A Reserva Federal americana (Fed) decidiu manter as taxas de juro no nível mais elevado desde a crise financeira de 2008, numa decisão amplamente esperada pelos analistas, e indicou que ainda não está pronto para começar a aliviar a sua política monetária.
O banco central dos EUA deixou as taxas das Fed Funds no intervalo 5,25%-5,5% pela quarta reunião consecutiva, depois de uma longa sequência de subidas para travar a escalada da inflação.
Sem deixar qualquer pista sobre um iminente corte de juros, o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) disse em comunicado que “não espera que seja apropriado reduzir o intervalo das taxas de juro até que tenha conquistado maior confiança de que a inflação está a caminhar de forma sustentável em direção aos 2%“, a meta da Fed.
“A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada”, referiu a Fed após a reunião de dois dias, sublinhando que as autoridades “continuam altamente atentas aos riscos de inflação”.
Por outro lado, os responsáveis eliminaram da sua declaração a tendência para o aumento das taxas, algo que vinha sendo afirmado e reafirmado nos comunicados dos últimos dois anos. Agora, “o comité considera que os riscos para alcançar os seus objetivos de emprego e inflação estão a evoluir para um melhor equilíbrio”.
A mudança no discurso confirma que a Fed acredita que a próxima mexida das taxas será provavelmente no sentido de descida, mas dificilmente acontecerá em março como previam alguns analistas.
Esta quarta-feira, o banco UBS apontou que o primeiro de três a quatro cortes a ocorrerem em 2024 será decidido na reunião de maio.
A média das estimativas desta sondagem da Reuters dá conta que as Fed Funds estarão em 4,25%-4,50% no final do ano, o que implica quatro cortes de 25 pontos base ao longo de 2024.
O bom momento da economia dos EUA poderá atrasar o calendário previsto pelo mercado no que toca ao alívio da política monetária da Fed.
O PIB dos EUA cresceu a um ritmo anual de 3,3% no quarto trimestre, bem acima das expectativas dos economistas (2%), embora a abrandar face ao terceiro trimestre (4,9%). No conjunto de 2023, a economia cresceu 2,5%, acima dos 1,9% do ano anterior, um desempenho surpreendente tendo em conta que a esmagadora maioria dos economistas apontava para uma recessão na maior economia do mundo devido à subida agressiva de juros.
A taxa de inflação homóloga permaneceu estável em 2,6% em dezembro, mas a inflação subjacente — referência para a Fed — caiu para o nível mais baixo desde março de 2021, desacelerando para 2,9%, o menor aumento em quase três anos.