Deixou os AirPods num avião e conseguiu rastreá-los até à casa de um funcionário do aeroporto - TVI

Deixou os AirPods num avião e conseguiu rastreá-los até à casa de um funcionário do aeroporto

  • CNN
  • Julia Buckley
  • 1 abr 2023, 09:00
Deixou os AirPods num avião e conseguiu rastreá-los até à casa de um funcionário do aeroporto. Foto: Alisabeth Hayden

Nós já temos pessoas a localizar as suas malas quando as companhias aéreas não as conseguem encontrar. Agora aqui está algo novo: uma passageira a seguir um objeto que deixou num avião – até à casa de um funcionário do aeroporto

No início de março, Alisabeth Hayden, do estado de Washington nos EUA, separou-se dos seus AirPods – uns auscultadores caros da Apple – enquanto desembarcava de um avião em São Francisco. Ela percebeu rapidamente que eles teriam sido roubados. 

Mas, depois de quase duas semanas, ela conseguiu-os de volta – graças à sua teimosa capacidade de localização. 

Hayden estava a regressar de uma viagem a Tóquio para visitar o marido, que está lá destacado através do exército, quando se separou dos auscultadores. 

Ao desembarcar do avião no Aeroporto Internacional de São Francisco – e um pouco desorientada após um voo de nove horas desde Tóquio – deixou o casaco de ganga no seu assento, na parte de trás do avião. 

“Percebi antes mesmo de sair do avião”, conta. “Eu fui a terceira última pessoa a sair, por isso perguntei ao assistente de bordo se podia ir buscá-lo. Ele disse que não – a lei federal obrigava-me a sair do avião e a aguardar ao lado dele, para onde os carrinhos de bebé são levados. Eu estava cansada, ele disse que mo traria, e eu disse «OK»”. 

Ele realmente trouxe-o – e ela embarcou no seu voo seguinte para Seattle. “Uma criança estava a gritr ao meu lado e eu pensei: «Pelo menos tenho os meus AirPods»”, lembra-se. Pegou no casaco – tinha deixado os dois bolsos do peito abotoados, um com os auriculares, outro com alguns ienes japoneses dentro dele. 

“Os bolsos estavam abertos, e os meus AirPods tinham desaparecido”, diz. 

Em movimento

Ela começou por detetá-los a movimentarem-se dentro do aeroporto. Imagem: Alisabeth Hayden

O avião já tinha descolado para Seattle, mas Hayden utilizou o wi-fi a bordo para localizar os auscultadores utilizando a aplicação "Find My", que rastreia os dispositivos da Apple. Os AirPods apareciam no Aeroporto de São Francisco. 

Depois, ela percebeu que eles estavam a movimentar-se. 

“Sou uma pessoa atenta, e rastreei-os durante todo o caminho de São Francisco até Seattle, guardando capturas de ecrã o tempo todo. Vivo a uma hora de Seattle, e assim que cheguei a casa, ainda estava a fazer capturas de ecrã”, diz. 

Por esta altura, os AirPods estavam a aparecer num local no mapa chamado "United Cargo" – ainda dentro do aeroporto, mas na zona de mercadorias da companhia aérea, portanto não era onde um passageiro provavelmente estaria. 

Depois, eles foram para o Terminal 2. E depois para o Terminal 3. Mais tarde, seguiram para a auto-estrada 101, em direcção a sul, a San Mateo. Acabaram no que parecia ser uma morada residencial na Bay Area, e lá permaneceram durante três dias. 

Claro que os gadgets de todos são preciosos, mas os AirPods de Hayden têm uma importância particular – são a ligação dela com o marido, que a liga do seu destacamento numa ligação tão má que ela precisa deles para o ouvir. 

Desde o momento em que se apercebeu que eles tinham desaparecido, Hayden começou logo a tentar recuperá-los. Enviou mensagens à United e à aeroporto logo no avião, depois tentou a polícia de São Francisco, de Hayward (onde a aplicação os localizava), e a do próprio aeroporto. 

Ela descobriu o endereço eletrónico dos funcionários da United, e "bombardeou" todos os executivos que conseguiu encontrar, em todo o mundo. “Eu bati a todas as portas que consegui encontrar, usei todas as formas possíveis de comunicação, e obtive a mesma resposta: «lamento que isso lhe tenha acontecido»”, diz. 

Entretanto, diz, marcou os AirPods como “perdidos” na aplicação, para que quem os usasse ouvisse uma mensagem dizendo-lhe que eram dela, e dando-lhe o seu número de telefone. 

