FMI descarta recessão global e revê em ligeira alta previsão de crescimento do PIB mundial para 2,9% - TVI

FMI descarta recessão global e revê em ligeira alta previsão de crescimento do PIB mundial para 2,9%

  • Agência Lusa
  • AM
  • 31 jan 2023, 06:30
FMI

Instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que o crescimento do Produto Interno Bruto mundial, estimado em 3,4% em 2022, caia para 2,9% este ano, antes de subir para 3,1% em 2024

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O FMI descarta uma recessão global para este ano, tendo revisto em ligeira alta o crescimento do PIB mundial para 2,9%, refletindo a resiliência acima do esperado em várias economias, mas abaixo dos 3,4% estimados para 2022.

Nas “Previsões Económicas Globais” (WEO, na sigla em inglês), divulgadas esta terça-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) mostra-se ligeiramente mais otimista para este ano, projetando um crescimento 0,2 pontos percentuais acima do que esperava em outubro, refletindo “surpresas positivas e a resiliência acima do esperado em várias economias”.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, estimado em 3,4% em 2022, caia para 2,9% este ano, antes de subir para 3,1% em 2024.

“Não é esperado um crescimento negativo no PIB global ou no PIB global ‘per capita’, o que geralmente acontece quando há uma recessão”, assinala.

Contudo, dá nota de que o crescimento global projetado para 2023 e 2024 se fixa abaixo da média anual de 3,8% no período 2000-19.

A pesar na atividade económica no ano passado estiveram, aponta, a inflação, a guerra na Ucrânia e o ressurgimento da covid-19 na China, alertando que os dois primeiros fatores irão continuar em 2023.

“A previsão de baixo crescimento em 2023 reflete o aumento das taxas dos bancos centrais para combater a inflação – especialmente nas economias avançadas – bem como a guerra na Ucrânia”, explica.

Já o declínio no crescimento em 2023 face a 2022 é influenciado pelas economias avançadas, já que nas emergentes e em desenvolvimento, estima-se que o crescimento tenha atingido o ponto mais baixo em 2022.

FMI prevê que 84% dos países vão ter este ano taxas mais baixas que em 2022

O FMI prevê que em 84% dos países a taxa de inflação este ano será menor do que em 2022, prevendo que a média anual da inflação global caia de 8,8% no ano passado para 6,6% em 2023.

Na atualização divulgada esta terça-feira, o FMI considera que existem sinais de que o aperto da política monetária está a começar a ter impacto na procura e na inflação, mas acredita ser “improvável” que o verdadeiro impacto seja sentido antes de 2024.

“A inflação global parece ter atingido o pico no terceiro trimestre de 2022”, pode ler-se no relatório, que acrescenta que os preços dos combustíveis e das ‘commodities’ de não combustíveis caíram, reduzindo o Índice de Preços no Consumidor, principalmente nos Estados Unidos, na zona euro e na América Latina.

No entanto, dá nota de que a inflação ‘core’ ainda não deverá ter atingido o pico na maioria das economias e continua bem acima dos níveis pré-pandémicos.

“Espera-se que cerca de 84% dos países tenham inflação global (Índice de Preços ao Consumidor) mais baixa em 2023 do que em 2022”, antecipa.

A instituição liderada por Kristalina Georgieva prevê, assim, que a taxa de inflação global deverá cair de 8,8% em 2022 (média anual) para 6,6% em 2023 e 4,3% em 2024, acima dos níveis pré-pandémicos (2017-19) de cerca de 3,5%.

De acordo com o relatório, a justificar a queda da taxa de inflação projetada está, em parte, a queda nos preços internacionais dos combustíveis e das ‘commodities’ não combustíveis devido à procura global mais fraca.

Reflete ainda o efeito de arrefecimento do aperto da política monetária sobre a inflação subjacente, que globalmente deve cair de 6,9% no quarto trimestre de 2022, em termos homólogos, para 4,5% no quarto trimestre de 2023, acrescenta.

Ainda assim, a descida da inflação será gradual: até 2024, a média anual projetada e a inflação ‘core’ ainda estarão, respetivamente, acima dos níveis pré-pandémicos em 82% e 86% das economias.

FMI vê economia da zona euro a crescer 0,7% em 2023

O Fundo Monetário Internacional está ligeiramente mais otimista sobre o crescimento económico da zona euro este ano, prevendo agora uma expansão do PIB de 0,7% e descartando que a Alemanha e Itália entrem em recessão.

Na atualização, o FMI prevê que a economia da zona euro cresça 0,7% este ano, mais 0,2 pontos percentuais (p.p.) do que estimava em outubro, mas abaixo dos 3,5% projetados para 2022.

A justificar a revisão em alta está, segundo o FMI, os efeitos da rápida subidas das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) e a erosão dos rendimentos reais, compensado pelo efeito de arrastamento dos resultados de 2022, preços de energia mais baixos e anúncios adicionais de apoios na forma de controlo de preços de energia e transferências de dinheiro.

Já para 2024, a instituição liderada por Kristalina Georgieva está ligeiramente mais pessimista e cortou em 0,2 p.p. a projeção para 1,6%.

Entre as principais economias da zona euro, as ‘nuvens negras’ que assolavam as perspetivas para o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha estão menos carregadas: para este ano, o FMI reviu em alta de 0,4 pp. a previsão face a outubro, para um crescimento de 0,1%.

A previsão coloca a economia alemão em estagnação, mas já descarta do cenário central uma recessão. Resultado semelhante para a economia italiana, cuja perspetiva foi revista em alta de 0,8 pp., para 0,6%.

Segundo o relatório, para 2024 espera-se crescimento da Alemanha de 1,4% (-0,2 pp. face a outubro) e de Itália de 0,9% (-0,4 pp. face a outubro).

O FMI manteve inalterada a perspetiva de crescimento de 0,7% deste ano e de 1,6% em 2024 de França.

Por outro lado, a instituições de Bretton Woods vê a economia espanhola a crescer 1,1% em 2023 (-0,1 pp. do que anteriormente) e 2,4% em 2024 (-0,2 pp. do que anteriormente).

O relatório salienta ainda que o crescimento económico europeu em 2022 foi mais resiliente do que o esperado perante o grande choque negativo nos termos de troca da guerra na Ucrânia.

“Essa resiliência – que é visível nos dados de consumo e investimento do terceiro trimestre – reflete em parte o apoio governamental de cerca de 1,2% do PIB da União Europeia a famílias e empresas atingidas pela crise energética, bem como o dinamismo da reabertura das economias”, explica, acrescentando que os preços do gás caíram mais do que o esperado.

No entanto, alerta que o impulso da reabertura “parece estar a diminuir”, exemplificando que os indicadores de alta frequência para o quarto trimestre sugerem uma contração nos setores da manufatura e dos serviços, enquanto a confiança dos consumidores e o sentimento empresarial pioraram.

Ademais, “com a inflação a ronda os 10% ou mais em vários países da zona euro e do Reino Unido” frisa que os orçamentos dos Estados continuam “apertados”.

Paralelamente, “o ritmo acelerado de aumentos de taxas de juro pelo Banco de Inglaterra e pelo Banco Central Europeu (BCE) está a apertar as condições financeiras e a diminuir a procura no setor imobiliário”.

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