Os arqueólogos descobriram uma pequena casa em Pompeia repleta de frescos elaborados – e, por vezes, com motivos eróticos. Tal descoberta deixa ainda mais claro o modo detalhado como os romanos decoravam as suas casas.
Situada num bairro central desta antiga cidade, a casa é mais pequena do que o habitual, faltando-lhe um pátio central aberto – conhecido como átrio – que é típico da arquitetura romana, explica em comunicado o Parque Arqueológico de Pompeia, que supervisiona o local da descoberta.
Esta mudança pode ter ocorrido devido a mudanças nas tendências da sociedade romana – e, particularmente, de Pompeia – durante o primeiro século depois de Cristo (d.C.), dizem os arqueólogos.
Pompeia foi destruída pela erupção do Monte Vesúvio no ano 79 d.C. Os seus edifícios e milhares de habitantes foram soterradas pelas intensas camadas de cinzas e pedra-pomes. Este revestimento preservou, na perfeição, a cidade durante milénios, transformando-a num dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo, uma vez que fornece uma visão sem precedentes da vida quotidiana romana antiga.
Esta última descoberta evidencia a forma detalhada como os romanos ricos ornamentavam as suas casas e desfrutavam delas. Vários frescos retratam cenas míticas. Outros recorrem a motivos florais ou animais sobre um fundo branco.
Uma pintura pequena, em formato quadrado, numa parede azul, retrata a relação sexual entre um sátiro e uma ninfa. Por sua vez, uma outra pintura mostra Hipólito, filho do mítico rei grego Teseu, e a sua madrasta Fedra, que se apaixonou por ele e acabou por se matar quando ele, com nojo, a rejeitou.
Um dos frescos retratará o Julgamento de Páris, embora tenha sido danificado por escavações anteriores. Outro mostra Vénus, a deusa do amor, e Adónis, o seu amante mortal.
Frescos elaborados e eróticos como estes já tinham sido descobertos antes em Pompeia. Uma casa coberta de frescos eróticos reabriu ao público em janeiro de 2023, depois de se ter mantido fechada durante 20 anos. Por sua vez, um fresco representando uma cena erótica do mito grego “Leda e o Cisne” foi descoberto em 2018.
Noutras partes desta casa recentemente alvo de escavações, as últimas oferendas deixadas antes da erupção, que assim cumpriam os rituais da altura, permanecem no santuário doméstico conhecido como lararium.
“Temos arqueólogos, restauradores, especialistas de arqueobotânica aqui para compreender, com exatidão, como foi levado a cabo o ritual do último sacrifício antes da erupção”, explica Gabriel Zuchtriegel, diretor do parque, em comunicado. “Existem vestígios queimados desse ritual, há a faca que foi usada”.
A escavação, acrescenta Zuchtriegel, “acontece sob o olhar do público”, que pode aceder ao local através de passadiços suspensos e assim observar os arqueólogos enquanto trabalham.