Motores afinados, qualificação concluída e contagem decrescente para as luzes verdes no Bahrein. Antes da primeira corrida da época de Fórmula 1 (F1), agendada para a tarde deste sábado, o Maisfutebol completou voltas de reconhecimento ao pelotão – e não só – à boleia de Tiago Monteiro, o único português a subir ao pódio num Grande Prémio. Aconteceu em 2005, nos Estados Unidos da América.
«A Red Bull vai continuar muito forte, a Ferrari chegará ao ponto ideal, seguida pela Mercedes e McLaren. E teremos surpresas, apesar das poucas oportunidades para as equipas afinarem pormenores», adivinha Tiago Monteiro, elegendo Lando Norris e Oscar Piastri como dupla a seguir com atenção. Aliás, o português abre jogo e revela que a «fezada» nos pilotos da McLaren é «grande».
Em todo o caso, o pelotão da F1 continua recheado de mestres da estratégia, como Fernando Alonso, que no auge dos seus 42 anos continua a gerar expectativa.
«Será difícil repetir a última temporada [quarto lugar]. Mas, continua a ser um dos mais rápidos, agressivos e profissionais. Depende se o carro lhe permitir continuar na frente», analisa Tiago Monteiro, confesso aficionado do espanhol, estrela da Aston Martin.
«Hamilton precisa de um recomeço»
Entre anúncios de designs e testes às novíssimas «máquinas», Lewis Hamilton foi anunciado como reforço da Ferrari, para 2025, em detrimento de Carlos Sainz. Na leitura de Tiago Monteiro, o talento do espanhol não está em causa, mas contar com o britânico na «Scuderia» é uma «oportunidade irrecusável».
«O Sainz é um excelente piloto, mas não está ao nível do Hamilton ou do Verstappen. A Ferrari e Frédéric Vasseur foram contratar um dos melhores pilotos da história», explica, salientando que a influência do chefe do «Cavallino» foi determinante, uma vez que, há quase duas décadas, o francês impulsionou a carreira do britânico.
«Hamilton precisa de um desafio destes, de um recomeço, da excitação de estar na equipa mais famosa da F1. Todos os pilotos sonham competir pela Ferrari, até nem gostando do carro. Em simultâneo, é o reencontro com Vasseur. O “timing” é perfeito e nesta fase da carreira só tem a ganhar», argumenta o piloto português.
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Então, e Sainz? Tiago Monteiro aperta o cinto, arrefece o coração e prepara-se para uma curva apertada.
«Já não é uma criança e a F1 é uma das modalidades mais agressivas em termos psicológicos. O Sainz tem de seguir em frente. Se não conseguir lidar com o momento, então não tem lugar no pelotão. A F1 é para os melhores ao volante e para os mais fortes fora da pista. Nestas situações devemos ser frios, porque a lista de candidatos continua a crescer», ripostou.
Our boys. Ready for the 2024 season ❤️ pic.twitter.com/ueUfNuoKN3
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Ziguezagueadas estas curvas, Tiago Monteiro sublinha que o piloto espanhol, a cumprir a quarta época pela Ferrari, ocupa «uma posição confortável para escolher o próximo desafio», quiçá até na vaga deixada por Hamilton na Mercedes.
«Não me chocaria. É um piloto rápido, experiente, sério e com lugar em qualquer equipa», reitera.
Sainz & Bottas – uma dupla pendente pela Audi
Para esta época, a Stake assumiu o nome – e as cores – dos suíços da Sauber, outrora conhecidos pelos tons da Alfa Romeo. Ao volante seguem Bottas e Zhou, por agora equipados a verde fluorescente. Exato, a prazo, uma vez que, a partir de 2026, esta dupla poderá voltar a mudar de padrão e, desta feita, «abraçar» os tons da Audi…na companhia de Carlos Sainz.
