Finlândia impede Rússia de comprar lar de idosos que ia servir para espiar base militar - TVI

Finlândia impede Rússia de comprar lar de idosos que ia servir para espiar base militar

Guardas de fronteira finlandeses observam a fila de carros na fronteira de Vaalima, entre a Finlândia e a Rússia, a 30 de setembro de 2022 (Foto: Alessandro Rampazzo/AFP/Getty Images)

As informações fornecidas pelos russos fizeram soar os alarmes da Defesa finlandesa

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São cada vez mais os casos suspeitos a aparecer em território finlandês. O Ministério da Defesa da Finlândia travou a compra de um antigo lar de idosos na cidade de Kankaanpää por parte de três cidadãos russos que alegavam querer utilizar a localização para “lazer ou fins recreativos”. As autoridades de Helsínquia consideraram que a compra colocava em causa a segurança nacional finlandesa.

Algo não estava certo. Três homens russos preencheram todos os documentos necessários para enviar a oferta para a compra da propriedade, um antigo lar de idosos, numa pequena cidade a cinco horas de distância da capital Helsínquia. Nos documentos, todos apresentaram o mesmo email e a mesma morada, um bloco de apartamentos não definido na cidade de São Petersburgo, na Rússia.

Após uma inspeção mais pormenorizada, as autoridades decidiram, pela primeira vez desde que começou a guerra na Ucrânia, bloquear a compra da propriedade que está abandonada há anos, citando preocupações de segurança nacional.

O motivo? A propriedade tem uma vista quase perfeita para a base militar da guarnição de Niinisalo, um centro de treino onde o exército finlandês é destacado para ações de defesa nacional e em missões internacionais. Em maio do ano passado, soldados da NATO e do exército finlandês levaram a cabo uma série de exercícios militares para testar a prontidão da resposta das brigadas blindadas das forças armadas.

Toda as movimentações dos veículos militares podiam ser facilmente observadas do lar de idosos que os cidadãos russos queriam comprar.

“Segundo o Ministério da Defesa, é possível que a grande propriedade nas imediações da Guarnição de Niinisalo possa ser utilizada de forma a prejudicar a organização da defesa nacional e a salvaguarda da integridade territorial”, disse o Ministério através de comunicado.

Os cidadãos russos tinham 30 dias para interpor um recurso e contestar a decisão, mas, até à data, ainda não o fizeram, avança o jornal Politico.

Este caso vem aumentar as suspeições de que a Rússia está prestes a aumentar significativamente a atividade de espionagem em vários países vizinhos, depois de ter lançado a invasão do território ucraniano, há cerca de um ano.

A Finlândia, país que está prestes a abandonar uma longa posição de neutralidade e aguarda autorização da Turquia para aderir à NATO, tem uma fronteira comum com a Rússia com mais de 1.340 quilómetros, sendo um dos países mais vulneráveis a ações russas. Desde 2020, o Ministério da Defesa deste país tem autorização para bloquear a venda de propriedades a cidadãos russos e de cidadãos de países que não pertencem à União Europeia.

Ao jornal Politico, os especialistas temem que esta propriedade estivesse prestes a servir de base para membros dos serviços secretos russos, que poderiam utilizar a localização como base para missões secretas ou para simples monitorização de atividades das forças armadas finlandesas.

“Esse tipo de lugar não faria necessariamente parte de algum grande plano russo, mas teoricamente poderia lá estar caso fosse necessário”, disse Charly Salonius-Pasternak, investigador do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais, um think tank.

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