Durante a reunião com cerca de 200 autarcas na terça-feira, o presidente francês levantou a ideia de bloquear as redes sociais durante eventuais novos tumultos no país.
"Temos de refletir sobre as redes sociais, sobre as proibições que temos de pôr em prática", disse Macron.
De acordo com o Le Monde, Macron disse ainda: "Quando as coisas se descontrolam, talvez tenhamos de nos colocar em posição de as regular ou de as cortar."
Os comentários do presidente surgiram depois de vários ministros culparem os jovens por utilizarem as redes sociais, como o Snapchat e o Tiktok, para se organizarem e encorajarem os tumultos e a violência após a morte de um adolescente por um polícia nos subúrbios de Paris, explica o The Guardian.
"Acima de tudo, não devemos fazer isto no calor do momento e estou satisfeito por não termos tido de o fazer", disse ainda Macron aos autarcas.
Horas depois, Jean-Noël Barrot, ministro da transição digital, referiu-se a estas declarações como uma ”reflexão” para ser terminada no outono, reporta o Le Monde.
"O próprio presidente disse há pouco que não devemos tomar medidas demasiado duras no calor do momento, das quais nos podemos arrepender mais tarde, mas temos de começar a refletir sobre isto. Proponho que façamos esta reflexão em conjunto [no âmbito das discussões sobre a lei digital] para que, em setembro, possamos encontrar a redação que nos convém", disse Jean-Noël Barrot.
De acordo com o France 24, o Governo francês quer alterar um projeto de lei já existente sobre redes sociais mas ainda em debate, disse o porta-voz do Governo, Olivier Veran, depois de os ministros franceses se terem reunido na manhã de quarta-feira. Teria também de ser criado um grupo de trabalho para examinar “ferramentas” e alguns “detalhes”, disse ainda o porta-voz.
"Isso pode significar a suspensão de funcionalidades, por exemplo, algumas plataformas têm funcionalidades de geolocalização que permitem que os jovens se encontrem num determinado local, mostrando cenas (violentas) e como atear fogos", disse Olivier Veran.
Esta discussão tem levado alguns críticos a comparar França a países como China, Rússia, Irão e Coreia do Norte.
Olivier Faure, o líder do Partido Socialista francês, escreveu no Twitter que “o país dos direitos humanos e dos cidadãos não pode alinhar-se com as grandes democracias chinesa, russa e iraniana”.
Le pays des droits de l’homme et des citoyens ne peut pas s’aligner sur les grandes démocraties Chinoise, russe et iranienne. https://t.co/wC63Mh5iKG
— Olivier Faure (@faureolivier) July 4, 2023
Já Olivier Marleix, presidente do partido republicano, escreveu: “Cortar as redes sociais? Como a China, Irão, Coreia do Norte? Mesmo que seja uma provocação para desviar a atenção, é de muito mau gosto.”
Couper les réseaux sociaux ?
Comme la Chine, l’Iran, la Corée du Nord ?
Même si c’est une provocation pour détourner l’attention, elle est de très mauvais goût. https://t.co/tXGGi2o520
— 🇫🇷 Olivier Marleix (@oliviermarleix) July 4, 2023
Também à esquerda, Mathilde Panot, da França Insubmissam comentou: “Ok Kim Jung Un”
Ok Kim Jung-Un. https://t.co/Y8Jzjp0DzJ
— Mathilde Panot (@MathildePanot) July 4, 2023