O Papa Emérito Bento XVI não atuou em quatro casos de abuso infantil, segundo uma investigação alemã da Igreja Católica, conhecida nesta quinta-feira, avança a agência noticiosa France Presse.
“Num total de quatro casos, chegamos à conclusão de que o então arcebispo, cardeal Ratzinger, pode ser acusado de má conduta”, disse um dos autores dos relatório, Martin Pusch.
Os casos remontam ao período em que Josef Ratzinger era arcebispo de Munique, posição que ocupou entre 1977 e 1982, e envolvem um conhecido padre pedófilo, Peter Hullerman, que foi transferido de Essen para Munique, depois de ter sido acusado de abusar sexualmente de um rapaz de 11 anos. Apesar da acusação, o padre continuou a assumir tarefas pastorais, mas em 1986, quando Ratzinger chegou ao Vaticano, foi condenado com pena suspensa por molestar mais crianças. Mas mesmo depois desta condenação continuou a trabalhar com crianças, sendo este um dos casos usados como mau exemplo da inércia da Igreja perante os abusos de menores.
Bento XVI, atualmente com 94 anos, negou as acusações num testemunho com 82 páginas. "O Papa Emérito leva muito a sério o destino das vítimas de abusos e é totalmente a favor da publicação do relatório de Munique, disse um porta-voz, ainda antes de as conclusões terem sido reveladas.
O relatório, pedido pelo arcebispado bávaro, foi dirigido pela firma de advogados Westpfahl Spilker Wastl (WSW), que nos últimos dois anos analisou como os casos de abuso foram geridos pela arquidiocese de Munique e Freising entre 1945 e 2019.