Jovem, racista e fanático por armas. Fuga de informação do Pentágono terá sido obra de ex-trabalhador de base militar - TVI

Jovem, racista e fanático por armas. Fuga de informação do Pentágono terá sido obra de ex-trabalhador de base militar

Imagem do Pentágono captada de um Air Force One, em março de 2022. (AP Photo/Patrick Semansky)

Revelação foi feita por um adolescente que pertence ao grupo onde terão sido partilhados os documentos. Um total de 300 páginas terão sido retiradas pelo autor da fuga, pelo que muita informação pode ainda estar por descobrir

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Jovem, racista e fanático pelas armas. Esta é a descrição do homem que será responsável pela fuga de informação originada no Pentágono, de onde saíram mais de 100 documentos com notas do governo norte-americano sobre a guerra na Ucrânia ou sobre os seus aliados.

O jornal The Washington Post avança que este jovem terá divulgado os documentos para tentar impressionar alguns membros de uma comunidade online a que pertence. Um desses membros falou àquela publicação norte-americana, referindo que este jovem afirmou que trabalhou numa base militar dos Estados Unidos, onde lidava com documentos secretos.

Além de correspondência online, de fotografias ou de vídeos partilhados por “OG”, nome dado ao alegado responsável pela fuga, o jornal norte-americano descreve um vídeo em que o jovem aparece. “Ele grita uma série de insultos raciais e antissemitas para a câmara, depois dispara uma série de munições para um alvo”, pode ler-se, numa descrição de um vídeo em que “OG” aparece com uma espingarda num campo de tiro.

Entre as dezenas de documentos que já vieram a público, e que têm sido exaustivamente analisados pela comunicação social norte-americana, estão informações que vão desde a dificuldade da Ucrânia em lidar com uma quebra de mantimentos até relatos que sugerem que soldados de países da NATO, incluindo os próprios Estados Unidos, estão no terreno a combater. Uma das mais recentes revelações sugere que os Estados Unidos temem que o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, esteja "demasiado recetivo" ao Kremlin.

Em paralelo, foram também identificados documentos que sugerem que Washington espia regularmente alguns dos seus aliados. Não apenas a Ucrânia, mas também Coreia do Sul ou Israel.

Canal de televisão sul-coreano fala sobre um dos documentos revelados online (Ahn Young-joon/AP)

Os Estados Unidos chegaram a admitir que a fuga de informação pudesse ter ocorrido por via externa, nomeadamente por interferência russa, mas a tese de que a fuga partiu de dentro ganha cada vez mais força, nomeadamente por informações como a agora revelada pelo The Washington Post. É que a política de acesso a documentos secretos do Pentágono parece ser pouco eficaz, uma vez que cerca de 1,25 milhões de pessoas terão possibilidade de aceder a ficheiros classificados desta forma.

Aparente líder de um grupo de gamers entusiastas por armas originalmente formado no Discord, em 2020, “OG” começou, ainda no ano passado, a partilhar uma série de documentos num servidor criado por si, e onde falava de várias coisas, incluindo a guerra na Ucrânia.

O “Bear vs Pig”, nome dado ao grupo, era a versão mais secreta de um grupo maior, o Thug Shaker Central, o tal que seria liderado por “OG”. Lá, segundo conta a testemunha do The Washington Post, havia partilhas com uma “visão negra do governo” norte-americano, algumas delas referindo-se às autoridades dos Estados Unidos, incluindo as agências de informação, como a CIA, de serem forças repressivas.

Os detalhes encontrados pelo jornal foram confirmados de forma anónima por outros membros do grupo, tendo sido consultado um total de 300 documentos, quase três vezes o número de páginas que circulam livremente na Internet neste momento, o que deixa a entender que ainda poderão estar para sair muito mais informações.

A página Bellingcat, que se dedica a jornalismo de dados e esteve especialmente envolvida no caso do envenenamento do opositor russo Alexei Navalny, já tinha dado conta de que a fuga tinha tido origem no Thug Shaker Central. Na altura falaram exatamente com o mesmo membro do grupo, que ainda é menor.

De resto, como refere a comunicação social norte-americana, este mesmo jovem, que tem estado em contacto com “OG” “nos últimos dias”, ainda não foi interrogado pelas autoridades norte-americanas.

O paradeiro de “OG” permanece desconhecido, mas o jovem membro que fez as revelações confessou que o suspeito da fuga de informação “parece confuso e perdido em relação ao que deve fazer”.

“Está perfeitamente consciente do que está a acontecer e de quais podem ser as consequências. Não sabe bem como vai resolver a situação”, explicou, acrescentando que “OG”, na sua última interação com o grupo, pediu aos membros que apagassem todas as informações que pudessem relacionar a fuga com ele, incluindo cópias de alguns dos documentos.

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