A United, diz, foi "piedosa" nas comunicações com ela. 

“Primeiro, disseram: «lamento que tenha perdido os seus pertences no nosso voo». Eu disse: «não os perdi, foi-me negada a possibilidade de recuperar o meu casaco por um empregado... e agora os meus AirPods de 250 dólares estão desaparecidos»”.

Os AirPods foram depois localizados numa residência na zona de Bay Area. Imagem: Alisabeth Hayden

A pessoa que a ajudou? Um detetive da polícia de San Mateo, a trabalhar no aeroporto. 

Ele identificou o endereço a partir do qual os auriculares estavam a enviar sinal como sendo a morada de um funcionário do aeroporto – um colaborador que trabalhava a abastecer com comida os aviões. 

A United esclareceria mais tarde Hayden, num e-mail, que ele “não era um funcionário da United, mas um fornecedor”. 

Ela agora diz: “não posso fazer quaisquer suposições, mas o que sei é que eles estavam no bolso quando me levantei, não me foi permitido voltar ao meu lugar, e quando o comissário de bordo me trouxe [o casaco] eles não estavam lá - e quando vi a localização deles, estavam na casa de um empregado”. 

A United confirmou à CNN que o empregado trabalha para um fornecedor, e disse que o assunto tinha sido entregue às autoridades. 

E, acrescentou, no comunicado: “a United Airlines exige aos fornecedores as melhores práticas e estamos a trabalhar com as autoridades locais na investigação deste assunto”. 

“Eles parecem ter sido pisados”

Alisabeth Hayden viaja com frequência para se encontrar com o marido onde ele estiver destacado. Foto: Alisabeth Hayden

Hayden diz que o detetive lhe disse que “a informação tinha sido dada à United Cargo, e eles iam chamar a pessoa para o escritório e interrogá-la”. 

“Durante os dias seguintes, estive a observar os meus AirPods na casa deste homem. Eles deveriam ter-se desligado, porque eu não os tinha carregado antes da minha viagem, mas continuava a receber uma notificação de que tinham sido «localizados» [pela aplicação] – o que significava que alguém tinha ligado o seu iPhone aos AirPods”. 

Alguns dias mais tarde, o detetive telefonou-lhe novamente para dizer que o funcionário tinha sido interrogado. Ele tinha negado ter os AirPods, até lhe terem sido mostradas as imagens do rastreio na sua casa – e nessa altura disse que lhe tinham sido dados por um dos empregados de limpeza dos aviões. Essa pessoa negou qualquer conhecimento da situação. 

O assunto está agora a ser tratado pelo Departamento de Polícia do Aeroporto de São Francisco, que planeia submeter o caso à Procuradoria Distrital de San Mateo, um porta-voz do Condado de San Mateo confirmou à CNN. 

Depois de 12 dias atrás dos auscultadores, Hayden conseguiu finalmente os seus AirPods de volta – embora não em perfeitas condições. “Eles parecem ter sido pisados”, diz. “Foram embrulhados num pedaço de plástico de bolhas do tamanho de papel higiénico. Porque é que se deram ao trabalho?” 

Quando ela alertou a United sobre o estado deles, diz, foi-lhe dito para deixar o feedback num formulário de contacto na página deles. Uma semana depois, e após a CNN ter contactado pela primeira vez a companhia aérea sobre este caso, Hayden foi informada de que receberia 271,91 dólares em "despesas" (para comprar um novo par) mais 5.000 milhas como pedido de desculpas. 

"Não devia ser preciso explicar para alguém se preocupar"

Mesmo longe dos auscultadores, Hayden recebia notificações sobre a sua localização. Imagem: Alisabeth Hayden

Hayden - que também viaja sempre com um AirTag na bagagem - diz que adoraria ser o último caso de alegado roubo num avião. 

"Sou persistente – mas e as pessoas que não têm tempo, ou que desistem? A quantas pessoas será dito: "deixaste-os para trás, o que é que esperavas?", pergunta. 

Ela diz que o detetive que a ajudou foi “fantástico”. 

Entretanto, com os AirPods de volta, ela já pode voltar a falar com o marido. 

"Eles podem parecer apenas uns AirPods para pessoas normais, mas são a minha linha de comunicação com o meu marido e isso tem uma importância algo diferente para mim", diz. 

"Só que não devia ser preciso explicar isto para alguém se importar."

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