«Vejo com naturalidade essa mudança [de Sainz], até porque a Audi e o grupo Volkswagen mantêm boas relações com a família. Há muitos interesses em comum e seria uma boa aposta para o Carlos», explana Tiago Monteiro, guardando um «mas» debaixo da língua.
Isto porque, apesar dos elos – reforçados pelas aventuras de Carlos Sainz, o pai – e das garantias deixadas pelo CEO da Audi, Gernot Döllner, em dezembro, o negócio parece ainda não reunir consenso no seio da Sauber.
«Foi Vasseur quem promoveu este negócio com a Audi. Mas, desde então, os altos quadros da Sauber mudaram e a intenção já não é a mesma. Creio até haver a hipótese de a Audi não entrar no pelotão. A mudança da Alfa Romeo para a Stake é um patamar comercial e intermédio, porque serviria para preparar a chegada da Audi. Por isso, o plano da família Sainz pode sair “furado”», explica o português.
Falemos, então, do factual.
«Gosto do verde da Stake. É diferente e estas cores são raras no pelotão. Não me choca e sou a favor destas alterações», descreve, enquanto deixa escapar alguns risos.
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Paciência, o trunfo dos «tifosi» e de Vasseur
A Ferrari, de facto, dominou as últimas semanas antes do arranque da temporada. Um ano depois de Frédéric Vasseur assumir o lugar de Mattia Binotto, Tiago Monteiro antevê que o «verdadeiro» potencial – e consequente sucesso – do emblema «Cavallino» resultará de uma combinação de fatores, sobretudo pela «paciência» dos «tifosi».
«Os aficionados só estarão satisfeitos quando a equipa voltar a dominar a competição. Mas não devemos esquecer que há elementos do carro que não podem ser alterados até 2026, como a construção aerodinâmica. São elementos selados pela FIA. Em simultâneo, as temporadas são intensas. O Binotto teve poucas oportunidades para aprimorar o carro. Agora, o Vasseur tem espaço para o fazer. Devemos dar tempo», esclarece o português, de 47 anos.
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Se, ao cabo deste parágrafo, imagina Tiago Monteiro equipado a rigor pela Ferrari, talvez seja o momento indicado para revelar que o piloto não é fã do circuito de Monza, a «Meca» dos «tifosi».
«Não gosto de retas tão grandes, com travagens a fundo e curvas menos interessantes. Acho que é uma das pistas menos intensas. Aliás, também não acho incrível o circuito do Bahrein ou de Abu Dhabi, sem curvas incríveis e difíceis», confessa.
Já que a conversa «virou» para o que mudaria no universo F1, Tiago Monteiro visa, de seguida, as corridas «sprint», que, segundo o próprio, sabem a pouco.
«Não me animam o suficiente, mas o problema não está no número de voltas. O regulamento é que não permite ultrapassagens fáceis. Por exemplo, inverter a ordem da partida [com os melhores da qualificação a partir no fundo da grelha] poderia ser parte da solução», sugere, recorrendo à dinâmica da Fórmula E, onde compete outro português, António Félix da Costa.
Luso-descendente desponta na nova geração
Quanto ao futuro da Fórmula 1, Tiago Monteiro guarda especial atenção para três jovens da Fórmula 2: o luso-francês Vítor Martins (22 anos), o brasileiro Gabriel Bortoleto e o barbadiano Zane Maloney.
«Vamos ter vários bons pilotos na próxima geração, mas a bolha da F1 continua restrita. É muito mais competitiva do que alguém poderá imaginar. Quem lá continua está obrigado a ser excelente, extraindo o melhor do carro, independentemente das circunstâncias ou da especialidade da “máquina”. Nos pormenores está a história de cada corrida», conclui Tiago Monteiro.
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O Grande Prémio do Bahrein, que inaugura a temporada, tem o arranque previsto para as 15h deste sábado. Sem surpresas, o tricampeão Max Verstappen garantiu a «pole», seguido por Leclerc (Ferrari) e Russell (Mercedes).