Argentina, ao contrário dos campeonatos de Espanha e Itália. Quando aceitei a proposta, questionaram-me se o lugar na seleção estaria em risco, ainda já tivesse feito a minha estreia com Marcelo Bielsa», recordou. Em todo o caso, o médio disputou o Mundial de 2006.
Em quatro épocas no primeiro ciclo na Invicta, Lucho foi desafiado a compilar memórias. «Na segunda época disseram-me que deveria escrever um livro. Mas, prefiro guardar esses momentos inesquecíveis para mim», relatou.
Seguiram-se dois anos e meio em Marselha: «Nunca vivi algo igual. Os adeptos são semelhantes aos argentinos. Não sabia que gostavam tanto de mim».
Ainda assim, Lucho não fez apenas amizades naquela paragem. «Havia uma pessoa que levava, todos os dias, fotos de Che Guevara. Um dia tive de dizer que sabia quem tinha sido Che Guevara, mas que não gostava e que não queria mais fotos», recordou, entre gargalhadas.
O segundo ciclo pelo FC Porto foi composto entre 2012 e 2013, seguindo-se épocas pelo Al-Rayyan (Qatar), River Plate e Atlético Paranaense, até aos 40 anos.
Em 22 anos, o antigo médio partilhou balneário com astros como Messi, Aimar, Riquelme, Pepe, Quaresma, Lisandro López, Mascherano, Otamendi, James Rodríguez e Carlos Tevez, nomes mencionados durante esta entrevista.
«Sinto-me um privilegiado. E sempre encarei isso com naturalidade. Aliás, hoje, se tiver de ver um jogo da Liga do Qatar, então vejo, porque conheço os jogadores e o contexto», reiterou.
O currículo do antigo internacional argentino está recheado de conquistas: Libertadores (2015), Taça Sul-Americana (2018 e 2021), Liga portuguesa (6), Supertaça portuguesa (2), Taça de Portugal (2), Liga francesa (2), Supertaça francesa (2), Taça da Liga francesa (3), Liga da Argentina (2), Taça do Brasil (2019) e Jogos Olímpicos (2004, sob comando de Marcelo Bielsa).
Pelo FC Porto, Lucho González – que custou cerca de 10 milhões de euros, mas rendeu 19 milhões – acumulou 61 golos, 36 assistências e 231 jogos.
A época mais prolífera aconteceu em 2007/08, quando, sob ordens de Jesualdo Ferreira, acumulou oito golos e 16 assistências em 40 partidas.
Pela Argentina, Lucho disputou o Mundial de 2006, os Jogos Olímpicos de 2004 e a Copa América de 2004 e 2007.