Uma estátua com uma camisola onde se lê “demissão Macron” e um graffiti com “decapitação Macron”. O presidente francês foi o principal alvo de críticas na mais recente manifestação que levou milhares às ruas de Paris, num forte tom de contestação que acabou por dar azo a vários episódios de violência.
Ao todo, conta o Le Parisien, foram detidas pelo menos 290 pessoas em todo o país e mais de 108 polícias e guardas ficaram feridos nos confrontos contra os manifestantes que se juntaram em várias ruas francesas em mais um protesto contra o aumento da idade da reforma e que coincidiu com as marchas do 1º de Maio, Dia do Trabalhador.
Segundo a imprensa francesa, Paris foi a cidade com maior adesão, mas também com maior tensão entre manifestantes e autoridades. Pelo menos 90 pessoas foram detidas durante os protestos na capital francesa e o cenário de destruição é vasto, sobretudo na Praça da Nação, onde várias montras foram destruídas e os vidros ficaram espalhados pelo chão. Mas esta praça icónica foi ainda palco de confrontos e a polícia teve de agir com gás lacrimogêneo e canhões de água.
Au 15 place de la Nation, la devanture d’un immeuble de bureau en travaux a été incendiée. #1ermai2023 pic.twitter.com/gQxC03ez2X
— Pierre Bouvier (@pibzedog) May 1, 2023
O ministro do Interior, Gérard Damanin, revela que, pelo menos, um polícia ficou gravemente ferido em Paris, tendo ficado “queimado após o arremesso de um cocktail molotov”.
Si la très grande majorité des manifestants furent pacifistes bien sûr, à Paris, Lyon et Nantes notamment, les forces de l’ordre font face à des casseurs extrêmement violents venus avec un objectif : tuer du flic et s’en prendre aux biens des autres. Plus de 60 interpellations à…
— Gérald DARMANIN (@GDarmanin) May 1, 2023
Ainda na capital francesa, além de lojas e montras atacadas, vários carros, motas e bicicletas foram incendidados e ainda foi posto fogo num prédio em obras, tendo dado origem a um incêndio de grandes dimensões.
Fire at Place de la Nation, Paris
— Benedetto (@lbenedetto1975) May 1, 2023
(Pierre Tremblay) pic.twitter.com/ka1ermgIMg
Mas não foi apenas em Paris que o cenário de violência tomou conta dos protestos. Conta o Le Monde que em Nantes, onde se juntaram mais de 80 mil pessoas, um manifestante ficou gravemente ferido numa mão e pelo menos 29 pessoas foram detidas. Só em Nantes foram assistidas mais 23 pessoas por ferimentos. Em Lyon, diz o Le Figaro, vários incidentes e episódios de violência marcaram a tarde, tendo sido detidas 40 pessoas. Pelo menos quatro carros foram incendiados em plena via pública.
A primeira-ministra Elisabeth Borne considerou “ inaceitáveis ” as “ cenas de violência ” à margem das manifestações de 1 de Maio.
Dans de nombreuses villes de France, ce 1er mai a été un moment de mobilisation et d’engagement responsables. Les scènes de violence en marge des cortèges en sont d’autant plus inacceptables.
Soutien à nos forces de l’ordre.
— Élisabeth BORNE (@Elisabeth_Borne) May 1, 2023
Também Marine Le Pen condenou a violência, sobretudo contra as autoridades, tendo escrito no Twitter que “não estamos mais a enfrentar a violência, mas sim tentativas de assassinato contra a polícia”.
Nous ne sommes plus face à des violences, mais face à des tentatives d’assassinat contre les forces de l’ordre.
Quant aux incendiaires d’immeubles d’habitation, ils doivent être traduits devant la Cour d’assises. #1erMai
— Marine Le Pen (@MLP_officiel) May 1, 2023
Quanto à adesão a esta manifestação, que, mais uma vez contesta o aumento da idade mínima de reforma para os 64 anos, os números são díspares entre o governo e os sindicatos. O Ministério do Interior de França diz que se juntaram 782 mil pessoas nas ruas de França, sete vezes mais do que no ano passado. A CGT vai mais longe e diz que foram mais de 2,3 milhões aqueles que saíram às ruas.