O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu arquivar um processo de inquérito aberto na sequência de uma queixa anónima, que atribuía a Fary Faye, presidente do Conselho Administração da Boavista Futebol SAD, atos como «matar animais nos acessos do Balneário do Estádio do Bessa para práticas de Bruxaria», segundo consta no acórdão tornado público esta sexta-feira.
Ainda de acordo com a carta anónima recebida pelo CD a 9 de outubro de 2024, as provas foram remetidas numa pen e, paralelamente, «entregues na PJ para (o) Ministério Público investigar».
A Comissão de Instrutores (CI) da Liga Portugal propôs o arquivamento da denúncia, ainda em outubro do ano passado, mas o CD da FPF exigiu, em resposta, a «inquirição dos demais membros do Conselho de Administração da Boavista SAD», pela CI da Liga, bem como perceber, junto do Ministério Público, «se foi instaurado algum inquérito criminal e se no mesmo foi realizada alguma recolha de prova, especialmente que afira da autenticidade do vídeo em questão, ou, pelo menos, que do mesmo se consiga aferir a data da captação das referidas imagens».
Em dezembro de 2024, o CD da FPF recebeu nova carta «feita por um conjunto de pessoas donde fazem parte trabalhadores, ex trabalhadores, dirigentes, ex Dirigentes e adeptos anónimos do Boavista Futebol Clube», a reforçar as acusações contra Fary Faye.
Foram notificadas diversas pessoas para se averiguar a veracidade das acusações, tendo o processo referente aos alegados actos praticados nos acessos aos balneários do Estádio do Bessa sido arquivado pela «impossibilidade de identificação de qualquer interveniente nos factos denunciados e melhor retratados nos ficheiros vídeo juntos aos autos, cuja autenticidade e fidedignidade, aliás, igualmente se não logrou demonstrar».
O antigo presidente do clube e da SAD boavisteira, Vítor Murta, terá «afirmado, perentoriamente, tratar-se de imagens com mais de 6 anos», ou seja «anteriores ao início do seu mandato como Presidente do clube», de acordo com o relatório final.
As denúncias recebidas pelo CD da FPF apontavam ainda para eventuais irregularidades tributárias atribuídas a Fary Faye e no protocolo entre o clube e a claque, centradas no processo de venda de bilhetes, mas também aqui a decisão passou pelo arquivamento.
«Não foi possível apurar qualquer indício do cometimento de infração disciplinar, mormente de índole fiscal e/ou laboral, por parte do aludido Presidente da Boavista, SAD, nem tão pouco que entre este (ou a referida sociedade desportiva) e a claque do clube tenha sido posta em prática qualquer relação comercial, ou de outra natureza, que não a resultante dos precisos termos do Protocolo de Colaboração outorgado entre a Boavista, SAD e a referida “Associação Panteras Negras”, junto aos autos e devidamente publicado no site da Autoridade de Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD)», contextualiza o CD.